Na Hye Mi consultou o relógio do seu celular preocupada. O evento já estava para terminar quando o diretor apareceu para dar as congratulações aos vencedores do concurso. Se ele estava ali, então siginificava que Elisa deveria estar por algum lugar... A garota olhou para trás, procurando entre as pessoas a figura feminina da amiga, sem sucesso. Olhou novamente para o celular, mas não tinha nenhuma mensagem ou ligação de Elisa. Hye Mi lembrava perfeitamente de ter dito para a garota ligar para ela quando saísse de sua pequena reunião com o diretor. “O que será que aconteceu?!”, questionou-se preocupada.
Tirada de transe devido às palmas incessantes vindas da platéia do auditório, Hye Mi caminhou por entre as demais pessoas, rumando em direção à saída. Pegou seu aparelho moderno e procurou o nome de Elisa na agenda. “Aish...estou enlouquecendo”, sussurrou enquanto esperava que a garota atendesse o seu telefonema.
- Alô? – Na Hye Mi ouviu a voz de Elisa soar distante e fraca do outro lado da linha. Instantaneamente, sua preocupação aumentou, sentindo o coração apertar. Como poderia ter se apegado tão rápido à menina brasileira?!
- Onde você está? – Hye Mi disse, atropelando as palavras. – Qual parte do “Assim que sair da sala do diretor, me liga!” você não entendeu? Eu estou surtando aqui de preocupação!
- Eu estou em frente ao auditório. – Elisa sussurrou, como se não encontrasse a sua voz. Sem mesmo se despedir, Hye Mi desligou o telefone e correu até onde a amiga estaria esperando.
Vista de longe, talvez Elisa se passaria por uma sul-coreana. Sua estatura baixa e os cabelos lisos e escuros seriam facilmente confundidos, se não fosse pelos grandes e expressivos olhos em seu rosto. Na Hye Mi riu de sua própria análise. Se Elisa soubesse que ela definira seus olhos como “grandes e expressivos”, provavelmente ficaria chateada e faria doce, ignorando a amiga até que essa lhe dissesse que faria qualquer coisa para se desculpar. Pois é, isso já tinha acontecido uma vez.
- O que aconteceu? – Hye Mi perguntou, estranhando o quão preocupada ela estava sem necessidade. Talvez não fosse nada grave, já que Elisa mal falava ou fazia qualquer outra coisa além de estudar ali. – Anda, me conta! Eu estou quase morrendo de agonia! – insistiu, vendo uma pálida Elisa procurar palavras em sua mente.
- Eles... eles... – Elisa tentou reorganizar os seus pensamentos. – Eles querem que eu aprenda com eles. – por fim, terminou a frase. Vendo a expressão confusa no rosto de Hye Mi, Elisa tentou novamente se expressar, dessa vez com coerência. – O CEO da SBS... quer que eu aprenda com eles. Tipo um estágio...
- Como?! - Na Hye Mi perguntou confusa. Ela não estava entendendo nada, mas mal sabia ela que Elisa também não estava. – O que você quer dizer?
- Eles me chamaram... digo, o professor Park Chul Min, o diretor e o tal CEO da SBS...que eu não lembro o nome agora... Parece que um trabalho meu foi entregue por engano aos juízes do concurso do estágio da empresa e alguém gostou muito. E agora querem trabalhar comigo, me treinar. Acho que é isso... – completou confusa. Na cabeça de Elisa, nada parecia ter sentido.
- Aigoo, isso é ótimo! E por que você está com essa cara de enterro?! Essa não é a oportunidade da sua vida?! – Toda a preocupação de Hye Mi tinha se esvaído de seu corpo, dando lugar apenas ao alívio por nada de ruim ter acontecido.
- Na verdade, eu acredito que tenha havido algum engano. – Elisa falou. De repente, essa parecia a solução mais lógica que a garota poderia encontrar. – É, acho que foi isso. – disse, na verdade, tentando convencer mais a si mesma do que a amiga.
- E por que seria um engano? Você por acaso não entregou o tal trabalho que eles falaram? - Na Hye Mi indagou e Elisa sussurou “entreguei” como resposta. - Então não tem engano nenhum! Pelo o que eu saiba e você também, na turma de intercambistas você é a única que se chama Elisa!
Definitivamente, Na Hye Mi tinha razão, mas Elisa por algum motivo não conseguia acreditar que aquilo poderia ser verdade. Seu lema era sempre manter os pés no chão em qualquer situação, pois assim a queda seria menor.
- Vamos comemorar! – anunciou Hye Mi e Elisa não pôde evitar rir. Tudo para a coreana era motivo de comemoração. – Acredite em mim. Se você foi escolhida para isso... digo, para esse estágio, mesmo sem ter participado do concurso propositalmente, é porque tinha que ser você. E tudo o que tem a fazer é se mostrar uma brilhante profissional! – ela abraçou a amiga brasileira. - Acredite no seu potencial! Você pode ser incrível!
Por algum motivo que não sabia explicar, Elisa se sentia mais leve. Era incrível o poder de influência que Hye Mi tinha sobre ela. A amiga tinha razão. Tudo o que Elisa precisava era acreditar um pouco mais em si mesma, deixar as coisas acontecerem e não pensar demais nos motivos. Algumas coisas acontecem sem explicação, apenas porque tem de acontecer.
- Komawo. – agradeceu Elisa.
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Seul
Fiksi PenggemarVocê acredita em destino? Ou em coincidências? "Na viagem dos sonhos de Elisa, tudo pode acontecer: desde fazer novas amizades até se decepcionar. No entanto, o que a garota não tem medo é de se arriscar e viver as oportunidades que a vida lhe prop...