Internet | Hayes Grier

42| pov

- Hailey -

"Estás a dizer que ele beijou novamente uma rapariga qualquer numa festa qualquer, é isso?" A Kate pergunta-me e eu assinto em concordância. "Mas também estás a dizer que vocês os dois não têm absolutamente nada?"

Eu paro por momentos antes de lhe responder. Que nós não temos nada é um facto, mas por outro lado eu sinto que as atitudes dele não são das melhores e tudo o que quero fazer é com que ele melhore isso. Mas o problema aqui é a maneira de como o estou a fazer.

"Hailey, porquê que o que ele faz te afeta tanto?" Ela ergue uma sobrancelha á espera de uma resposta minha. 

Estávamos as duas sentadas na minha cama a conversar á, pelo menos, vinte minutos. Eu sei que disse que não confiava na Kate de todo, na verdade não confio em ninguém a cem porcento a não ser o meu irmão, mas não me parece que o Jonas vá ter alguma opinião real a assuntos de rapazes sem os comparar a alguma série de monstros que vê. Por isso, a Kate é o meu ponto de socorro nestas alturas. 

"Eu não sei..." Brinco com a bainha das minhas meias pretas que me chegam a cima dos joelhos. "Realmente, não sei."

"Tu..." Ela deixa pairar enquanto se ajeita na cama passando um pé para baixo de si para me poder encarar de frente. "Já alguma vez puseste a hipótese de gostares mesmo dele tipo mais alguma coisa que amizade?"

Eu arregalo os olhos. "Não, claro que não."

Eu e o Hayes? Não, não mesmo. Quer dizer, certo?

"Eu preparei-me para esta situação." Ela pisca-me o olho e levanta-se da cama. Mas que raio? A Kate dirige-se até o cabide do lado esquerdo á porta e retira a sua mala de lá voltando a sentar-se com ela no seu colo. Ela corre o fecho e a próxima coisa que faz faz-me pensar seriamente em comprar uma mala igual. De lá de dentro sai um saco de batatas fritas, pacotes de bolachas de chocolate em forma quadrada, gomas coloridas dos ursinhos, dois copos de plástico e uma garrafa de ice tea. Ela percebe os meus olhares surpresos e sorri enquanto me estende um dos copos cheios. "Reservas." Encolhe os ombros como se fosse a coisa mais normal do mundo.

"Okay..." Eu arrasto.

"Mas continuado," Ela estoira o saco de batatas e começa a comer-las. "Eu tenho acompanhado a vossa 'relação' pelas redes sociais, assim como toda a gente. Sim, eu sou fã dele e tudo mais. E escreve o que te digo; a vossa amizade não é como qualquer outra, okay?"

"Sim, é." Eu insisto e pouso o copo na mesinha cabeceira. "Eu só... só não quero que ele siga os caminhos que está a seguir. Apenas isso." Não sei bem se me estou a convencer a mim ou a ela.

"Ás vezes, temos grandes possibilidades á nossa frente e não as vemos porque escolhemos não as ver." Ela diz monótona e eu franzo a testa. "É uma frase de um filme qualquer, mas isso para agora não interessa. O que interessa é que tu sentes algo forte pelo Hayes e não o queres admitir."

"Não, eu não sinto nada. Só gosto de o ter como amigo." Eu insisto uma vez mais e sinto algo embater contra o meu braço. Uma batata?

"Hailey, pára de negar. É mais fácil admitires, e falo por experiência própria. Eu sei que á partida o amor e os compromissos te vão parecer algo assustador. Mas não é. Não quando estás com a pessoa certa, e o Hayes é essa pessoa para ti. Eu vejo pela maneira como olhas para o telemóvel quando recebes uma dele. Eu vejo pelo teu brilho nos olhos quando falamos dele- vês esse mesmo. Tu gostas do Hayes Grier." Ela diz séria e eu desvio o olhar para o meu colo brincando com os meus dedos. "Porquê que deixaram de se falar?"

"Porque nem sempre fazemos o que gostamos e queremos." Eu digo-lhe. "Deixar de lhe falar foi uma decisão minha porque..." Eu paro. Sinto os olhares da Kate em mim e sei que ela quer que eu continue, diga eu o que disser ela quer que eu o diga e admita em voz volta. "Porque eu quero que ele pare de fazer o que faz. Quero que ele mude as atitudes e pare de beijar raparigas em festas."

"E porquê que queres que ele as pare de beijar?" Ela faz gestos estranhos e eu suspiro. Isto é uma espécie de jogo que ela faz para eu tirar as conclusões que ela já tirou e que por sinal estão sempre certas.

"Porque me afeta, está bem? Afeta-me que ele ande para aí a envolver-se com todas as raparigas que encontra, esteja ele bêbado ou não. E é como se cada vez que ele o fizesse uma parte de mim se desiludisse e fosse a baixo como agora. Secalhar por eu... por eu gostar dele." Finalmente digo e ela bate palmas entusiasmada como uma criança de cinco anos.

"Foi assim tão difícil?" Ela faz um daqueles gigantescos sorrisos de 'vês como eu tenho razão?'.

Reviro os olhos, embora tenha um pequeno sorriso nos lábios. "Mas se o amor é tão bom como tu dizes, porquê que eu me sinto mal agora?"

Eu sinto necessidade de lhe fazer esta pergunta porque sei que a Kate tem a resposta certa. Ela tem sempre. E porra, eu gosto do Hayes. Eu gosto mesmo do Hayes. Como é que não fui capaz de descobrir isto mais cedo? Talvez as coisas tivessem sido diferentes, talvez já nos tivéssemos beijado, talvez não estivéssemos chateados como estamos. Mas só talvez.

"Querida, tu não te sentes mal por gostares do Hayes. Isso seria impossível. Tu sentes-te mal por ele ter beijado outra rapariga, sendo que já não é a primeira vez que ele o faz. Tu sentes-te mal por ele se estar a tornar num vadio e isso é porque te importas com ele." Ela mastiga uma batata depois de falar.

"Então," Eu começo duvidosa. "Achas que fiz bem em o ter bloqueado?"

Ela pousa o saco em cima da cama e olha severamente para mim. "Não, até acho bem. Agora se ele realmente se importar contigo vai parar de fazer aquilo."

Eu assinto e desvio o olhar para um ponto alternativo do quarto. Ele realmente importa-se comigo, certo? Então, ele vai arranjar maneira de fazer com que eu o perdoe porque eu quero o perdoar mas quero que ele me mostre que vale a pena o fazer. Ele vai arranjar maneira, tem de arranjar...

Eu nunca fui pessoa de acreditar no destino, mas sim em lidar com o que está na nossa frente.