Passei o restante do dia bastante animada, afinal, tinha um culto para ir. Tomei um banho morno e vesti uma saia rodada preta e uma camisa branca. Arrumei meus cabelos em uma trança embutida, passei um batom rosado e peguei a bíblia que Lavínia me dera.
Eu nunca havia ido à sua casa, mas o endereço não foi difícil de achar, era logo no final da rua. Apertei a campainha e aguardei. Enquanto esperava, reparei nas paredes pintadas de verde claro que combinavam perfeitamente com o portão marrom. Alguns minutos depois, um rosto familiar apareceu.
– Esther! Entre! – Lavínia disse abrindo o portão.
– Com licença. – entrei.
– Pode ficar a vontade. Já estou acabando de me arrumar.
Sentei-me no sofá de couro branco, fazendo o meu melhor para causar uma boa impressão. Na sala haviam várias fotografias, pude ver Lavínia e suas irmãs brincando, Lavínia se formando no ensino fundamental, entre outras.
Também reparei em um quadro relativamente grande que dizia o seguinte:
"Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
Que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito."Era uma frase realmente muito bonita. Não pude evitar imaginar como aquela família deveria ser perfeita. Ouvi passos no corredor, e logo em seguida estava de cara com Lavínia, seu pai e sua mãe.
– Olá. Você deve ser a Esther! – o pai estendeu a mão para me cumprimentar.
– Oi, prazer. – respondi timidamente, retribuindo o cumprimento.
– Me chamo Estevão. O prazer é todo meu. Lavínia nos falou bastante de você! – logo percebi que eles se pareciam muito, desde os olhos claros até o cabelo loiro.
Abri um sorriso envergonhado, não esperei que eles já soubessem quem eu era. Logo a mãe também veio me cumprimentar, me dando um beijo na bochecha.
– Eu sou a Raquel. É um prazer te conhecer, querida.
– O prazer é todo meu.
Não disse que eram uma família perfeita? Todos eram muito simpáticos e gentis, algo que eu logo de cara admirei muito.
– Podemos ir? – Estevão perguntou a Lavínia.
– Sim, pai. – ela acabara de colocar um salto vermelho que combinava perfeitamente com seu vestido preto de rendas.
– Suas irmãs não vão? – perguntei a ela.
– Hoje não. Estão na casa da minha tia.
– Ah, entendi.
(...)
Chegamos cedo à igreja, a maioria dos bancos ainda estavam vazios. Nos sentamos na terceira fileira, fiquei entre Lavínia e sua mãe.
– Você não tem que se sentar com o grupo? – sussurrei em seu ouvido.
– Estou abrindo uma exceção hoje. – deu uma piscadela.
O culto começou, e a melodia de uma bela canção logo encheu os meus ouvidos.
"Oh! quão cego andei e perdido vaguei,
Longe, longe do meu Salvador!
Mas do céu Ele desceu, e Seu sangue verteu
Pra salvar um tão pobre pecador."A música era realmente muito bonita, e eu senti algo muito bom inundar meu interior. Era como se algo me transbordasse, arrancasse todos os meus temores o e substituíssem por alegria e paz.
Logo o pastor começou a ler uma passagem bíblia que dizia:
"Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." - João 14:27
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Transformação
SpiritualEsther é uma garota complicada. Desde sua infância se sentiu sozinha e perdida, não crendo em coisa alguma. Até que um dia um menino bate em sua porta e lhe faz um convite estranho... Suas palavras não são dotadas do menor sentido, mas inexplicavelm...