Capítulo 5 A Segunda vítima

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Miranda após algumas sessões com o psicólogo, sentia-se um pouco melhor. A combinação das sessões de terapia, com a medicação que lhe permitia dormir a noite toda, dava a ela um aspecto mais leve. Faltava muito para que ela se tornasse a mulher que foi um dia, mas aos poucos começava a encontrar o caminho de volta. Rodolfo, como agora ela chamava seu terapeuta, era realmente muito bom no que fazia. Miranda não pensava em romance, mas adquiriu uma simpatia muito especial pelo médico, que agora a atendia em sessões em seu consultório particular, pois as sessões a que tinha direito um paciente indicado na emergência, como foi o caso dela, haviam terminado. O intuito desse tipo de atendimento era apenas um paliativo, nada que fosse resolver o complicado caso de Miranda... Mas, depois de muito resistir, agora havia percebido que talvez fosse o único caminho... Caminho que a estava ajudando e incomodando... Já havia ouvido muitas histórias de pacientes que acabavam desenvolvendo um sentimento maior do que apenas o de paciente para com o seu médico, mas nunca imaginou que aquele que te ajuda a encontrar a saída do labirinto, exerce um poder tão fascinante sobre os pacientes.

Miranda seguia firme em suas investigações. Já há algum tempo frequentava o orfanato duas vezes por semana fazendo um trabalho voluntário, mas não descobriu muito mais do que na primeira conversa com a administradora, que em todas elas apenas confirmava a boa conduta de Amanda com as crianças. Conversou com os amigos de trabalho dela, o que pouco acrescentou, diziam apenas que Amanda era uma pessoa muito fechada, pouco falava de sua vida particular, mas que era uma excelente funcionária. Miranda evitou conversar com os pais dela, e assim, com a insistente ajuda de Carlos, que ultimamente a procurava constantemente com novas ideias sobre o caso, continuou a investigar as outras vítimas.

A segunda chamava-se Vânia Souza, uma dona de casa de trinta e cinco anos, nascida no dia doze de maio de mil novecentos e oitenta e um. Também havia sido morta alguns dias depois de seu aniversário. Teve sua traqueia arrancada. Não tinha filhos. Pelo que Miranda e Carlos puderam perceber depois que Miranda usou mais um de seus disfarces para buscar informações com as amigas mais íntimas de Vânia; dessa vez ela passou-se por uma antiga amiga, que não via Vânia há muitos anos, vinda de outro Estado, pois a mulher era de Minas Gerais; conseguiu assim, algumas informações importantes que jamais seriam contadas a um policial. A vítima estava passando por uma grave crise, pois havia sido abandonada pelo homem que amava. Segundo as amigas havia aberto mão de tudo! Família, amigos, trabalho. Este homem a deixou por outra mulher, mas ao contrário de muitas mulheres que são ameaçadas pelo marido, era ela quem queria dar cabo da vida do ex e de sua nova mulher... Ela ficou tão perturbada, que chegou a procurar pessoas que mexiam com magia negra. Ela, ainda segundo as mulheres, falava demais, era daquelas que falava tanto que não dava tempo de fazer nada... Mas infelizmente, na hora em que resolveu fazer, procurou por pessoas, que por dinheiro iludiriam facilmente qualquer pessoa desesperada. Durante alguns dias da semana, ela simplesmente desaparecia... Questionada pelas amigas, que como ela, faziam parte de uma comunidade pobre da cidade, apenas dizia que estava tratando de sua saúde. Tornando o caso cada vez mais incógnito, afinal partindo de Vânia, essa era uma resposta curta demais. Miranda então conseguiu o endereço do lugar onde foi feita a tal magia negra, e partiu em busca de mais informações.

Carlos, por sua vez, revirava incansavelmente, todos os contatos contidos no celular de Vânia, todas as conversas, ligações. Interrogou novamente o ex da moça, que mais uma vez se mostrou completamente inocente... Ele era o ameaçado pelo ciúme doentio que a ex sentia dele e não o contrário. Todas as mensagens e ligações do celular dela eram direcionadas a ele sempre em tom de ameaça. Ele tinha fortes álibis, estava no trabalho no dia da morte dela. Trabalhava doze horas por dia como segurança em um prédio vigiado por câmeras o tempo todo. Sua atual esposa trabalhava em um hospital como enfermeira e estava de plantão. Tudo foi revirado e nada. A última esperança era a tal magia negra...

Degustação/ A RepórterOnde histórias criam vida. Descubra agora