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Eu morava bem ali. Entre dois pequenos prédios sem pintura, fedendo a bebida e culpa. Mas eu morava bem ali.

Rua Sete, número quarenta e seis, até ontem.

Lembro de como era voltar para casa. O mesmo caminho. O mesmo processo.

Punha o skate ao lado de uma planta qual nome desconheço, fechava a porta atrás de mim, pedia a bênção de metade da sala, apertava as mãos da outra metade, sentava à mesa, enchia um prato — nada de ervilhas no meu prato —, escovada os dentes, tomava um banho, ia para o quarto, passava duas fases do jogo, criava um avatar em outro, assistia dois episódios de um anime, respondia duas mensagens no Facebook, enviava um "oi" para Maribel, esperava trinta minutos por sua resposta — ela nunca respondia —, deitava na cama, implorava por sono, dormia duas horas depois, acordava às dez, uma tigela de sucrilhos me esperava à mesa, ia para a escola, voltava.

Sempre fora assim. Meu destino era ser repetitivo.

No entanto, eu queria mudar, tinha que mudar. E essa mudança me matou. Simplesmente assim... O destino ficou com raiva de mim, talvez, não sei. O destino pode ser vingativo, talvez... Eu só morri. Só isso.

Agora não há mais como repetir tudo aquilo.

Uma Doce Morte Na Rua SeteOnde histórias criam vida. Descubra agora