capítulo 2

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   Levantou-se o velho irado
   Falando desse jeito:
   _você ainda acha pouco
   Os males que tem me feito?
   Assim todos nós iremos,
   Sofrer por seu respeito.

   Aí deu umas lapadas
   No seu caçula Zezinho,
   Nisso foi chegando a velha
   Que já vinha no caminho:
   _meu velho porque fez isso?
   Para que bateu no bichinho?

   _porque foi muito atrevido
   Minha velha Umbelina,
   Ele buliu com pessoas
   Tão alta que nos domina
   Desejando ver as pernas,
   Das moças de pedra fina!

   Se elas souberem disso
   Nos mandaria chamar,
   Nos mentiam na prisão
   E mandava nos matar
   Eu só dei essas lapadas,
   Para o exemplo ficar.

   Aí a velha zangou-se
   Começou logo a chorar:
   _vamos pra casa meu filho
   Para você não apanhar,
   Indo a princesa sabendo,
   Não lhe manda degolar.

   José sempre se lembrava
   Do que o pai tinha lhe feito,
   Dizendo que a família
   Sofria por seu respeito
   Saiu vagando no mundo,
   O que por Deus foi aceito.

   Esse inocente menino
   Saiu, só levou um pão,
   Não tinha um vintém no bolso
   Só quis do pai o perdão,
   E de sua cara mãezinha,
   A sua santa bênção.

   A mãe partida de pena
   Abençoou o menino,
   Vendo o filho tão pequeno
   Sair como peregrino
   Rogo a Deus como bom pai
   Que zele por teu destino.

   O cazuzinha era novo
   Porém era destemido,
   Já fazia mais de um mês
   Que ele tinha saído
   Chegou na beira de um rio
   Medonho e desconhecido.

   Ficou com bastante medo
   Ao atravessar o rio,
   Só ouvia urros de feras
   No pé de um monte sombrio
   Porém tinha pouca água,
   Por ser o tempo de estio.

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