Capítulo 4

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Acordo com o despertador gritando, berrando, me torturando. Levanto meio que dormindo ainda, vou pro banheiro e entro embaixo da água gelada para acordar de vez. Vou para o closet e coloco uma calça preta, um saltinho azul marinho e uma camisa jeans clara. Como rapidamente um sanduíche e bebo um pouco de suco. Enquanto faço isso, algo próximo a porta me chama a atenção. Noto um papel jogado ali, levanto e sigo até ele. 

Um papel totalmente branco, apenas com meu nome escrito. Dou de ombros e abro, franzindo a testa ao ler o que tem dentro.

"Tome cuidado! Seu pai não é quem diz ser. Ele é o verdadeiro vilão, me deixe protegê-la. Entrarei em contato em breve. "

– Affz, que brincadeira de mau gosto. – Esbravejo irritada. – Certeza que é coisa do Josh, ele adora pregar peças. – Deixo o papel sobre o balcão e vou até o notebook, decidida a olhar na câmera e ver se descubro ao certo quem foi. Somente o porteiro que veio até minha porta hoje, então terei de questionar a ele.

Quando pego minha bolsa, observo meu pulso vazio, indicando que minha pulseira sumiu. Eu uso a tanto tempo, que sinto que é parte de mim e não me atento tanto a isso. Tenho de procurar depois com urgência, parece que falta algo em mim agora. Podia ter percebido depois, agora vou ficar com esse sentimento até encontrar ela. E nada pode me atrapalhar por esses dias, nem cartas de mau gosto e menos ainda pulseira sumida. Mesmo que ao acordar eu já tenha sentido algo de diferente, mas não sabia o que era. Definitivamente, é isso.

Me apresso para ir pro trabalho e não chegar atrasada, saio de casa e antes de ir pro carro, passo na portaria.

– Oi, Senhor Jonas. – Lhe dou um sorriso que ele retribui na mesma hora, ele é um senhor muito gentil. Deve estar na faixa dos sessenta anos ou mais, já trabalha aqui há uns vinte anos. – Bom dia, como o senhor está? – Eu gosto bastante desse velhinho fofo.

– Bom dia, mocinha. Estou bem e a senhorita? Deseja algo?

– Estou ótima. – Respondo sua pergunta. – Queria saber quem entregou isso ao senhor? – Mostro a carta que peguei pouco antes de sair.

– Ah, foi um homem. Parou aqui bem cedinho e me entregou. Falou para dar a senhorita, nunca o vi por aqui. – Fala e já descarto os meninos. 

Depois eu vou investigar as câmeras aqui de fora e vejo se conheço, mas não com tanta pressa, pois ele não me ameaçou, quer até me proteger do 'vilão.' Não é algo ao qual preciso dar tanta atenção, policiais estão sempre recebendo bilhetes assim. Meu pai então, tem uma coleção.

– Obrigada mesmo assim, senhor Jonas. – Falo me aproximando para lhe dar um beijo em sua bochecha, como sempre faço, mas antes ele sempre dá um beijo em minha mão.

Quando sua mão toca a minha, algo acontece. Algo que eu já não lembrava mais, um pesadelo que com o passar do tempo, ficou somente em minha imaginação até desaparecer por completo e agora ela voltou. Meus olhos se arregalam de imediato e flashes de memória começam a aparecer para mim.

*Uma menina correndo feliz pelo parque, depois vai abraçar um homem e uma mulher, o homem parece o seu Jonas só que mais novo, eles estão tão felizes que quase posso sentir sua emoção no dia específico.*

O contato é interrompido e a visão acaba. Me afasto totalmente abalada e o velhinho fica sem entender.

– Não, não, isso não.  – Murmuro, me afastando mais ainda dele.

– O que aconteceu? Está tudo bem? – Pergunta tentando chegar mais perto, mas conforme ele se aproxima, eu me afasto.

– Eu preciso ir, obrigada pela informação. Tenha um ótimo dia. – Digo enquanto corro para o estacionamento. Esperando que ele tenha entendido e que não fique chateado.

Degustação - Sequestro do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora