Capítulo 27 - Um pedido de socorro

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– Alô? – do outro lado da linha ouvi alguns gemidos, como se alguém estivesse gravemente ferido ou com muita dor.

Alô... – a voz estava trêmula e entrecortada – Esther?

– Sim, sou eu. – tentei responder o mais calmamente possível, como se essa estranha ligação não tivesse me preocupado.

Aqui é a Iasmin. – a misteriosa voz do outro lado da linha respondeu.

Iasmin. A minha coleguinha traidora. A namorada do Brian. A mãe do filho do Brian. O que será que ela queria? Seja lá o que fosse, sua situação não parecia estar nada boa.

– Esther? Ainda está aí?

– O que você quer? – perguntei diretamente. Parecia que toda a alegria que irradiava de mim à alguns segundos atrás havia sido sugada por um aspirador de pó gigante.

Eu... Eu preciso da sua ajuda.

– Para quê? – eu sei que estava sendo grossa, mas essa era exatamente a intenção.

– Eu estou passando muito mal. Por favor... Me ajude! – implorou.

– Onde você está?

Em casa... Por favor... Não quero perder meu bebê...

Eu confesso que a vontade de desligar o celular e ir embora para a minha casa foi tentadora. Muito tentadora. Ter a Iasmin me ligando e pedindo ajuda era algo inacreditável. Mas, para a minha surpresa, eu fiz algo ainda mais inacreditável.

– Já estou indo.

(...)

Corri até a sua casa, que por sorte já visitei muitas vezes. Seus pais sempre viajaram bastante, então quase todas as festas aconteciam lá. O portão e a porta estavam abertos, então logo entrei sem ao menos me dar ao trabalho de chamar.

– Iasmin! Iasmin! – gritei enquanto a procurava pelos corredores.

– Aqui... – uma voz mais parecida com um lamento veio ao meu encontro. Segui o som, que me levou até seu quarto.

A cada seguinte não foi nada bonita e muito menos agradável. Iasmin estava caída no chão, o celular preso em sua mão direita, enquanto uma poça de sangue circundava seu corpo.

– Ai meu Deus! – foi tudo o que consegui dizer – Eu vou ligar para a ambulância!

– Não! – gritou desesperada – Por favor, não!

– Iasmin, você não está bem! Eu preciso chamar uma ambulância! – falei como quem conversa com uma criancinha.

– Não! Somos de menor, Esther. Eles vão querer contatar meus pais!

– E...?

– E eles não sabem! Eles ainda não sabem que estou grávida!

– O QUÊ? – praticamente gritei, perguntando pra mim mesma se essa situação poderia se tornar ainda mais complicada – Mas você está com o Brian! Como seus pais não sabem?

– Para eles estamos apenas namorando! – soltou um grito de dor após pronunciar essas palavras.

– MAS IASMIN, QUANDO VOCÊ ME CONTOU DA GRAVIDEZ EU DISSE QUE LOGO APÓS CONTAR PARA O PAI DA CRIANÇA, VOCÊ DEVERIA CONTAR À SEUS PAIS! – gritei, indignada. Afinal de contas, para que tinha servido meus conselhos mesmo? Pelo jeito, somente para afastar Brian de mim.

– Se você ainda não percebeu, eu não sou uma pessoa muito boa. Agora por favor, me leve para o hospital!

– Tudo bem!

(...)

Max chegou em seu carro cerca de dez minutos depois. Ele me ajudou a colocar Iasmin dentro do automóvel, e nos dirigimos o mais rápido possível até o hospital.

Ficamos 30 longos minutos sentados na sala de espera, até que o médico nos informou que poderíamos vê-la.

– Oi. – disse assim que entrei na sala. Vi que um soro estava conectado ao seu braço direito.

– Oi. – ela respondeu fracamente.

– Você está melhor?

– Estou sim. O médico disse que o bebê não corre perigo, graças a você. Se tivesse demorado mais um pouco, talvez fosse tarde demais.

– Então ainda bem que não demorei.

- Esther, obrigada. De verdade.

Confesso que não sei lidar muito bem com excessos de elogios, então agradeci mentalmente quando Brian irrompeu em alta velocidade pela porta da sala.

- Ai meu Deus! Yasmin você está bem? O bebê está bem? - perguntou em um tom claramente preocupado.

Vê-lo tão atencioso e exalando preocupação de certa forma despertou em mim uma estranha esperança. Desde que ele engravidou a Iasmin eu passei a vê-lo como uma pessoa má e irreconciliável, e quando soube o que fez com Lavínia guardei ainda mais ressentimento, mas contemplar o desespero e uma mistura de empatia em seu rosto fez com que eu questionasse se ele não estaria a procura de redenção.

- Oi, Esther! - só então pareceu notar-me no recinto - O que faz aqui?

Abri minha boca para responder, mas Iasmin fez isso por mim:

- Ela me ajudou. Se não fosse a sua ajuda eu... - não concluiu a frase.

- É verdade? - Brian encarou-me um tanto desconfiado, sua expressão passando de incredulidade à surpresa.

- Sim. - respondi simplesmente.

(...)

Iasmin tomou algumas medicações e logo se pôs a dormir. Enquanto isso Brian e eu nos sentamos na sala de espera.

- Esther? - me chamou, tirando-me dos meus confusos pensamentos.

- Oi.

- Por que você fez isso?

- Porque... - pensei um pouco na resposta - era a coisa certa a se fazer.

- Mas eu te fiz tanto mal. Nós te fizemos tanto mal. Por que você fez isso? - vi seus olhos serem banhados pelas lágrimas.

- Eu não me importo com o que vocês fizeram. - respondi, e ao mesmo tempo fiquei surpresa com as palavras que saíram da minha boca.

- O quê?

- Eu não me importo. Isso está no passado. Jesus deseja que amemos e ajudemos a todos, e é isso o que eu vou fazer.

Por um momento ninguém disse nada, mas aquele silêncio não me deixou desconfortável.

- Obrigado! - Brian disse por fim, seus olhos azuis brilhando demais.

- Não precisa me agradecer.

- Na verdade preciso sim, e sei como vou fazer isso!

Por um momento fiquei confusa. O que ele faria por mim?

- Como? - perguntei ligeiramente desconfiada.

- Descobrindo o que Peter e Jason queriam com a sua mãe.






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