Prova do cuidado de Deus

MEMORIES OF MY FAMILY

Acordei num pulo, lembrando que visitaria mamãe hoje. Desci as escadas correndo dando bom dia à todos, tomei meu café rapidamente e fui direto para o banheiro. 

Enquanto a água jorrava sobre meu corpo, fechei meus olhos e imaginei o quanto seria bom ver minha mãe novamente, e também seria ruim, ao ver ela e me lembrar de tudo o que aconteceu, todo aquele sangue no chão, ruídos de tiros, aquela confusão. Não tinha percebido que uma lágrima tinha escorrido pelo meu rosto e depois dela, vieram várias.

*Flashback on*

- Eu me cansei disso, Robert! Olha o seu estado! Você era um homem de coração tão puro. Um homem bom. Com toda certeza desse mundo a criança que você era nunca se orgulharia do que você se tornou hoje!

- Me deixa em paz! A vida é minha e dela cuido eu! Eu ainda sou um homem bom, beber um pouco não faz mau à ninguém.

Eu estava na sala vendo tudo, o olhar triste, porém firme que só minha mãe tinha. A expressão de durão e bêbado do meu pai.

- Eu só queria saber o que você faz nos bares depois de beber todas, você tem uma família! Uma esposa e uma filha que te ama muito e você tem que agradecer muito a Deus por isso porque muitas pessoas sonham em ter, mas Deus te privilegiou. E olha o que você está se tornando. - ela deu uma pausa. - Tenho fé que um dia você vai dá muito orgulho pra Helena.

Papai me dava muito orgulho, era prestativo e amava eu e minha mãe. Mas era só ele começar a beber que tudo mudava. Ele ficava agressivo, e mamãe sempre me dizia pra se afastar dele nesses momentos. Porém ele nunca chegou ao ponto de bater nela, o culpado era ele.

- Menos Louise! Não precisa dar sermão. Não sou obrigado a ficar te ouvindo. - Papai aumentou o tom de voz, e comecei a me desesperar.

Papai entrou e subiu as escadas, seus passos firmes que me amedrontavam. Papai do céu, abençoa minha família, amém.

Mamãe sentou ao meu lado, limpou o rosto e olhou pra televisão. Ela estava tão cansada e triste e eu podia sentir. Me deu um abraço inesperado e começou a chorar.

- Ainda bem que eu tenho você minha filha.

- E o papai, mamãe?

- Eu amo muito o seu pai, mas as vezes parece que sou um nada pra ele.

*Flashback off*

Eu não sabia o que fazer, era tão nova e não tinha noção da seriedade de tudo o que estava acontecendo. Não sabia que essas discussões pós-bebida do meu pai levaria a tudo isso. Eu deveria ter conversado com ele, deveria ter dito pra ele parar com tudo aquilo, por mim. Mas agora já é tarde, não pude dar o último adeus muito menos um abraço no homem da minha vida. Quando tudo isso acabar e eu voltar pra casa, será só eu e minha mãe. Não vou ter mais aquele beijinho de boa noite, não vou ouvir aquela risada boba novamente, e também nunca mais ouvirei aquela voz incomparável, que só ele tinha. Apenas em sonhos ou pensamentos.