One More Time

Like friends do.

"Sortuda, pois estou apaixonada pelo meu melhor amigo. Sortuda por ter estado onde estive." – Lucky – Jason Mraz

Andei pela casa inteira procurando por ele, mas não o encontrei. A rua agora tinha menos gente, e eu achei que seria mais fácil achá-lo, mas depois de andar tanto, concluí que ele havia ido embora.

Abracei os meus próprios braços, tentando me aquecer. Eu terei que ir embora andando, pois meu celular está no meu casaco perdido, e nem mesmo Laura eu consegui encontrar.

— Por acaso está com frio?

Escutei sua voz e um frio subiu pela minha espinha.

Olhei para Arthur ao meu lado e o encarei fixamente, sem saber o que fazer ou falar.

Será que ele está bravo comigo?

— Sim. — respondi sem graça.

Então ele esticou a mão e me entregou o meu casaco. O encarei confusa.

— Eu te observei a noite toda, vi quando jogou o casaco longe e sabia que não se lembraria de pegá-lo depois. — sorriu fraco, e eu paralisei.

Vesti meu casaco e apalpei o bolso, sentindo meu celular ali. Suspirei aliviada.

— Não está bravo comigo?

— Não. — respirou fundo. — Eu só não esperava que beijasse Matt.

— É uma merda criar expectativas, não é? — o tom de vingança, sem querer, predominou a minha voz.

— Pois é. — ele riu fraco, um riso amargo. — Vamos embora?

Ele realmente me surpreendeu, pois no lugar dele eu nem devolveria casaco nenhum, iria embora sem pensar duas vezes.

E isso diz mais sobre ele do que qualquer palavra que ele possa dizer.

— Você continua não precisando me dar carona só porque vamos para o mesmo lugar. — olhei para ele, que sorriu.

— Sempre tão teimosa! — Arthur passou o braço em volta do meu pescoço e me guiou para o caminho até seu carro, ignorando totalmente o que eu havia dito.

Entramos no carro e permanecemos em silêncio por boa parte do caminho, mas os meus pensamentos fazem barulho. Muito barulho. A raiva em seus olhos enquanto eu estava prestes a beijar Matt não sai da minha cabeça. E, óbvio, eu preciso falar.

— Arthur, eu quero que saiba que Matt não tem culpa do que eu fiz. — soltei as palavras de uma vez.

— Eu sei que não, você fez para me provocar. — me olhou de canto. — E devo admitir, Julie, você conseguiu.

Point Of View Arthur.

Ela riu, agraciando os meus ouvidos com o som gostoso de sua risada.

— Eu simplesmente não sei o que aconteceu comigo para eu ter agido de tal forma. — confessou, cessando a risada.

— Você apenas provou que não deixa que te abalem.

— Na verdade, acho que fiz isso justamente porque eu estava abalada. — ela me olhou cuidadosamente, como se não quisesse fazer parecer que aquilo era um sinal.

Não precisava de um, eu sabia que era por minha causa.

— Chegamos. — avisei.

Ela olhou para a sua casa e voltou seu olhar para mim, agora sorrindo.