Aprendendo a amar.

Capítulo 12

Dane-se minha paranóia.
Sim. Estou surtando. Maluco da Silva.
Todos os dias das últimas duas semanas eu segui meu pai, gastei meu tempo livre nisso. Adiei a viagem. Ainda não fiz o trabalho semestral. Todos os dias, assim que saio da faculdade pego meu carro, compro comida o suficiente para um dia inteiro e vou pro outro lado da cidade, pro escritório de advocacia, vigia-lo. Se ele sai, eu vou atrás. Não importa a hora ou o que estou perdendo, quero saber porque Evan disse aquilo.

Até agora nada de errado aconteçeu.
Ele sai na hora do almoço, sai as vezes no meio da tarde e vai a um encontro com clientes em lugares públicos... Não vi nada. Nada que justifique o que eu ouvi.

Georgia veio comigo algumas vezes, ficou no banco do passageiro respondendo os trabalhos e reclamando do dr. Sean que a fará ficar em casa apartir de segunda.
Hoje é sexta, faltam 10 dias pro transplante dela e ela tem que se manter saudável e em forma.
Ela também está chateada comigo , mesmo alegando que não, consigo ver que ela queria muito ter feito a viagem pra esqueçer do que está por vir... Gostaria de ter ido mas não posso, não posso me concentrar em nada além do meu pai infiel.
Evan pareçe ter algo contra meu pai, quero descobrir antes... Seja lá o que ele esconda. Quem ele esconda.

Minha mãe acha que estou passando as horas vagas com o treinador Spears, estudando táticas pro time. Pelo que ouvi do Jay , fui substituído por um cara novo do Iowa. Não que eu ligue. Nem ganhava dinheiro ficando lá. Mas ganhava status. É, mas também ganhava status quando namorava a Chloe  , não estou com ela e ainda sou popular. Popularidade não tem importado pra mim. Não mais. Nunca importou Cam. É. Eu fingia por causa da Chloe, tem gente que adora ser o centro das atenções, não é meu caso.

Tiro a jaqueta.

Está quente hoje e logo estando estacionado junto a calçada do prédio e não no estacionamento de funcionários o sol quente paira sobre meu carro. É um desconforto a ser suportado pra estar vigiando alguém.

As portas vaivém do prédio se abrem e meu pai saí, usando o terno habitual e uma maleta de couro na mão. Pareçe mais jovem olhando de longe.

Ele segue andando pela calçada. Sempre saí pela porta da frente porque a vaga permanente dele é uma das primeiras.

Ligo o motor e espero o Saab preto sair. Deixo um táxi passar na minha frente antes de começar a perseguição silenciosa.

Fazer guarda é bem diferente do que se vê na TV. Em 14 dias eu esperava ter encontrado amantes,  família secreta, encontros com criminosos ou algo perigoso mas nada aconteçeu.
A maior emoção foi ver meu pai muito frustrado com uma mulher que matara o marido e queria absolvição alegando TEPT (transtorno de estresse pós-traumático ) sendo que ele nunca lhe tocou num fio de cabelo sem consentimento e ela ofereçeu grana alta para contratar falsos testemunhos -descobri os detalhes no jantar onde ele milagrosamente dividiu fatos da vida no trabalho - mas a cena dos dois eu vi num restaurante, observando ao longe, haviam dois guardas com ela mas não evitaram que ela jogasse vinho na cara do meu pai e gritasse alto o bastante pra Chicago inteira ouvir “VOCÊ NÃO PASSA DE UM CHARLATÃO CARO E INCOPETENTE! ", a expressão dele foi o máximo, queria mata-la porém manteve o sorriso de “Hey, sou incompetente mas não vai achar outro advogado melhor que eu. " e não vai mesmo.
Sei como ele é respeitado no ramo, como também sei que nem sempre é honesto num tribunal. Não sei quanto ele ganha por hora mas deve ser bom... Bom o bastante pra ele ter vendido a própia alma.

O Saab entra na St. Avenida Michigan e ele aumenta a velocidade com o carro ultrapassando a maioria dos mortais.

Reviro os olhos acelerando também.

Ultrapasso um BMW e então estou na cola dele. Bem atrás. Certo. Os meus vidros fumês  me mantém seguro.

Não sei para onde ele possa estar indo. São 16h e 30, ele vai pra casa por volta das 18h  e eu fico dando voltas na quadra esperando tempo o bastante para não desconfiarem de mim.