One More Time

Implications.

"Então, basta pensar em seu futuro. Pense em uma nova vida. Não se perca nas memórias. Mantenha seus olhos em um novo prêmio." – Future – Paramore

O Arthur é o menino do grupo que até agora eu não soube definir. Todos tinham sua personalidade. Gabriel é o bobo, Logan o engraçado, Matt o observador, Anthony o mais maluquinho, mas ele... eu não sei decifrar. Eu poderia dizer que ele é o bipolar, que uma hora é legal e do nada fica insuportável, mas isso não seria o suficiente. Todos nós somos bipolares algumas vezes, eu mesma, por exemplo, consigo me irritar com coisinha boba e sair do meu estado feliz muito rápido, e isso não define minha personalidade.

Eu nunca fui do tipo que não gosta de alguém atoa. Sou o tipo de pessoa que se eu amar alguém, eu amo profundamente, faço de tudo para ver aquela pessoa feliz. Mas com o Arthur... mesmo em tão pouco tempo, eu consigo gostar dele e passar a detestar em questão de segundos! E isso não é normal. Não é normal o efeito que ele causa em mim. O jeito que ele fala comigo, muitas vezes sendo seco, irônico ou até chato, me estressam de uma forma surreal, e olha que eu tento ao máximo manter o meu equilíbrio.

Eu não tive diferenças com nenhum dos outros meninos, me dei absurdamente bem com todos, mas logo ele que me estressa é o que eu fico tentando entender. Não poderia simplesmente aproveitar os momentos legais com os outros? Por que eu tenho que ser tão curiosa e marrenta a ponto de querer ir a fundo pra saber o motivo de ele ser assim comigo? Talvez seja só o jeito dele. Será que eu tenho que me perguntar por que ele é tão ele, e por que foi logo com ele que eu cismei?

Acordei já me preparando pra ter aquele sábado de preguiça, é bom às vezes, né? Levantei da cama e desci pra tomar café. Meus pais não estavam mais em casa. Tomei um suco e comi um lanche. Subi de volta e fui tomar banho e fazer minha higiene matinal, tenho mania de comer antes de fazer isso.

Ficar sozinha é tão gostoso, mas certas vezes tão chato. Sou meio dividida pra isso. Tem dias que quero muito ficar sozinha, ter um tempo pra mim e colocar os pensamentos em dia, mas às vezes ficar sozinha é tão torturante!

A saudade dos meus amigos da Califórnia só aperta. Apesar de eu ter encontrado pessoas novas -e incríveis-, sou presa a costumes, gosto de uma rotina, gosto de uma mesmice. Óbvio que mudar e conhecer novos lugares, coisas e pessoas foi e ainda vai ser ótimo pra mim, mas eu gostava tanto da minha rotina! Ir pra casa de amigas, fazer "festas privadas" que a gente só chamava de festa pra dizer que "A festinha bombou!", mas estava mais pra uma festa do pijama, aquelas bem de menininhas. Eu estava tão acostumada com o meu grupo de três meninas e apenas dois meninos, que agora parece loucura só conhecer meninos.

Escutei meu celular tocando e fui até a cama pegá-lo, olhei no visor e era o Gabriel, atendi.

— Alô?

— Oi, Julie! Tá ocupada? — Gabriel perguntou apressado.

— Depende. O que foi?

Não estava a fim de sair.

— Os meninos estão aqui em casa, liguei pra saber se não quer vir aqui.

— Ahhh... — falei desanimada. Lembrar das meninas tinha me deixado um pouco pra baixo.

— Tá tudo bem? — ele perguntou preocupado.

— Sim, é que eu estava lembrando da minha casa. — dei uma pausa e logo me corrigi. — Quero dizer, São Francisco.

— Poxa, não fica assim! Vem cá que a gente te anima! — ele falou exalando bom humor.

— Desculpa, dessa vez eu passo. — falei e ele bufou.