capítulo 13

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   Vou dizer o que fazia
   O rei com o barbeiro
   Que montava no seu carro
   Na roupa só tinha cheiro
   Iam visitar as moças
   Só chegavam no terreiro.

   No Palácio de José
   Quando o rei lá, saltava
   A princesa na janela
   Mas não cumprimentava
   Se o rei subia a calçada
   O palácio se fechava.

   O rei mandava de novo
   Começar a rodear
   Ela deixava a janela
   Procurava outro lugar
   O rei se desenganou
   Não quis mais nem passear.

   Vamos tratar de José
   De que forma se arranjou
   Lhe disse a princesa:
   Eu vou ver que jeito dou
   Para o barbeiro passar
   Pelo que você passou.

   Quis a princesa vingar-se
   Do que o barbeiro fazia
   Escreveu sua resposta
   Com grande aristocracia
   Com letras feias e gregas
   Que o diabo sabia.

   Dizendo: "meu caro neto
   Eu aqui estou sossegado
   Fiquei ciente de tudo
   Que me foi participado
   Pelo mesmo portador
   Lhe comunico o passado.

   Eu aqui sou um guerreiro
   Não me sujeito a ninguém
   Mande sem falta o barbeiro
   Que por hora aqui não tem
   Para cortar meu cabelo
   E fazer-me a barba também.

   Vinha na carta dizendo:
   "Às ordens sempre aqui estou
   Mande cá o seu barbeiro
   Bem sabe que lá não vou
   Aceite mil saudações
   Do finado seu avô".

   Aí José se vestiu
   Com a roupa defumada
   Fedendo muito a enxofre
   A espada enferrujada
   Com os cabelos de monge
   A barba toda assanhada.

   Botou a carta no bolso
   No mesmo instante levou
   Antes de chegar na corte
   Ele um praça encontrou
   José era general
   E o Praça nem se importou.
  

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