59| pov

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- Hailey -

"Porta-te como deve ser, okay?" O Cameron repete pela quinta vez desde que chegamos ao aeroporto.

"Porra, sim." Eu digo num suspiro enquanto coloco a alça da minha mochila escura por cima do meu ombro. "E pára de tentar ser a minha mãe."

"Só estou preocupado contigo." Ele cruza os braços á frente do peito enquanto olha para mim. "Mas não te esqueças de avisar quando chegares." Eu semicerro os olhos e ele levanta as mãos como quem diz que não vai falar mais nada.

Eu apenas dou um ligeiro sorriso e continuo a caminhar ao lado do Hayes, com as nossas mãos entrelaçadas uma na outra. Sinceramente, eu não sei o que vai ser de nós com a distância pelo meio. Eu sei bem que vai ser difícil, a questão é se vamos aguentar. Se vamos ser nós depois disto. Mesmo que nós não tenhamos absolutamente nada.

A minha escola acabou na semana passada e estou oficialmente em férias de verão, sim eu devia estar mais entusiasmada do que na verdade estou, mas não consigo. Está tanta coisa a acontecer na minha vida, que já não sei se consigo lidar com tudo em simultâneo.

Ao longe, vejo o corpo do Shawn movimentar-se em passo de corrida para nós, esquivando-se das várias pessoas carregadas de malas. Ao contrário de mim, que vim apenas com uma simples mochila. Ele curva-se com as mãos nos joelhos tentando controlar a sua respiração ofegante.

"Estás bem?" Eu pergunto-lhe, e ele assente rapidamente.

"Eu..." Respira fundo, de novo para conseguir acabar o que ia a dizer. "Eu corri até aquelas cenas onde se compram viagens para ir buscar um folheto das partidas, mas eles disseram-me que já não tinham, então corri até aquela zona onde se entrega as bagagens mas as filas estavam enormes então corri até á zona do check in onde me deram isto." Ele estica a mão para mim e eu pego no papel, lendo-o.

"Estás a ver o mal que faz não vires treinar comigo?" O Hayes ri-se do rosto vermelho do Shawn que lhe mostra o dedo do meio.

Eu sinto a presença do Nash mais próxima de mim e sei que ele também está a olhar para o papel nas minhas mãos. "A que horas é?"

"Daqui a dez minutos." Eu suspiro e dobro o papel em quatro pondo-o no bolso do casaco que o Hayes me emprestou. Não é nada de muito extravagante, só um casaco da adidas preto e branco. Quase tudo o que ele tem é adidas, de facto.

O Hayes aperta a minha mão com força e eu olho para ele, as suas pupilas estão num tom de azul mais escuro que o costume e os olhos assim como a ponta do seu nariz e as bochechas levemente avermelhadas. Ele parece tão querido assim. Não penso duas vezes, quando envolvo o seu pescoço com os meus braços deixando-o rodear a minha cintura, apertando-me contra si.

"Não quero que vás." Ele sussurra no meu ouvido, quase a implorar.

"Mas eu tenho de ir, Hayes." Fecho os olhos, não quero chorar á frente dele nem de todas as pessoas que nos estão a observar. "Eu volto, está bem?"

Sinto o seu respirar fundo na cova do meu pescoço e separo-me ligeiramente do seu corpo para o poder encarar. "Porquê que não ficas aqui comigo e voltas no final das férias? Podes trazer o teu irmão, se quiseres."

Se ele, ao menos, soubesse... Eu preciso de estar lá para a minha família, para a minha mãe, agora mais que nunca. Que tipo de filha seria eu se a deixasse para me estar a divertir com os meus amigos? A pior, de certo. Também não posso deixar tudo nas mãos do Jonas, não, a responsabilidade é dos dois. Não apenas dele.

"Eu não posso..." A minha voz falha. "Eu queria, mas não posso."

"Hailey, o quê que se passa?" Ele pergunta devagar o suficiente para eu saber que o meu coração se afundou.

Eu quero contar-lhe, a sério que quero. Mas não. Ele não pode ficar a saber do quão fraca sou eu e a minha família, ele não pode saber de nada do que passamos ou sofremos porque depois ele iria brincar com isso. Tal como todos.

"Não dá, Hayes." Eu nego com a cabeça, os meus olhos a humedecerem-se. "Qualquer dia, eu conto-te, juro, mas não hoje. Está bem?"

Ele apenas assente e larga-me aos poucos. Eu viro o meu corpo para o Cameron e ele dá-me um sorriso torto abrindo os braços para eu o abraçar. Ele afoga os meus cabelos com calma e eu fungo na sua camisola cinzenta. Não posso chorar, não posso chorar...

"Vou sentir saudades, batata." O Cameron murmura e eu rio da alcunha estúpida. Tenho quase cem por cento de certezas que ele nunca vai esquecer a forma de como me conheceu, nunca.

"Eu também." Afasto-me dele, colocando uma mexa de cabelo para trás da orelha enquanto limpo com as costas da mão a pele molhada por baixo dos meus olhos.

"Loirinha." O Shawn guincha atirando-se, literalmente, para cima de mim. Foi por pouco que não caímos e, céus, eu vou ter tanta falta deles. "Liga-me sempre que quiseres, okay, e manda mensagens também."

"Ainda estou para perceber que coisa é essa de todos se fazerem da minha mãe agora." Eu gozo quando ele me liberta dos seus braços.

"Não é uma coisa, apenas preocupação. Já te disse." O Cameron riposta, contudo quando olho para ele os seus olhos estão a brilhar quem nem estrelas.

"Minha vez." O Nash empurra o Shawn e o Dallas para longe vindo até mim. Os seus lábios são pressionados contra a minha testa e eu sorrio. "Cuida-te, ouviste?"

"Está bem, pai." Reviro os olhos e rio.

Eu olho de relance para o lado, mas paro quando vejo o Hayes. Ele está distraído com qualquer coisa lá fora e o meu sorriso rapidamente se desfaz. Problemas de raiva, eu lembro-me. "Nash..." Eu chamo-o baixo. "Não o deixes fazer borrada desta vez, eu não quero ter de passar pelo mesmo porque sei que se acontecer outra vez vai ser muito pior para mim."

Ele assente devagar, enquanto agarra nas minhas mãos com força. "Eu vou fazer de tudo para que ele se comporte, ok? Também não quero que o meu irmão seja aquele mostro em que ele se transforma."

"Porquê que ele não vai a uma psicóloga ou assim?" Custa-me estar a falar do Hayes como se ele fosse um maluco prestes a ter um colapso, mas ele tem problemas que devem ser tratados, e é isso que eu quero; que ele se trate.

"Ele não quer." O Nash encolhe os ombros, tristemente. "Tanto eu como a minha mãe já o tentamos convencer, mas ele liga a ideia de psicóloga a loucura e acusa-nos de o estarmos a insultar. Hailey, eu já tentei de tudo, mas nada resulta." Ele suspira.

"Eu... eu lamento, Nash." Sussurro com a voz a falhar contudo eu sei que ele ouviu. "Quem me dera poder fazer alguma coisa por ele."

"Tu podes, mas não queres." Eu franzo a testa depois de ele dizer aquelas palavras duras, o Nash separa as nossas mãos. "Tu podias ficar, ia ser bom para ele. Mas estás sempre a negar e a negar."

Eu sinto uma ponta de irritação formar-se dentro de mim. Como é que o Nash é capaz de me estar a tratar assim? Eu tenho a minha vida, os meus problemas, não giro em volta deles. Se gostava de poder ajuda-los? Gostava, mas vai para além do que posso fazer. Também tenho gente que depende de mim, mas ele isso não sabe nem ia perceber.

"Adeus, Nash." Digo simplesmente e viro-lhes costas entrando na zona de embarcação.

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e a hailey está de volta á califórnia.

o que acharam da atitude do nash no fim do cap?

nashy, mauzinho.

xx Buhh



Internet | Hayes GrierOnde histórias criam vida. Descubra agora