Capítulo 02

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— Onde estamos indo? — pergunto ofegante.

— Você já ouviu falar que você precisa ver um filme antes de morrer?

Suspiro, eu não quero ver um filme, mas não tenho escolha. O pequeno eu sou minha única opção. Passo a mão pela minha testa para tirar o suor. Essa coisa de ter dois de mim está me deixando muito confuso. Porque não apareceu uma ceifadora bonita ou algo assim? Mas não, me mandaram eu criança.

— Olhe.

A nossa frente está uma casa azul clara. Com um gramado verde e bem cuidado. Duas crianças correm, tentando pegar uma borboleta. Reconheço as risadas, sou eu e a Hannah. Devíamos ter pouco mais que cinco anos. Uma saudade me preenche, e eu desejo poder voltar a essa época, em que tudo era tão simples. A felicidade vinha em um simples gesto como correr atrás de insetos.

— Nathan e Hannah são namoradinhos! Namoradinhos! — ele canta, e eu simplesmente dou risada.

— Você é impossível garoto!

— Você é impossível... velhote!

— Pois saiba que eu só tenho vinte anos! E se sou velho, você também é...

— Você ficou tão chato, Nathan. Me coloca no chão, não podemos parar tanto.

Faço o que ele pede. E o sigo até uma  próxima casa. Dessa vez ela é amarela. A casa da Hannah. Está a noite e vejo nós dois deitados no teto. Se me lembro bem eu estou com oito anos e fugi para a casa da minha amiga. Ela gostava de olhar as estrelas, mas tinha medo de ficar sozinha, então, aproveitando a oportunidade para ficar perto dela, fui fazer companhia.

— Você não larga ela... — ele diz, cruzando os bracinhos e fechando a cara.

— Tá com ciúme? Saiba que isso é bastante contraditório.

— O que é contra... contradilotrio?

— Contraditório — seguro a risada —, é quando você sente ciúme de você mesmo. Não faz sentido.

Ele me olha, pensando, tentando entender minha explicação. Percebo que ele provavelmente não irá entender mesmo, então bagunço seu cabelo marrom. Ambos caímos na risada e ele segura a minha mão, me chamando para a próxima parte do meu "filme".

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