Rotten

Capitulo 3

Naquela mesma manhã...

Abro meu armário para guardar meus livros e minha prova com um "B" forjado quando vejo Lisa vindo em minha direção no corredor.
- Harleen! Eu estava te procurando! - diz ela abrindo o armário do lado. - Por que demorou tanto para sair da sala?
Fecho meu armário tentando arranjar tempo para uma boa mentira e não percebo quando minha prova cai. Na hora em que tento abaixar para pega-la antes de Lisa, ela vai primeiro.
Merda.
- Você tirou um "B" em literatura? - ela pergunta, claramente surpresa olhando fixamente para a prova.
- Pois é - digo pegando a prova das mãos atrevidas dela e pondo de volta no armário. - Estava precisando mesmo aumentar minhas notas.
Nesse meio tempo olho para o movimento do corredor e noto uma menina, magra, alta e dos cabelos claros olhando fixamente para nós. Nunca a vi por aqui, e ela não para de encarar, mesmo quando nota que também estou olhando.
- Tenho aula agora. - diz Lisa, voltando minha atenção a ela. - Te vejo no treino.
- Ah sim, tudo bem. - digo e logo percebo a menina vindo em minha direção.
Ela chega perto de mim e me olha, de cima a baixo, por alguns segundos antes de começa a falar.
- O-oi. - ela diz meio sem graça. - O seu nome é...
Ela para por um tempo e da uma rápida olhada em um pedaço de papel, como se não se lembrasse, e retorna a falar.
- Harleen Quinzel?
- Hum...Sim. - digo, e observo o jeito com que ela me olha. Surpresa eu diria.
- A sua mãe se chama Catherine? - ela pergunta me olhando fixamente.
Meu coração acelera e me lembro que faz muitos anos que não a vejo. Nem ao menos sei como está. Nem ao menos sei se ainda está viva.
- S-sim... Minha mãe se chama Catherine.
- Eu sabia! - ela quase grita, e eu continuo sem entender. Nunca vi essa menina antes, como sabe disso?
- E pelo menos poderia me dizer quem é você? - pergunto calmamente a ela.
- Meu nome é Mary. - ela da uma pausa e logo continua. - Mary Quinzel. Eu sou sua irmã Harleen.
O meu corpo fica imóvel, sem reação alguma.
Não pode ser.
Como eu posso ter uma irmã que nem sabia que existia?
Isso não faz sentido algum.
Mais nada faz sentido...
Ou talvez faça.

- Minha irmã? - é tudo que consigo dizer.
- Sim. - ela abre um sorriso, e não posso negar que ela tem o sorriso da mamãe.
- Mas como? - pergunto.
Preciso saber de onde ela veio, e se meu pai sabe de sua existência, e principalmente de como me encontrou.
- Vamos para um lugar mais calmo para conversar. - ela diz e começa a andar pelos corredores, e eu a sigo, sem saber direito para onde estou indo. Minha cabeça dói e sinto um aperto no peito.
Entramos na biblioteca e sentamos numa mesa vazia e isolada, perto da janela, onde ninguém possa nos atrapalhar.
Assim que me sento fico parada, apenas observando, esperando que ela começe a falar.
- Bom... - ela fala. - Quer que eu começe por onde?
- Catherine. - digo firmemente. - Onde Catherine está?
Mary para e me encara por algum tempo, em silêncio.
Meu coração para.
E temo o pior.
Mesmo depois de tantos anos sem a ve-la, e depois de ter abandonado a mim e a meu pai ainda me preocupo com ela, afinal, ela é minha mãe.

Minha cabeça dói.