O Diário de Lucy

Capítulo 1- Mudanças

 30 ANOS DEPOIS

O dia da mudança finalmente havia chegado, uma viagem longa de avião e depois em grandes estradas, eu olhava distraída através do vidro embaçado do carro, era madrugada aproximadamente 3 da manhã e chovia muito, meus pensamentos estavam focados em minha antiga casa meus amigos e tudo que tive que deixar para trás para mudar-me com a minha família para Transilvânia na Romênia devido a transferência de emprego de meu pai, e como era uma grande oportunidade de crescer em sua carreira, ele não podia recusar, e é claro eu e minha mãe o apoiamos. Tudo seria novo dali pra frente, nova casa, nova escola, novas pessoas, e esse monte de coisas novas era o que me causava medo e ansiedade. Meus olhos por um momento se encheram de lágrimas, mas consegui segurar, não queria ser vitima de mil perguntas feitas pelos meus pais mais uma vez.

Em pouco menos de meia hora, chegamos em nossa nova casa, meu pai saiu do carro abriu o grande portão mas  ainda teve que dirigir mais um pouco até a casa, ao chegar em frente a porta saímos todos correndo e devido à chuva e escuridão não consegui observar como a casa era por fora, foi então que me lembrei de Salem o meu gato.

— Esperem esquecemos o Salem, vou busca-lo. — Falei voltando correndo para o carro sem me importar se ia me molhar mais ainda.

— Ashley volta aqui, você vai ficar doente menina! Tínhamos que trazer mesmo esse gato pulguento? — Meu pai resmungou para minha mãe Regina.

— Para John ele não é pulguento e sabe como Ashley ama esse gato, ela ficaria doente se não o trouxéssemos!

— Tudo bem querida. — Meu pai da um beijo na testa de minha mãe e tenta abrir a porta. — Mas que diabos tem essa porta que não abre? — Depois de muita dificuldade meu pai abre a porta e todos entramos.

— Finalmente lar doce lar. – Disse meu pai secando a testa com a manga da blusa, ele tateou a parede procurando o interruptor mas infelizmente devido a chuva estávamos sem energia, ligamos a lanterna dos nossos celulares e entramos.

— Legal nossas boas vindas, nem energia temos e eu estou morrendo de fome e frio. — Resmunguei sentando-se num sofá de couro que ali havia sem me importar que eu estava toda encharcada, Tirei o Salem da casinha de transporte e ele pulou em meu colo.

— Acalme-se querida, provavelmente amanha cedo terá energia. — Minha mãe tentou me acalmar sem muito sucesso. — Vá descansar enquanto eu e seu pai pegamos as malas, amanhã prepararei um delicioso café da manhã pra gente.

— Tudo bem mãe, vou dormir, boa noite pra vocês. — Peguei um cobertor em minha mala e me deitei no sofá, Salem se aconchegou ao meu lado, e assim meus pensamentos tomaram conta de mim ate que ouvi uma conversa dos meus pais no cômodo ao lado:

— Querido, será que foi uma boa ideia ficar com essa casa?

— Por que não Regina? O preço esta muito abaixo do mercado e é o que podemos pagar por enquanto.

— Mas você não acha estranho? Uma casa desse tamanho por um preço tão baixo, e lembra o que a corretora nos disse, que ela está à venda já faz trinta anos, e todos que queriam comprar desistiram, por que será que nunca foi vendida?

— Isso não importa amor, essa casa agora é nossa, ela é perfeita e seremos muito felizes aqui.

— Tudo bem John, vamos dormir, te amo.

— Também te amo Re. — Meus pais enchem um colchão inflável e colocam ao meu lado e logo em seguida adormecem assim como eu.

Naquela noite tive um sonho estranho, eu estava perdida em uma floresta escura, que nunca tinha visto antes, corria de um lado para o outro em desespero, e haviam vários  vultos que me rodeavam e tentavam me tocar, continuei correndo até que tropecei em um galho e cai no chão, porem cai aos pés de alguém, alguém muito estranho, era um homem alto de sobretudo e cartola, seu olhos eram negros e olhava para mim como um predador olha para a sua presa. Tentei me levantar mas era como se uma força desconhecida me prendesse no chão. O homem se agacha ao meu lado e com uma voz misteriosa sussurra em meu ouvido.