Internet | Hayes Grier

87| pov

- Hailey -

"Olha quem ela é..." A voz grossa de um rapaz faz-me saltar de susto e viro a cabeça para encontrar um moreno com um dos braços completamente tatuados. Eu lembro-me de o ter visto no meet. "Namorada do Hayes, ah?" Ele passa os braços por cima do balcão enquanto leva um copo aos lábios.

"Nós não estamos juntos." Eu digo surpreendendo-me depois pela minha voz ter suado tão firme e decidida.

Ele balança a cabeça sem fazer perguntas, bebendo o resto da substância transparente apenas num golo. "Hoje em dia ninguém é de confiança, nunca se pode prever quem te vai apunhalar pelas costas nem quando."

"Porquê que dizes isso?" A minha expressão muda rapidamente para uma mais confusa, encarando-o.

Ele encolhe os ombros. "Não é por isso que estás aqui?"

Eu não respondo e ele também não insiste. Sinto uma leve pontada no fundo da minha cabeça e repreendo-me por ter bebido tanto. Eu não o costumo fazer mas esta noite é como se precisasse mais delas do que noutra qualquer.

Os meus olhos percorrem a pista de dança procurando uma cabeleira morena. Contudo, é impossível. Quase todas as raparigas da festa são morenas o que dificulta a minha procura pela Madison. Eu deveria preocupar-me porque sem ela não tenho como ir para casa, mas simplesmente não quero saber.

"Queres ir apanhar ar lá fora?" O Nate pergunta inesperadamente. Viro-me para ele com a testa franzida. Ele não está a meter-se comigo, está? "Estás com cara de quem precisa, mas também podes dizer que não. A sério, eu não levo a mal de qualquer das maneiras."

Eu faço uma pequena revisão das hipóteses que tenho dentro da minha pequena mente. Se ele se for embora, eu vou ficar sozinha e provavelmente, algum desconhecido vai tentar-se meter comigo, oferecer-me mais copos e eu não faço a mínima ideia do que acontece depois. Também pode acontecer que a Madison apareça e me leve daqui para fora. Se for com ele, estou segura. Quer dizer, os rapazes conhecem-no, não deve ser assim tão mau.

"Não, eu vou contigo." Forço um pequeno sorriso a que ele tenta retribuir mas acaba por falhar. Ele puxa ligeiramente a minha mão quando me levanto do banco e guia-me até á entrada. A fila de pessoas ainda lá está, mas mais comprida agora.

"Hey, Nate." Um rapaz loiro vestido de roupas pretas e óculos de sol diz para o Nate. Reparo na lista de nomes que ele tem na mão, e logo percebo que ele é o encarregue pelas passagens. "Miúda, nova?" Os seus olhos negros desviam-se para mim, mais precisamente para o meu corpo. Eu mexo-me desconfortável apertando mais a mão do Nate. "Aproveita. O meu pai sempre disse que as loiras são as mais boas onde tu sabes."

"Vai-te foder, Jason." O Nate cuspe mais frio que antes. Ele arrasta-me atrás do seu corpo forte para a rua das traseiras, agora mais escura e fria do que quando vim cá com a Madison. "Desculpa por ele, não sabe o que diz." Ele retira um maço do bolso das calças e abre-o.

"Não tem mal." Eu digo-lhe. A minha mão é libertada da sua e eu sinto um vazio acumular-se, não por eu gostar de o ter perto de mim mas pelo facto de ele ser o meu único conhecido daqui e eu me sentir segura com ele. Os meus olhos analisam o beco em que nos metemos e eu logo distingo os grandes contentores abarrotados de lixo ao fundo.

"Queres um?" Ele estende-me um cigarro depois de acender o seu e o meter por entre os lábios.

Eu rapidamente nego com a cabeça. "Não, eu não fumo."

"Tens a certeza?" Ele continua a segurar aquilo na minha direção. "Isto faz com que as coisas pareçam melhores. Tu sabes, como quando te sentes incapaz de fazer algo, isto ajuda a que esse algo perca metade da importância que tem e tu consegues-lo fazer. Foi a maior descoberta que fiz em toda a merda da minha vida, sabes?"