"Nathan!"
Ouço um grito, mas ele parece tão distante. De repente tudo ficou escuro, está difícil respirar. Começo a me desesperar, minha garganta parece travar e não sei o que fazer. Será que eu finalmente morri?
"Nathan! Por favor, volte para mim!"
Espera, eu reconheço essa voz. Acalme-se.
"Ah, Nathan, porque você é tão teimoso?"
Hannah! É a Hannah! Eu preciso vê-la. Vamos lá, abra os olhos! Concentre-se. Eu não consigo mais me ver, provavelmente já voltei para o meu corpo, e estou por um fio. Pelo menos já sei que não fui parar em um necrotério.
Será que se eu abrir os olhos ela irá me beijar? Ou eu devo apenas sussurar o nome da minha amada? Qual seria mais romântico? Ah, o que estou pensando! Preciso tentar alguma coisa.
"Nathan, eu te juro que se você não acordar agora, eu... Eu vou..."
Não ouço o final, suas palavras se perdem em meio ao seu choro. E me sinto culpado por fazê-la sofrer.
— Ha-hannah... — Abro os olhos e a mesma luz branca que eu havia visto momentos atrás me atinge, deixando minha visão turva por um instante.
Acho que falei tão baixo que ela não me ouviu. Percebo que Hannah segura a minha mão, faço um esforço para apertá-la. Ela levanta a cabeça como se não tivesse acreditando. Seus olhos grandes estão vermelhos de tanto chorar, mas há um toque de felicidade neles.
— Nathan... — sussura. Um sorriso genuíno surge em seus lábios, como se ela não pudesse ser mais feliz.
— Oi... — sorrio também, e posso sentir as lágrimas descendo pelas minhas bochechas.
Ela volta a chorar, porém ri ao mesmo tempo. Sou pego de surpresa quando ela me beija. Ah, como eu esperei por esse momento. Hannah tem os lábios mais macios e doces do mundo, eu não quero que acabe nunca.
— Ah, Nathan, eu te odeio, seu idiota!
E enquanto ela me abraça, eu acaricio seus cabelos ondulados, me sentindo finalmente completo. E pronto para fazer um novo filme ao lado dela.
— Eu sei, Hannah... Eu sempre soube.
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Você Se Lembra?
القصة القصيرةDizem que quando você está a beira da morte sua vida inteira passa por você como um filme. No meu caso foi só a infância. Melhor ranking: #64 em Conto 03/10/2016 ××× Conto escrito para o #DM03 do Desafio em Letras. Quantidade de palavras: 1,678