Ficou tarde demais para Filipe ir embora ontem. Então, depois de muita insistência minha, ele acabou dormindo lá em casa. Foi uma correria ao acordar, tomar café e chegar ao departamento na hora certa, mas conseguimos pontualmente. Acabamos dormindo muito tarde, e já prevejo muitas olheiras por esses dias dormindo menos que o normal.
Colocamos o pé no primeiro degrau da escada e somos parados pelo gordinho da portaria que vem até nós. Analisando sua corrida de lá até aqui, certamente meu pai está envolvido, pois iríamos passar por ele. Se não fosse importante, essa corrida, certamente, seria evitada.
– Seu pai mandou vocês dois irem direto para a sala dele. – Ele fala e quando termina, se inclina, apoiando as mãos no joelho. – Agora mesmo.
– Vish, é hoje que morremos. – Olho para o Filipe que está vermelho e de olhos arregalados. Começo a rir da situação. Não sei que medo é esse. Acho que já me acostumei com a fera e meu temor se esvaiu com o tempo.
Chegamos na porta de sua sala, mas antes que possa ter a oportunidade de bater, sua voz se faz presente bem alto. Meu pai tem uma sala em todos os departamentos de polícia, desnecessário, mas ele acha o auge de seu poder. Olho para Filipe antes de entrar, ele está literalmente suando frio e tremendo de medo. Abro a porta e deixo o medroso passar, entrando em seguida.
— Senta.. os dois.. agora. – Fala dando pausas dramáticas e reviro os olhos. Sento em uma cadeira e Filipe ao lado.
– Senhor, nós, nós ... – Ele até tenta falar para se defender, mas é impossível, se tratando de meu pai. Na mente maquiavélica dele, provavelmente tem um cenário criado de forma exagerada. Talvez com chicotes, algemas e afins.
– Quieto, não mandei você falar. – Meu pai fala e me remexo na cadeira para achar a melhor posição.
– Pai, para de deixar ele com medo. Olha como está suando e tremendo. – Digo apoiando o cotovelo na mesa e ele me olha furioso. Apoio a cabeça na palma da mão e pisco inocentemente. – Pai, nós não fizemos sexo. – Falo e ele arregala os olhos.
– Por que ele dormiu lá? – Fala batendo na mesa, levantando da cadeira e indo para janela. Céus, lá vamos nós. Quanto drama.
– Filipe, pode ir. – Falo e ele olha para mim negando com a cabeça.
– Eu não mandei ele sair. – Meu pai fala olhando para nós.
– Mas, eu mandei. – Digo firme e mesmo irritado, consigo ver um brilho de orgulho em seu olhar. – Anda logo, xô. – Quase expulso o homem que parece preso a cadeira.
Meu pai solta um suspiro de derrota enquanto vira novamente para a grande janela. Filipe entende o recado e sai correndo como o bom medroso que é. Me aproximo do meu pai e abraço ele de lado. Olhando também a paisagem. Ele nem se move.
– Pai, eu sei que você quer que eu vire uma santa, para me colocar em um pedestal e para a sua alegria, eu ainda sou virgem. Eeeh! – Levanto as mãos como se tivesse comemorando e consigo ver o homem sorrir. – Senta aí, vou te explicar, mas não fique triste. Acho que vai sofrer mais com isso do que eu. – Ele não entende, mas senta. Sento novamente na cadeira e respiro fundo, prestes a jogar a bomba. – Nós saímos para a balada e quando ele me levou para casa, eu terminei com ele – Ele fica com boca aberta. – Simples.
– Por que terminou com ele? Ele é perfeito. – O homem está arrasado, dá para notar.
– Não, ele é perfeito para você. Pai, ele é a cópia do senhor e sinceramente um Evans Blake já é suficiente na minha vida. – Falo horrorizada e ele revira os olhos.
– Então, por que ele dormiu lá? – Cruza os braços e se acomoda mais na cadeira.
– Estava tarde, chamei ele para dormir, pois me senti mal por terminar de repente. E sempre fomos amigos.
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Degustação - Sequestro do Amor
RomanceSiga meu Instagram para saber mais sobre meus livros: @melpimentelautora * Tudo começou quando, Alice Blake, pensou que tudo em sua vida estava começando a dar certo. Finalmente, pegaria um caso ótimo e seu pai não estava mais pegando no seu pé por...