Capítulo 2 O Encontro

93 15 4
                                    



 Miranda levantou-se cedo, depois de mais uma noite mal dormida. Seu corpo doía o sofá não era muito confortável e sua cabeça estava pesada, havia exagerado no vinho... Mas ultimamente, era com seu copo de vinho que costumava passar suas noites. Ajudava-a dormir e esquecer lembranças ruins. Naquela noite, diferente das outras, não havia tido pesadelos consigo mesma, mas sim com as mulheres assassinadas. Pensar que elas não tiveram direito a continuar suas vidas, realizar seus sonhos, seus planos... Um grito estava preso na garganta de Miranda desde o dia em que tudo aconteceu... Um grito silencioso que sacudia sua alma como um terremoto destruidor.

Tomou um café rápido, se arrumou e seguiu para a redação. Assim que entrou em sua sala veio à notícia de que pela manhã haviam encontrado o corpo da quinta vítima.

_ Onde foi Henrique? – Miranda com os olhos arregalados e semblante sério.

_ No lado oeste da cidade, em um bairro de classe média. Estou indo para lá. Vamos?

_ Claro que sim! – Miranda pegou sua bolsa e saiu puxando Henrique pelo braço.

Miranda e Henrique entram no carro e partem em busca da notícia. Durante o caminho, vão conversando a respeito de família, planos futuros, depois do corte do dia anterior, Henrique havia percebido que Miranda era uma pessoa direta e não gostava de intimidades e isso lhe deu a certeza de que seria apenas seu companheiro de trabalho e talvez amigo, nada mais que isso, a primeira impressão foi se dissipando e ele pôde perceber que ela não era tão bruxa assim, como ela havia pensado. Contou a Miranda sobre sua esposa, seu bebê recém-nascido, seu amor pelo jornalismo. Ela por sua vez falou de seu trabalho em São Paulo, seu irmão e sua mãe, ainda não se sentia íntima o suficiente para falar a respeito de outros assuntos. Entre uma conversa e outra, chegaram ao local do crime, que estava cercado por policiais. A polícia científica ainda não havia chegado.

Henrique era um velho conhecido da roda policial, mas Miranda não. Era nova na cidade, se aproveitou deste fato... Era esperta. Pediu que Henrique fosse conversar com os policiais responsáveis pelo cerco do local do crime, enquanto ela tentava entrar naquele galpão abandonado onde foi depositado o corpo da quinta vítima.

Deu a volta por trás do galpão sorrateiramente, enquanto o companheiro de trabalho distraia os policiais com as mesmas perguntas de sempre, encontrou uma porta lateral, que pela incompetência da polícia, não havia sido bloqueada. Rapidamente entrou, caminhou devagar até o corpo inerte, em posição fetal, a camisa social aberta deixava a mostra os seios... Dessa vez o coração havia sido removido, a mulher, ainda jovem, com aproximadamente vinte dois anos, loira, e relativamente bem vestida, pois o assassino tinha o cuidado de depois de remover o órgão, vestir novamente a vítima, assim como estava quando a encontrou. Nas roupas não havia nem uma gota de sangue, o rosto da moça estava ainda com maquiagem, na boca um batom vermelho, como o que Miranda costumava usar... Isso fez um arrepio percorrer-lhe a espinha, ao lado do corpo, a corda que foi usada para o enforcamento, devidamente enrolada, como se nunca houvesse sido manuseada... A mulher parecia estar dormindo um sono profundo, nada naquele lugar apresentava vestígios de luta, tudo como se ninguém estivesse estado lá... O corpo devia ter sido deixado lá já há alguns dias, pois começava a apresentar os primeiros sinais de decomposição e o mau cheiro era bem forte.

Enquanto Miranda observava atenta a todos os detalhes que podia, começou a ouvir passos, seu coração disparou, procurou um lugar para se esconder, mas o galpão não tinha nem um pilar, nem um objeto grande que pudesse servir de esconderijo naquele momento, então rapidamente correu em direção à mesma porta em que havia entrado. Ouviu então uma voz grossa gritar:

Degustação/ A RepórterOnde histórias criam vida. Descubra agora