112| pov

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- Hailey -

"Provavelmente, eles devem estar a por a conversa em dia. Tu sabes, depois de todos estes anos deve ter acontecido um milhão de coisas e eles devem estar a falar sobre isso." Eu tento acalmar o Hayes quando ele começa a ouvir a voz do Nash intercalada com uma feminina, que já se adivinha ser a mãe dele -que por sinal têm uma voz mais doce do que eu imagina que tivesse.

Ele não parece estar muito tenso agora, mas eu sei que lá no fundo ele está e apenas está a fazer-se de forte para eu não notar. Eu não sei o que lhe dizer nem como o ajudar, não quando nunca passei por situação semelhante a esta. E depois eu tenho de suportar a minha estúpida consciência por lhe estar a esconder a minha futura viagem á California. Sempre odiei que me mentissem e agora, aqui estou eu a mentir a uma das pessoas mais importantes da minha vida.

"É suposto eu fazer isso também?" Ele respira fundo como se se estivesse a tentar recompor. Eu vejo-o puxar o casaco preto para a frente da t-shirt cinza antes de ele arrastar os cabelos da testa com os dedos.

"Eu não sei..." Digo-lhe. "Acho que é suposto fazeres o que achares melhor, mas não tentes estoirar a cabeça dela contra a mesa ou assim." E pela primeira vez desde que saímos do quarto dele, o Hayes olha para mim e faz um esforço para sorrir.

Inesperadamente, eu sinto-o entrelaçar os dedos aos meus quando chegamos ao fim das escadas. E, merda, eu sinto-me uma idiota agora. Ele está a ser impecável comigo e eu não sou capaz de retribuir. 

Quando entramos para a sala de jantar, eu vejo uma senhora mais velha com cabelos castanhos lisos presos num rabo de cavalo, os olhos dela são mais claros mas sem fugirem muito á cor que é o castanho. Tenho de admitir que para alguém de quarenta e poucos anos, ela está muito bem.

Ela vira-se para nós abrindo um sorriso gigante. "Hayes, tu estás... diferente." Eu acho que todos somos capazes de sentir o ambiente pesado que se espalhou pelo ar quando ela interrompe a sua conversa com o Nash para ver o Hayes.

"A Sky?" Ele pergunta, sem querer alongar muito a conversa e, no fundo, eu percebo o porquê de ele o querer fazer, não o censuro por isso.

"Ela está na cozinha, com o Cameron." A mulher diz sem sequer se dar ao trabalho de parar de analisar o filho dos pés á cabeça. "Sinceramente, eu acho que estás com bom aspeto. Mudas-te imenso desde a última vez."

O Hayes apenas desvia o olhar para algum ponto que não a mãe, apertando a minha mão depois. Isto é o suficiente para eu saber que há coisas entaladas na garganta dele que ele lhe quer dizer, mas sabe que não deve. Mantenho-me ao seu lado, calada.

Os olhos dela pousam em mim e eu engulo em seco com medo do que ela vá dizer. "Esta é a tua namorada? Deus, tu és linda, a sério. Na tua idade eu sempre quis ser uma espécie de Barbie com a aparência da boneca em si e tu és, literalmente. O meu filho tem cá uma sorte que-"

"Sim, ela é." O Hayes corta-a, suspirando. Ele parece estar farto das tentativas de simpatia em vão da sua mãe. "Não que te interesse ou te sirva para algum coisa saber da minha vida." Nem sequer me importo com o tom brusco que ele usou nem com o facto de me ter puxado para mais perto como se fosse possível a sua mãe fazer-me algo de mal. Ele disse que namorávamos, e isso é tudo para mim.

A mulher aparece ter ficado sem saber o que dizer, pois os seus lábios pintados de um botão vermelho forte abriam e fechavam sem que ela pronuncia-se uma palavra sequer. Eu sei o quão o Hayes parece ser bruto agora, mas ele está magoado. E se ela quer mesmo reaver a relação que eles tinham ela vai ter de perceber o lado dele primeiro.

"Eu trouxe empadão para o almoço," O Nash tenta fazer um ambiente mais leve. "Eu acho que toda a gente gosta, por isso achei bem." Ele começa a tirar a comida do saco pousando-a em cima da mesa.

Internet | Hayes GrierOnde histórias criam vida. Descubra agora