Aprendendo a amar.

Capítulo 9

—Crianças é? —Mamãe franze o cenho enquanto pinta as unhas dos pés. Estamos sentados no chão da sala, ela acabou de passar o aspirador de pó —O que a Georgia está fazendo com você é milagroso.

—Concordo. —Apoio a cabeça na parede. Depois do almoço ela me trouxe de volta, conversamos bastante. Sei agora sobre a mãe dela que morreu no parto, dos parentes que são todos de Seattle ou New Hampshire. —Todo mundo precisa de um milagre de vez enquando não é?

Ela sorri parando o pincel do esmalte no ar.

—Eu sempre soube que apareçeria uma garota especial que nem ela na sua vida Cam. Você é um dos garotos mais sensíveis que eu já vi e ela é... Aquilo, aquela luz.

—Então não sou só eu que me sinto feito Ícaro voando para a luz?

—Com certeza não. Olhar pra ela me deixa com saudades de quando eu era jovem. —Mamãe solta um suspiro dramático —Tempos bons aqueles.

Reviro os olhos rindo.

—Gente velha também pode se divertir.

—Gente velha? —Ela me olha séria fechando o esmalte. As unhas estão pintadas de rosa claro perolado. —É tão imaturo falar assim filho, sabe que amanhã é você quem vai ser o velho da história né?

—Sei mas enquanto isso não vem, queria saber se a senhora não quer fazer uma viagem? — Essa é a única surpresa que posso fazer pra Georgia. Leva-la pra sair pareçe banal comparado ao que fizemos até agora. Pode ser uma viagem de dois dias em alguma praia... Quero levar a mamãe pra ela espairecer e com a Georgia ajudando-a quem sabe ela não curte de verdade?  É uma idéia.

Minha mãe me olha desconfiada.

—Viagem?  Só nós dois?

—A Georgia também. —Incluo encolhendo os ombros —Combinamos que o próximo encontro ficaria por minha conta então pensei que podíamos os três viajar e...

—Porque eu devo ir? —Ela me interrompe com uma expressão intrigada —Não faz sentido eu estar indo com vocês querido, posso te ajudar a escolher um hotel mas eu não posso...

—Claro que pode mãe. —Corto-a sério —Quero que vá conosco porque você será nossa missão. Fazê-la se divertir e aproveitar tudo vai ser minha boa ação do ano.

—Isso não é tão altruísta quanto acha que é. —Ela arqueia as sobrancelhas —Diga a verdade, porque quer que eu vá?

—Sinceramente? —Ela assente —Porque quero te tirar do perto do papai e mostrar o quanto podemos ser felizes sem ele.

Ela me observa por uns segundos em silêncio e então responde;

—Quando começamos os preparativos?

                  ***

O plano é escolher um lugar que agrade aos três. Georgia ficou muito animada e quando mencionei minha idéia de fazermos  a mamãe se divertir ela explodiu de euforia.

—Então nós temos que fazer ela curtir cada segundo disso. —Georgia diz do outro lado da linha. Estou deitado na cama com ela no alto-falante. A idéia nasceu hoje mas a colocaremos em prática semana que vem. —Podemos ir na sexta á noite e voltar domigo á noite?

—Nós não sabemos pra onde vamos, esqueçeu?

—Ah é. —Ela geme frustrada —Sua mãe gosta de frio?

—Não muito.

—E você?

—Não muito.