A primeira vítima

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No lugar chamado "Extração" ou Curralinho, três mi-neradores humildes trabalhavam pelo mesmo processo antigo de "canoas" usado no século XVIII. Chegou um caminhão e despejou o cascalho.Havia um ripado, uma espécie de pequeno dique, represando a água que vinha de uma vertente vizinha. Retirado o tapume, começou a "fervura", isto é, a queda-d'água de
cerca de um metro de altura, e que, numa
primeira apuração, natural, foi lavando o
cascalho que estava embaixo, e separando
os satélites e os diamantes. Os mineradores
se puseram a pular com força em cima
desse cascalho, para "desengomá-lo", isto
é, separá-lo da areia inútil. O material
"desengomado" foi sendo atirado a um
monte a que chamavam de "Esmeril".
— Acho que apanhei uma gripe — disse um deles.
— Eu cá também não to lá muito bão — falou o outro.
No dia seguinte dois dos
mineradores faltaram. Ficou apenas o mais
idoso e experiente. À hora do almoço, um
deles, melhorando da gripe que o retivera
em casa, resolveu trabalhar. Encontrou o
"Esmeril" remexido, e o velho caído no chão, morto. Colapso? Assassinato? Não havia vestígio de tiro, nem de facada. Apenas um levíssimo sinal na testa, um ligeiro chamuscado. . . Horas depois, o Serviço de Medicina
Legal constatou que, por razão ignorada, havia sido destruído importante centro vital do
cérebro do minerador, por arma e sistema totalmente desconhecidos. E a palavra Spharion, como se fosse marca, havia sido desenhada em tinta azul no rosto do morto. Logo abaixo as letras FF. Mas quase ninguém deu importância a esse detalhe, a não ser a polícia.

SpharionOnde histórias criam vida. Descubra agora