Eram os últimos dias de inverno e as manhãs soavam mais amenas. Os pássaros e as flores começavam a aparecer cuidadosamente por entre os galhos e os jardins. Tudo estava rumando positivamente em perfeita harmonia, mas o inferno astral corroía Harry a todo momento.
Nas primeiras horas daquele dia a família se reunira como de costume para o café. Thobias e Gemma davam os últimos goles nos cafés e Anne analisava o marido e o filho. Robbin fitava Harry deixando o garoto amedrontado. Ningúem proferira nenhuma palavra até então.Thomas chegou cautelosamente e quebrou aquele clima.
-Dr. Robbin, o carro acabou de chegar da oficina, deu tudo certo. O sujeito que trouxe me disse...
-Tá certo Thobias, obrigado!! Agora saia e espere os garotos no carro. - O pai interrompera o motorista asperamente e voltou a encarrar o primogênito. Aquele momento parecia intragável.
-Harry, temos que conversar. - Falou Robbin, dando o último gole no café e mexendo no colarinho cinza. -Termine o café e venha até minha sala.
Harry olhou fixamente para Anne parecendo estar petrificado na cadeira. A conversa seria acalorada. As coisas seriam esclarecidas, pelo menos aparentava. O jovem não pretendia se acertar com o pai, mas queria falar a sós com ele. Algum fim teria aquilo tudo.A sala de Robbin na mansão era pequena. As estantes com os livros da faculdade e de gêneros da literatura complementavam o cenário. A mesa do médico bem asseada e brilhando como sempre.
Robbin arrumou algumas anotações e ficou em dúvida se sentava na cadeira ou não. Preferiu ficar em pé. Olhou Harry e entendeu que ele sentia certo medo do que ouviria do pai.
-Ouça bem, não quero você incomodando mais sua mãe, deixa ela em paz. Tem tanta coisa para ela se preocupar e - Baixou o tom da voz. -Sua mãe não precisa de mais um problema.
-Por quê? Quantos ela tem? - Harry alfinetou o pai com uma coragem que o homem se resignou.
-Harry por favor. Estou pedindo numa boa.
-Eu também. Eu sei que há alguma coisa fora do normal nessa casa. Eu ainda vou saber o que minha mãe esconde sobre você. - Fora direto ao ponto que queria chegar.
-Eu não quero brigar. Eu já disse, não tem o que descobrir.
-Não vou desistir. Não mesmo. - Harry queria encerrar o assunto.
-Se é para você agir assim, com essa imbecilidade, então é melhor você sair dessa casa, afinal já tem 18 anos.
- É isso que você sempre esperou né? Pois então vai ter. - O garoto já imaginara algo assim que nem se surpreendeu.
Os dois saíram dali e Harry pediu para falar com Anne. A mulher não aceitava a situação e tentou convencer o filho a considerar as palavras de Robbin. Não adiantou. O rapaz já se decidira a partir e até sabia para quem recorrer. Tio Morgan acolheria o sobrinho sempre que ele precisasse. Essa era a hora.
Assim como Anne, Thobias e Gemma não aprovavam a atitude de Harry, queriam o irmão por perto, mesmo com todos os desentendimentos, eles o amavam muito.
Anne se aproximou do filho e o indagou:
-Você sabe pelo menos pra onde vai?
-Sim, sei muito bem. Tem pessoas que realmente se importam comigo -Harry se referira ao descaso do pai.
-Eu te amo meu filho, fique por mim. Fique por favor. - Anne estava quase às lágrimas.
-Não é por você, saiba disso. - Se aproximando da mãe e lhe dando um beijo na testa.As malas estariam prontas até o meio dia e Thomas o levaria para a casa de Morgan na periferia de Los Angeles.
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Cruel Doubts
Teen FictionHarry é um rapaz como qualquer outro aos 18 anos. Destemido e capaz de enfrentar todos ao seu redor. Sua curiosidade o levará a descobrir um triste segredo da família. O rapaz terá a missão de salvar os pais de uma perigosa perseguição. Ele contará...