Fatos e boatos

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A vida de Maria Lúcia parecia o replay de uma fita cassete no aparelho de vídeo antigo da vovó. Ela achava que faltava uma peça importante para que se considerasse uma mulher feliz, plenamente feliz, ela só não sabia ainda, qual era essa peça importante que faltava em seu quebra-cabeça.

Ela tinha um bom emprego como arquiteta aos seus 24 anos de idade. Ganhava uma boa grana e isso era muito importante no cenário de desemprego que assolava grande parte das pessoas ao seu redor. Ela tinha ótimos amigos, seus melhores amigos. Sofia , Tiago e Guilherme. Mesmo que ela tenha se afastado deles, porque talvez (mas só talvez, aos olhos do seu namorado, seus amigos não eram as melhores companhias pra ela e ela inconscientemente concordou com ele e aos poucos se afastou).

Ela tinha uma ótima família, não perfeita é claro. Porque famílias perfeitas, só existiam em comerciais de margarina. Isso ela já compreendia. Sua família eram sua mãe e irmãs. Seus pais divorciados há algum tempo, e pra ser sincera, seu pai não lhe fazia falta, afinal, ele nunca estava presente.

E ela tinha um ótimo namorado, Alessandro. Por mais que ele não deixasse ela sair só com os amigos e também, por mais que ele não permitisse que ela usasse vestidos e shorts curtos, alegando que era vulgar, ele era um ótimo namorado. Ah, e também, por mais que ele a levasse (raríssimas vezes) a bares e boates e o tempo todo ficasse secando outras mulheres (lindas e sensuais por sinal com seus vestidos e shorts curtos), ela sabia que ele a amava e ele não queria que outros caras ficassem a olhando como se ela fosse um pedaço de bife na vitrine do açougue (mesmo que ele fizesse exatamente isso com as outras garotas). Quando ele não deixava que ela usasse uma roupa um pouco mais decotada, ele só estava se preocupando com ela. Excessivamente talvez. Com um ciúme exagerado, e até mesmo descontrolado e por vezes obsessivo. Ela sabia que ele não fazia por mal. Ela sempre dizia aos seus amigos "vocês precisam concordar que o ciúme dele demonstra o quanto ele me ama e como se preocupa comigo". E assim, tudo que Maria Lúcia ou Malu, achava divertido, como curtir uma balada com seus amigos, ou usar um shorts curto (que a deixava muito bonita por sinal) era deixado de lado, porque Alessandro era seu namorado e ela não queria brigar por bobagens. Eles já namoravam há dois anos e ela o amava (era nisso que ela acreditava ao menos). Pra ela não valia a pena, estragar uma noite super divertida com seu namorado, narrando a ela, como havia sido excepcional o futebol com os amigos do trabalho; e como havia sido relaxante o surf do final de semana na praia, afinal todo aquele calor de 40º do Rio de Janeiro deveria ser aproveitado por ele. Malu ouvia atentamente seu namorado contando suas aventuras e momentos de diversão com os amigos. Infelizmente ela não tinha nada tão extasiante à contar pra ele, até porque sua vida se resumia do trabalho para casa, da casa para o trabalho. Ela gostava dessa vida (ou pelo menos a fizeram acreditar que ela estava bem vivendo assim, numa rotina massacrante, sem diversão na praia com os amigos, sem aventuras, sem euforia). Aquela Malu cheia de sonhos, com vontade de desbravar o mundo, aquela Malu estava escondida em algum lugar dentro dela, ansiosa pra se libertar. No entanto, algo a estava impedindo de levantar voo. Ela [só] ainda não sabia o que era!

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Hello peoples :D

E ai, se identificou com algo do que passa na vida de Malu? Já viu alguém fazendo/vivendo isso? Pois é, quem nunca né non?

Comenta aí se gostou (e não tbm) :D

Beijas <3

Lençol, café e travesseiro: sobre dores e amores verdadeirosOnde histórias criam vida. Descubra agora