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A única coisa que eu queria naquele momento era deitar na minha cama e dormir pelo restante do dia, mas graças aos nossos costumes americanos, eu ainda tinha um almoço para participar. Durante todo o enterro eram apenas lágrimas e abraços, mas quando íamos para a casa recepcionar os as pessoas, era como se o modo fofoca e destilação de veneno fosse ligado. Já conseguia ouvir os parentes perguntando sobre minha vida em Los Angeles, se eu tinha planos de voltar para Seattle, dentre outras coisas mais.

Olhei para o lado oposto da sala e vi Katherine abraçada com minha mãe, consolando-a pela perda do marido. Minha mãe parecia estar muito bem, talvez ela realmente estivesse bem agora que meu pai tinha finalmente morrido e não iria mais sofrer em uma cama de hospital.

Nós todos já sabíamos que uma hora isso iria acontecer. Ele pediu que a quimioterapia fosse interrompida, pois sabia que aquilo tudo não iria curá-lo do câncer e era pior para ele. Meu pai nos alertou no dia em que foi interrompido o tratamento. Ele disse que iria morrer e que era para nos prepararmos para isso e sempre lembrar dos momentos bons ao seu lado, e não das vezes em que algum de nós tivemos de limpá-lo porque ele não conseguiu chegar até o banheiro. Se meu pai não tivesse feito isso, a essa hora tanto minha mãe quanto eu e meus irmãos estaríamos chorando do mesmo jeito que nossos parentes e amigos da família estavam.

- Como estão as coisas? – meu irmão Alfie me deu um tapinha no ombro.

- Bem. – falei confuso.

- Hum. – ele murmurou – E o que é isso? – ele apontou o corte em minha testa.

- Nada demais. – dei de ombros e ele ficou me analisando.

Eu não ia contar para ele que Katherine tinha jogado um prato em mim na noite anterior. Minha família gostava muito dela para sequer pensar na hipótese de que ela tinha feito aquilo, apesar de que se eles acreditassem, a primeira coisa que fariam era ficar do lado dela e dizer que aquilo era minha culpa.

Nós dois estávamos juntos a quase sete anos, mas apenas cinco em um relacionamento totalmente sério que consistia em morarmos juntos em um apartamento em Los Angeles que agora mais parecia nosso inferno particular como ela mesma dizia.

Estava ficando tão cansado de todo aquele papo furado com parentes que eu não via desde a infância, que podia sentir que ia começar a ser um idiota com qualquer um que aparecesse na minha frente.

- Tio Finn. – minha sobrinha Louise apareceu com seu cachos loiros balançando.

- Ei, baixinha. – peguei-a no colo e coloquei seus cabelos para trás – Você cresceu.

- Sim. – ela assentiu animada – Já tenho seis anos. A mamãe falou que agora vou crescer bastante.

- Você vai ficar quase do meu tamanho e do tio Alfie.

- Promete? – ela me olhou com seus olhos verdes brilhando.

- Prometo. – dei um beijo em sua testa – Você vai ficar linda igual a tia Kate. Quem sabe até mais que ela.

- Daqui dez anos a gente vê. – ela riu.

Coloquei-a no colo e ela correu até Katherine. Ela se abaixou para conversarem e Kate olhou para mim com um sorriso de lado. Me senti vitorioso em vê-la sorrir para mim pela primeira vez em uma semana.

Depois de muitas horas de conversa fiada, as únicas pessoas restantes na casa eram meus irmãos com suas mulheres e seus filhos. Minhas cunhadas foram ajudar minha mãe e Katherine a arrumar as coisas, enquanto fiquei sentado com meus irmãos na sala vendo as crianças brincar.

Where I Leave YouOnde histórias criam vida. Descubra agora