Acordei bem cedo, afinal de contas, era mais um dia de branco. Vesti uma calça jeans, um All Star e uma camiseta roxa. Em poucos minutos já estava dentro do ônibus, que por sinal estava lotado.
Por pouco não chego ainda mais atrasada à faculdade. O professor Jefferson me fuzilou com seu olhar quando apareci na porta.
– Com licença. Posso entrar? – pedi educadamente enquanto sentia os olhos de toda a turma sobre mim.
– Pode, mas ficará com falta nessa aula.
– Obrigada. – murmurei.
Sentei-me no mesmo lugar de sempre e tentei me concentrar ao máximo nas palavras que saiam da boca do professor, que por sua vez me pareciam desconexas e isentas de sentidos.
(...)
O sinal tocou para anunciar o início do intervalo, o que eu aceitei de muito bom grado. Me dirigi até a cantina, comprei um lanche e um suco de laranja. Comecei a caminhar até uma das mesas, quando senti uma mão em minhas costas.
– Oi, Esther. – Max abriu um sorriso.
– Ah, oi. – falei um tanto surpresa, afinal de contas, aquilo era uma surpresa pra mim.
– Você está bem?
– Estou... e você? – respondi hesitante.
– Estou bem sim.
– Fico feliz. – afirmei sinceramente – A propósito, o que você queria me dizer ontem?
– Não era nada muito importante. Só queria dizer que fiquei muito feliz ao ver você aceitando a Jesus semana passada, meus parabéns.
– Muito obrigada! – não pude conter um sorriso verdadeiro.
– Te garanto que foi a melhor decisão da sua vida, você não vai se arrepender! Eu mesmo demorei muito tempo para conhecer a Jesus, mas quando ele entrou na minha vida, foi como se um fardo saísse de minhas costas.
– Muito obrigada! Eu estou muito feliz, também me sinto renovada, como se fosse uma nova pessoa! – era a primeira vez que confessava isso em voz alta.
– Se precisar de ajuda, conselhos, ou um ombro amigo, eu vou estar aqui. – me olhou com uma cara muito fofa, seus olhos castanhos esquadrinhando cada centímetro do meu rosto.
– Muito obrigada, Max! – o encarei, mas seu rosto demonstrava que ainda não havia dito tudo o que desejava.
– Esther... Posso te fazer uma pergunta indiscreta?
Fiquei um pouco confusa, mas assenti.
– Você... – hesitou – Você gosta de mim?
Não pude conter um riso abafado.
– É claro que eu gosto, Max. É meu amigo!
Seus lábios se curvaram em um sorriso discreto.
– Não quis dizer desse jeito. – olhou para o chão encabulado.
– Oh! – meu Deus, esse dia estava cheio de surpresas – Não sei o que dizer.
– Só responda sim ou não.
O olhei desconfiada, afinal de contas, o que ele queria? Será que pretendia ouvir minha confissão sobre meus sentimentos e depois me dar outro fora?
– Sim. – disse por fim – Eu gosto de você!
Vi seu sorriso se abrir de orelha à orelha.
– Então posso te fazer um pedido? – senti sua mão segurar a minha, sem se importar com os olhares curiosos que nos fulminavam – Ou melhor, um convite?
– Sim?
– Você quer orar comigo?
– Como assim, Max?
– Quis dizer a gente orar e pedir para Deus uma resposta sobre... sobre nós. Você aceita?
– Eu aceito! – abri um sorriso.
(...)
– Lavíniaaaa, preciso te contar uma coisa! – puxei-a pelo braço e levei-a para um canto menos movimentado.
– O quê? Quer dizer, além do fato de talvez eu precisar de um transplante de braço depois desse aperto que você deu no coitado.
– Me desculpe! Foi a minha empolgação!
– Eu percebi.
Apesar do seu tom de voz demonstrar simpatia, percebi que eu realmente havia quase arrancado o braço da coitada. Meu Deus, minha força era maior do que eu imaginava.
– É sobre o Max! – adiantei o assunto – Ele veio falar comigo agorinha.
– E deixa eu adivinhar: pediu para orar com você? – vi um sorriso de canto se formar em seus lábios pintados com um batom vermelho.
– Você já sabia? – eu sinceramente não sabia se ficava surpresa ou decepcionada.
– Mas é claro! Ele veio pedir minha ajuda e minha humilde opinião.
Mas é claro que pediu. Como não pensei nisso? Entretanto, algo ainda me incomodava. Simplesmente não conseguia tirar da minha cabeça o modo como Talita pareceu afastá-lo de mim na noite anterior.
– Tem algo errado? – a voz de Lavínia me tirou dos meus devaneios.
– É só uma pequena ideia que não quer sair da minha cabeça.
– Me conta.
– A Talita gosta do Max?
– Esther, você sabe que eu não sou do tipo de pessoa que sai por aí contando os segredos dos outros! Da minha boca você não vai saber! – respondeu em um tom divertido.
– Por favor, eu preciso saber!
Laví abriu a boca para responder, mas nesse momento um garoto que reconheci como nosso companheiro de turma veio até nós.
– Lavínia, eu posso falar com você? – o mesmo se pronunciou.
Reparei em seus olhos verdes muito claros e seu cabelo castanho. Tinha um semblante angelical, mas sua presença por algum motivo me deixou incomodada.
– Diga, Phillip. – Laví respondeu, deixando transparecer sua impaciência.
– Será que você poderia ao menos pensar um pouco na proposta que eu te fiz?
– Phillip, eu já te disse que o vejo apenas como um amigo!
Nesse momento eu já estava me sentindo uma tocha olímpica. Sorrateiramente fui me distanciando, afinal de contas, é horrível se intrometer ou presenciar esse tipo de conversa.
Enquanto me esgueirava pelo corredor comecei a pensar nesse tal Phillip. Até onde eu sabia, era um dos garotos mais populares da universidade e um grande mulherengo. Ele podia ser bonito e ter uma aparência inocente, mas decididamente não ganharia o prêmio do ano como melhor pessoa. Ainda bem que Lavínia era uma garota consciente e não cairia em sua lábia.
Eu teria continuado a pensar, mas logo senti meu celular vibrar no bolso da minha calça jeans. Olhei o visor e detectei uma nova mensagem que dizia o seguinte:
"Muito obrigada por me deixar sozinha com aquele traste do Phillip, sua traidora. Haha
Obs: eu disse que pela minha boca você não saberia se a Talita gosta do Max... Bem, digitar não é falar... Sim, ela é apaixonada por ele desde o ensino médio. Mas não te falei nada hein? Te vejo na sala!"
Não pude conter um sorriso.
Oi gente. Me desculpe pela demora para postar capítulos novos, mas prometo que tentarei compensar postando toda semana.
Vem grandes surpresas pela frente!
Obrigada pela leitura, que Deus abençoe a cada um!
Beijos! ❤
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Transformação
SpiritualEsther é uma garota complicada. Desde sua infância se sentiu sozinha e perdida, não crendo em coisa alguma. Até que um dia um menino bate em sua porta e lhe faz um convite estranho... Suas palavras não são dotadas do menor sentido, mas inexplicavelm...