Tempo de vida?

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-Filha...-Minha mãe chama, enquanto entra ao quarto.

-Oi mãe, entre!-Falo me sentando na cama.

-Temos que conversar! -Fala seria, ela fecha a porta e senta nos pés da cama.

-Pode falar, sou toda ouvidos! -Digo pegando em suas mãos, ela parecia tensa e eu queria que isso não estivesse acontecendo, quero ela bem sem preocupações.

-Anemia é uma coisa grave, pode causar até a morte, e você sabe que eu quero você bem, vou ter que conversar com sua mãe biológica!

-Não mãe por favor! -Começo a chorar, se ela contasse pra minha mãe de Florianópolis, é capaz dela vim me buscar e eu não quero ir.

-Amanhã vamos em um médico particular, ele não é bem um médico mas é o dono de uma das melhores farmácias, ele é meu amigo então iremos nele!

-Tudo bem!-Digo me deitando e limpando as lágrimas.

-Só quero seu bem meu amor!-Fala beijando minha testa, depois ela sai me deixando sozinha.

E agora? Não quero me aproximar da minha mãe biológica, ela me traz dores do passado, a cada vez que lembro me sinto pior.

Pego meu celular e volto a chorar, o meu novo amigo virtual estava online, sem ninguém pra desabafar começo a conversar com ele.

Desabafo, digo tudo que estou sentindo e a dor que carrego no meu peito nesses 13 anos, ele parecia entender tudo muito bem, e até me deu conselhos.

Só que me despedir dele, avisando que iria dá uma fugida pra espairecer, eu precisa apenas de um tempo.

Mas não foi possível, minha mãe trancou tudo e seria impossível abri, sem que ela não visse.

Então voltei pra cama e dormir, mas em meus sonhos eu pensava nos meus piores pesadelos, e um deles era ir morar em Florianópolis.

...

Já são 07:00 eu estava arrumada pra ir nessa farmácia, ela disse que ele tem um consultório lá dentro, decidir que pra não perder a escola vou entrar no segundo horário.

Chegamos lá e o médico começou a fazer umas pergunta e tal... Ele mandou esperamos pelo resultado de um exame.

Disse também que sairia hoje mesmo, então poderíamos sentar e esperar e assim fizemos, ficamos conversando e rindo enquanto não chegava.

As horas se passaram e finalmente chegou o resultado, me levanto com a mamis e o médico nos olha de forma triste.

-Por que está olhando assim?-Pergunto estranhado aquilo.

-Quero falar primeiro com sua mãe, depois conversamos juntos ok?-Ele fala e eu concordo.

Eles entram dentro da sala, e eu pego meu celular e ligo o wi-fi tinha uma rede aberta, escuto um choro e vou até a porta da sala.

-Calma você tem que está bem relaxada, quando for avisar que ela tem apenas 3 meses de vida!-Ele fala e abraça minha mãe.

Sai correndo na mesma hora que eu ouvi, como assim eu tenho apenas 3 meses de vida? Não pode ser.

Vou pra uma velha praça abandonada, onde não tinha ninguém e me sentei naquele balanço, que estava quase quebrando.

Era impossível não chorar, as lágrimas desciam e eu não tinha controle delas, mas acabei não me importando tanto com isso, afinal não tinha ninguém pra mim ver nesse estado.

-Helena Vitória? -Escuto uma voz familiar, era quem eu menos queria.

-Arthur o que faz aqui?-Pergunto tentando limpa meu rosto, mas ele já tinha visto não tinha o que esconder.

-Eu que te pergunto, meu lugar é aqui, mas o que aconteceu? Helena eu não quero seu mau!

-Agora tanto faz!-Digo e começo a contar tudo, ultimamente eu estava assim contando minha vida a todos, estou me sentindo um livro aberto.

-Calma amor!-Ele fala baixo me abraçando, foi tão baixo que eu quase não escutei.

-Você me chamou de que?-Falo com os olhos arregalados.

-Nada, só mandei ficar calma!-Diz me abraçando.

-Arthur eu vou morrer cara!-Digo abraçando ele forte.

-Vai ficar tudo bem! -Ele levanta e eu fico encarando ele, sem entender.

-Já vai?-Pergunto.

-Claro que não, vem dançar!-Ele estende a mão e eu nego com a cabeça, ele ri e eu continuo seria.

-Não vou dançar! -Falo embrunada, logo em seguida reviro os olhos.

-Por que?

-Eu não sei dançar! -Digo envergonhada.

-Te ensino! -Fala sorrindo, dei de ombros e acabei me levantando, ele botou uma música no celular e começamos lentamente a dançar.

Aos poucos eu entrava nos eixos, e eu estava começando a relaxar quando seu celular toca, eu acabo ficando nervosa e piso em meu pé.

-Eu avisei ta doendo eu disse você não me ouviu e ...-Eu estava falando tão rápido, que nem dei um tempo pra mim respirar.

-Helena para, não é o fim do mundo por isso! -Ele fala me dando um abraço, em seguida olha quem está ligando e bufa.

-O que aconteceu? -Pergunto preocupada.

-Eu tenho que ir Helena, vamos eu te levo na sua casa!-Diz ele pegando sua mochila, que eu nem ao menos tinha visto que estava ali.

-Tudo bem, minha mãe deve está muito preocupada comigo! -Falo e vamos andando, o caminho foi engraçado e eu acabei me distraindo.

Consequências de um suicídioOnde histórias criam vida. Descubra agora