Capítulo 25 - O garoto dos meus sonhos

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– Max! – chamei-o assim que entrei na sala de aula.

– Oi! Você está bem? – acrescentou ao ver minha ansiedade.

– Eu preciso falar com você!

– Desse jeito você me assusta!

– Relaxa, só quero tirar uma dúvida! – esclareço antes que ele ligue para ambulância achando que não estou bem.

– Ah! – seu alívio é notável – E qual é?

Eu realmente não sabia como explicar, então desejei com todas as minhas forças que eu conseguisse formular uma explicação plausível.

– Você acredita em sonhos? – perguntei.

– Mas é claro. O que nos tornamos se não sonhamos?

– Não, não nesse sentido.

Max me lança um olhar intrigado. Pelo visto isso vai ser mais complicado do que eu esperava.

– Vou ser mais clara: você acredita que alguns sonhos podem ser mais do que apenas... sonhos?

Uma expressão de compreensão se fez presente em seu rosto.

– Agora eu entendi onde você quer chegar! – respondeu.

– Você acredita?

– Sim. Eu acredito.

– Como? – questionei.

– Eu já vi isso acontecer. Ou melhor, isso já aconteceu com a minha mãe.

– Me conte! – pedi.

Max sentou-se ao meu lado e começou sua narrativa:

– Eu tinha oito anos. Meus pais planejavam viajar para o interior, íamos visitar uma tia distante. Porém, no dia anterior à nossa viagem, minha mãe sonhou que sofriamos um acidente. Eles cancelaram a viagem imediatamente. No dia seguinte, em todos os noticiários, vimos que um grande acidente realmente havia acontecido, e justamente na rodovia que passaríamos o maior tempo de nosso percurso.

Fiquei impressionada, chocada, mas ao mesmo tempo aliviada. Isso significava que eu não estava ficando louca. Encarei meus sapatos sem saber o que dizer.

– Nem sei o que dizer.

– Isso é um dom! – retrucou – Em toda a bíblia vemos Deus falando e alertando seus servos através de sonhos. Por que hoje em dia seria diferente?

– Eu não sei. – respondi sinceramente – Mas me sinto aliviada. Toda essa coisa estava me deixando confusa.

– Mas por que me perguntou isso? Quer dizer, por que de repente essa curiosidade?

Nesse momento o professor Robert entrou na sala de aula, munido de seus livros e seu mau humor incontestável.

– Porque eu acho que isso está acontecendo comigo. – respondi um pouco mais baixo, tentando ao máximo evitar ser o alvo de advertências do professor.

– Me conta tudo! – pediu.

Abri a boca para falar, mas logo Robert nos lançou um de seus olhares do estilo fica-quieto-ou-saia-da-sala. Disfarçei por alguns minutos, me certificando de estar passando a impressão de boa aluna.

Não me entenda mal, eu sou uma boa aluna, mas na aula do professor Robert parece que o conteúdo simplesmente não entra na minha cabeça. Para ser sincera, acho que não entra na cabeça de ninguém.

Quer dizer, a matéria em si é interessante e tudo o mais, mas o padrão das aulas é muito monótono e todos se sentem em um monólogo. Acho que os melhores alunos já passaram por isso.

– Lembra do menino que te falei ontem? Aquele que me convidou para ir à igreja? – me inclinei a fim de cochichar no ouvido de Max, que estava sentado na minha frente.

– Lembro! – ele sussurrou de volta, enquanto copiava algumas anotações em seu caderno.

– Um dia antes de sua visita inesperada na minha casa, eu o vi em um sonho.

– Jura? – mesmo estando de costas para mim, sua surpresa era evidente – Por falar nisso, tentei descobrir quem ele é.

– E o que descobriu?

– Termina de falar primeiro.

– Ok. – cedi, mesmo morrendo de curiosidade – E ontem eu tive outro sonho. Ou melhor, não parecia bem um sonho. Era algo... real.

– Uau! Esther, eu estou impressionado!

– Sério? Por quê? – encarei-o desconfiada, mas o pequeno sorriso em seu rosto me confortou.

– Deus está falando com você através de sonhos! – respondeu, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo – Esther, Deus está falando com você!

Não soube o que dizer, minha felicidade não podia ser medida muito menos expressada em palavras. Me contentei em abrir um enorme sorriso.

Deus está falando com você!

Essa palavra não parava de ecoar em minha mente. Deus é tão maravilhoso. Além de ter me libertado, salvado e transformado, ainda tem a bondade de falar comigo.

Fiquei longos minutos perdida em meus pensamentos, até me dar conta do olhar do meu companheiro sobre mim.

– Me desculpe. – soltei – Eu só fiquei muito feliz com tudo isso! Você entende?

– Claro que entendo.

Esboçei um sorriso.

– E você realmente descobriu quem era aquele menino? – já quase ia me esquecendo desse detalhe tão importante.

– Eu acredito que sim!

– Então me conte! – exigi. Eu sinceramente queria saber quem era aquela criança tão graciosa e que tanto me ajudou, mesmo que só tenha me dirigido poucas palavras em tão poucos minutos.

– Eu dei uma pesquisada, – Maxwell começou – e quando digo "pesquisada", significa que eu perguntei até para as pessoas mais inusitadas. Conversei com meu pai, minha mãe, o Michael que é um curioso de primeira... Até consultei outras crianças da igreja.

– E o que descobriu? – mesmo sem poder ver a mim mesma, tinha plena certeza de que meus olhos transbordavam ansiedade.

– Não existe nenhum garoto que se encaixe na idade e descrição que você me passou!

– Mas... – comecei, sem conseguir entender.

– O menino que mais se parece com seu relatório é o filho da líder das irmãs, mas ele já tem 12 anos.

– Não. – respondi convicta – Não é ele. A criança era bem mais nova.

Mil pensamentos passaram em minha cabeça, misturados com um pouco de dúvida e curiosidade. Olhei para Max tentando encontrar alguma resposta, mas seu rosto apenas me deixou ainda mais surpresa. Eu esperava ver minha incerteza e preocupação refletida em seu semblante, entretando vi um pequeno sorriso formar-se no canto de seus lábios.

– Por que está rindo? – indaguei, sentindo minha testa franzir-se levemente.

– Eu não estou rindo! – respondeu, embora continuasse com a mesma impressão de saber algo a mais que eu.

– Mas você disse que havia descobrido quem ele era! – questionei, tentando ao máximo não soar aborrecida.

– E descobri!

– E então...?

– Você ainda não descobriu? – me encarou com uma expressão divertida, o que de certa forma me tranquilizou um pouco.

– Não. – falei sinceramente.

– Esther, – suas mãos seguraram meu rosto – ele era um anjo.



Oi gente, como vocês estão?
Não se esqueçam de deixar suas estrelinhas e suas opiniões.

Que Deus abençoe a cada um!

Beijos! ❤

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