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Passei em um restaurante japonês assim que sai do trabalho e comprei várias coisas que Kate adorava, na esperança de deixa-la feliz. Eu ia tentar o meu máximo para fazer desses dias restante os melhores de nossa vida.

Aproveitei para passar em uma floricultura perto de casa e comprar algumas flores para ela, e eu ficava mais ansioso a medida que ia chegando em nosso apartamento.

- Kate. – chamei-a assim que abri a porta.

- Oi. – ela saiu do nosso quarto com uma caixa.

Olhei pela sala e encontrei várias outras coisas pelo lugar. Ela pelo visto já tinha arrumado todas as suas coisas para adiantar o processo de sumir da minha vida.

- O que é isso? – ela caminhou até mim com um sorriso no rosto – Comida japonesa e.... flores. – ela disse me olhou surpresa.

- Porque você já arrumou tudo? Você não foi trabalhar hoje? – questionei e ela apenas mordeu o lábio.

- Eu não queria deixar de última hora. – ela disse sem graça.

- Você poderia ter esperado, eu ia te ajudar.

- Não queria te forçar a me ajudar com a minha mudança, Finn, isso ia te deixar magoado.

- Eu já estou magoado desde quando descobri sobre essa droga de Nova York, Katherine, não tem como eu me magoar mais que isso. – gritei.

Coloquei as sacolas com a comida em cima do balcão da cozinha e joguei o buquê de flores no lixo. Pelo visto a tentativa dela de fazer desses dias melhores do que os outros tinha ido por água abaixo.

Eu não tinha motivo para ficar tão irritado daquele jeito porque ela decidiu arrumar todas as suas coisas antes, mas talvez minha irritação fosse porque ver todas aquelas caixas com coisas dela era a confirmação que eu precisava para ter certeza de que Katherine Waterhouse estava indo embora não só da minha casa como também da minha vida.

Fiquei horas no banheiro chorando feito uma criança. Chorei pelo meu pai, por Kate, pelas coisas que eu podia ter feito pelo nosso relacionamento e não fiz, e por qualquer outra coisa que fosse minha culpa.

Kate bateu na porta algumas vezes pedindo para conversarmos, mas apenas ignorei seus chamados. Eu não estava nem aí se ela começasse a pensar que eu tinha me matado no banho.

Quando sai, encontrei ela sentada na cama conversando com alguém no celular. Uma parte imbecil de mim dizia que ela poderia estar conversando com o babaca do chefe dela sobre quão ansiosa ela estava para ir para Nova York, mas vê-la chorando no telefone calou essa parte.

Eu queria abraça-la e dizer que sentia muito por ter sido um idiota com ela, mas eu não consegui. Apenas me troquei de roupa e peguei um travesseiro e coberta para que eu pudesse dormir no sofá. Pude sentir seu olhar sobre mim enquanto ela sussurrava no telefone, e lutei internamente para não correr até ela.

A comida ainda estava intacta no balcão e do lado estavam as flores em um vaso com água. Elas seriam a contagem do fim dos meus dias.

A medida que a partida de Kate se aproximava, as flores iam murchando e mais distante nós ficávamos. Nos dois primeiros dias nós nos limitamos à 'bom dia' e 'fiz ovos para o café', mas depois passamos a nos ignorar.

Quando cheguei em casa no penúltimo dia de Kate, encontrei ela e algumas amigas do trabalho na sala rindo e tomando vinho. Vi algumas caixas de pizza em cima da mesa de centro e quatro garrafas de vinho. Todas elas pararam de fazer o que estavam fazendo assim que entrei no apartamento e ficaram esperando que eu sumisse da sala para voltarem a conversar.

Where I Leave YouOnde histórias criam vida. Descubra agora