79| pov

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- Hailey -

São quase quatro da manhã e eu não paro de dar voltas à cama, sem dormir. Mesmo que eu não queira, estou preocupada com o Hayes. Ele ainda não apareceu desde a nossa discussão e eu tenho medo de onde ele possa andar ou do que lhe tenha acontecido. Acima de tudo eu importo-me com ele, muito mais do que a Kate que deve estar no décimo sono. Talvez.

Suspiro sentando-me na colcha da cama pousando os pés, cobertos por meias cinzentas, no chão. As minhas pernas são apenas tapadas por uns calções curtos de fato de treino e uma t-shirt larga e fina de dormir. Levanto-me e saiu do quarto sem fazer barulho para não correr o risco de acordar alguém. Mesmo eu sabendo que o Nash deva estar acordado e com o mesmo problema que eu, não o consigo encarar. Isto é tudo culpa minha, ele ter-se ido é culpa minha.

Desço as escadas calmamente e vou até à cozinha. As luzes do luar e da rua estão a iluminar a escuridão da noite que entra pela janela ligeiramente aberta. O meu corpo estremece quando o vento embate na minha pele, porém eu ignoro-o e puxo uma das cadeiras à volta da mesa para me sentar. Encosto as costas à parte alta da cadeira com os joelhos junto ao peito. Os meus olhos observam a sala escura e, por fim, a porta. Será que ele vai aparecer, pelo menos?

E se não aparecer? O que vai ser de mim sem ele aqui? Quer dizer, é por ele que eu estou aqui então se ele já não estiver, eu tenho de voltar, certo? Deus, só de me imaginar naquela casa solitária outra vez... Isto parece egoísta e talvez eu realmente seja egoísta mas tenho as minhas razões. E quanto mais longe daquela casa, melhor.

Só agora é que me lembrei que ainda não liguei ao Jonas desde que cheguei. Mas depois trato disso. Eu queria que ele estivesse aqui comigo, mas ele não está. Com ele as coisas seriam diferentes e melhores. Eu podia ir até ao quarto dele, deitar-me na sua cama quente e falar-lhe dos meus problemas e mesmo que ele estivesse a morrer de sono, ele iria ouvir-me e dar os seus melhores conselhos. Porque isso é o que o Jonas faz e eu sinto a falta disso.

Eu assusto-me quando a porta é aberta e os meus olhos voam até ela. Imediatamente reconheço a camisola branca e as calças escuras do Hayes. Ele anda um pouco baloiçante mas consegue chegar à cozinha, assustando-se quando me vê.

"O que que- porquê que não estás a dormir como devias?" Eu tento não me danificar com o seu tom áspero e levanto-me passando os meus braços pelo seu corpo gélido. Sinto-o estremecer, sem retribuir o abraço. Bem, uma parte de mim já esperava que ele o fizesse mas não posso esquecer o facto de ele estar aqui.

Dou um passo para trás afastando-me ligeiramente dele, olhando para o seu rosto. O meu maxilar treme quando eu reparo nos arranhões que ele tem na sobrancelha e no topo da bochecha esquerda, o seu lábio inferior também está levemente cortado e a pele por baixo do olho negra. Os seus olhos azuis escuros também me observam.

"O quê que te aconteceu?" Eu pergunto-lhe engolindo a minha vontade de lhe tocar nos ferimentos. Eu tenho de me lembrar que nós estamos a meio de uma discussão que não é tão fácil de resolver como eu quero tornar. Ele preferiu confiar na Kate do que em mim.

"Nada em que te devas meter." Ele diz rudemente e senta-se na cadeira em que eu antes estava, ele gesticula o pulso como se estivesse a verificar de que não tinha partido nenhum osso. Espera, porquê que ele está com duvidas? Ele andou a lutar, outra vez?

Abano a cabeça suspirando e caminho até ao armário da dispensa retirando de lá a caixa de primeiros socorros. Pouso-a em cima da mesa e sei que os olhos dele queimam em mim. Molho um pedaço de algodão no frasco do álcool e estendo-o à sua frente.

"Quê isso?" Ele pergunta.

"Para desinfetares os cortes." Eu digo o óbvio sem deixar de revirar os olhos.

Internet | Hayes GrierOnde histórias criam vida. Descubra agora