Eros · dois

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Faziam treze minutos que eu estava sentado na mesinha redonda e pequena do Sweet coffe. A temperatura estava baixa, como no dia anterior. Todos usavam roupas que cobriam até mesmo os olhos - talvez tenha um pouco de hipérbole, mas se não vestiam, desejavam.

Eu vestia uma blusa preta de mangas curtas, com um casaco cinza que ia até a cintura por cima. E para garantir que eu não sentiria frio; havia mais uma jaqueta azul escuro de mangas longas e grossas por cima das peças anteriores. E cobrindo as pernas, uma calça jeans preta quase que colada em minhas coxas.

Eu pedi um café com açúcar acompanhado de alguns biscoitos de leite, enquanto tateava meus dedos longos na mesinha metalizada. Várias pessoas entravam no café, faziam seus pedidos e depois iam embora. Talvez, apenas um pequeno e mínimo talvez, minha ansiedade tenha explodido dentro de minha cabeça e eu tenha chegado cedo demais para encontrá-lo.

Então peguei minha mochila preta da banda Oásis e a coloquei cuidadosamente na mesa, abrindo-a e pegando meu livro do qual eu já deveria ter terminado de ler à semanas.

Abrio-o na página em que eu parara, e comecei a ler:

"Mecanismos de defesa:
Para entender as contribuição de Anna Freud para o conceito de mecanismos de defesa, é preciso, primeiro, dar uma olhada no trabalho de seu pai. Sigmundo Freud descreveu alguns mecanismos de defesa que o ego ultiliza ao lidar com conflitos com o id e o superego. Ele afirmava que uma redução da tensão era uma das principais motivações para a mioria das pessoas e que essa tensão era em grande parte causada pela ansiedade. Além disso, dividiu a ansiedade em três tipos:
1. Ansiedade da realidade: trata-se do medo..."

- Olá? - dou um mini sobresalto ao ouvir uma voz fina ao meu lado. Desvio o olhar do livro, com os olhos esbugalhados em resposta ao breve susto e levo a mão direita até o peito, demonstrando que eu estava assustado.

- Emnomedejesus! - dou um longo suspiro, fechando os olhos e tentando controlar a respiração descompassada.

O garoto sorri baixinho docemente, como da última vez, e desculpa-se preciosamente, fazendo meu coração quase derreter-se por vê -lo a minha frente; com um casaco branco de mangas longas cobrindo completamente suas mãozinhas, e uma calça azul claro na parte de baixo. Suas bochechas estavam vermelhinhas e seus olhos ainda menores do que na última vez que eu o vi, devido ao sorriso presente em seus lábios quase roxos em resposta à baixa temperatura.

Ele parecia ainda mais bonito... ou eu estava reparando demais nos seus pequenos detalhes? Não. Com certeza ele havia ficado mais bonito, mesmo que tenham de passado apenas umas vinte e cinco horas desde que nos vimos noite passada.

- Eu não queria te assustar... - ele fala, com timidez explícita na voz, enquanto erguia sua mão esquerda coberta pelo casaco branco até sua nuca, pousando-a lá.

Observei fielmente o caminho que sua mão fizera até o seu pescoço, e senti-me congelar os pensamentos ao encontrar seus olhos me olhando da mesma forma, com um sorriso vergonhoso nos lábios.

- Tá tudo bem, não importa. - falo simplesmente, não ligando nem um pouco sobre meu coração que ainda batia rapidamente pelo susto de segundos atrás. - Senta! - peço-o, levantando da cadeira onde eu estava e parando a sua frente, sorrindo, e em seguida puxei uma cadeira, dando espaço suficiente para que ele sentasse.

eros; jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora