capítulo 8

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   O rei me disse que fosse
   Uma laranja buscar
   No Reino das Laranjeiras
   Como é que posso acertar
   Se não chegar em dez dias
   Ele me manda matar.

   Não tenhas medo José
   Descansa pra jantar
   Enquanto eu existir
   Algum remédio hei de dar
   Vou arranjar um cavalo,
   Que tu possas viajar.

   Pegou ela a ensinar
   Como devia fazer
   Dizendo: _pelas três horas
   Você irá receber
   De um moleque um bom cavalo
   Que te vem oferecer

   Ele compreendeu tudo
   Foi para o ponto esperar
   Com pouco viu o moleque
   Em um cavalo a saltar
   Muito gordo e bem selado
   Capaz de um homem montar.

   Dizendo: _quem quer comprar
   Por cinco contos de réis
   Um cavalo muito gordo
   Calçado de mãos e pés?
   Disse José: _compro eu
   Tu pedes cinco eu sou dez.

   Ele pagou ao moleque
   Aquela grande quantia
   Porém todo privilégio
   O cavalo possuía
   E mesmo estava arreado
   Da forma que ele queria

   A princesa chamou ele
   Tomou a recomendar:
   _daqui lá só são mil léguas
   Com uma hora hás de chegar
   Porém esse seu cavalo
   Não é preciso açoitar.

   Basta que de hora em hora
   Você dê-lhe uma lapada
   Corra siga a toda pressa
   Não te importes com nada
   Porém quando chegar lá
   Encosta a porta fechada.

   Fique bem escondido
   Pra ninguém te pressentir
   Quando bater meio-dia
   O portão há de se abrir
   Entre sem fazer zoada
   Para ninguém te ouvir.

   Dentro tem lobo, elefante
   Urso e camelo urrando
   Cobra, serpente assanhada
   Leão e Leoa rosnando
   Pantera e porco do Mato
   Sobre as laranjas avançando.

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