Capítulo 2

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   Pov – Mathew

Assim que entro no quarto de hotel jogo a bolsa sobre a cama e me sento esgotado. Dia longo e produtivo. Deve ter sido provavelmente o melhor dia da minha vida. Com toda certeza esse foi o melhor dia da minha vida.

Quando aqueles dois rapazes chegaram ao restaurante eu achei que tinha caído numa piada de estudantes. Nunca me passou pela cabeça que dois rapazes tivessem todo esse dinheiro.

Claro que o sobrenome Stefanos que conheço desde que me mudei para Grécia há quinze anos me chamou atenção, mas achei que almoçaria com um executivo de meia idade, alguém de terno e seus advogados, nada disso, dois rapazes de vinte e poucos anos.

A vida é mesmo engraçada. Dois meninos com dinheiro para brincar de filantropia. A fortuna dos Stefanos é astronômica de fato, mas deixarem garotos livres para gastar tanto dinheiro eu achava que era coisa de gente sem noção. Ninguém junta tanto dinheiro assim sem respeita-lo.

Aquela conversa de donos de empresa foi divertida. Fico imaginando que os pais devem ter dado dinheiro para os garotos brincarem de vídeo game e agora eles acham que são empresários do ramo da tecnologia.

Me jogo para trás e olho para o lustre no teto do quarto simples. O fato é que me ajudaram e na verdade pareceram bons rapazes, engraçados, inteligentes e com boa conversa. Acho que ficaram um tanto entediados com o assunto, mas isso só me deixa mais curioso para entender porque vão investir em pesquisas sobre algo que nem mesmo se interessam.

−Matt, não reclama. Lutou por isso a vida toda. – Me advirto.

Tudo que sempre ganhei, cada centavo, tudo guardado para um dia realizar esse sonho, morando em hotéis vagabundos, comendo sanduiches, aceitando fazer palestrar por preços mínimos, juntando os poucos dólares dos livros vendidos, tudo que consegui em dinheiro são trinta mil dólares, levando em conta o valor que necessito precisaria de duas vidas, mas os garotos simplesmente assinaram o cheque. Metaforicamente, o que assinamos foi um pré-contrato e o dinheiro vem para um fundo em meu nome no prazo de dez dias.

São tantas as providencias. Um barco com sonar, equipamento de mergulho, um laboratório, nada muito luxuoso, só alguns aparelhos e um bom computador, luz forte e banheiro. Quem sabe uma cama para dormir quando mergulhar no trabalho. Economizo com moradia e sobra mais dinheiro para as pesquisas e se tudo correr bem então eu posso conseguir mais investidores e...

−Vai com calma cara. – Sorrio. Está difícil, não consigo parar de pensar em tudo que posso fazer. – Alana! – Do nada os olhos azuis dominam minha mente e digo o nome dela em voz alta.

Será que ela já mandou o currículo? Não, claro que não, nos vimos há pouco, ela nem deve ter preparado um. Olho para o celular pensando em verificar.

Ela é linda. Verdadeiramente bonita. Personalidade forte. Sorrio quando me lembro do ar de repulsa ao ouvir minha piada infeliz. Alana. Nome bonito e uma coincidência estranha.

−Alana o que mesmo? – Vasculho a mente. – Kalimontes. Alana Kalimontes. Grega. Linda e formada em biologia como eu. Interesses em comum. – Ela quer um emprego, apenas isso. Tento me concentrar nisso.

Acontece que quando ela subiu no pequeno palco onde fazia a palestra e caminhou até mim eu senti tudo em mim reagir. Como da primeira vez que eu a vi numa palestra minha e me desconcentrei todo.

−Não tinha nada que dizer a ela que se lembrava. Ela deve ter te achado um idiota.

Pode ser, eu sou um pouco, mas estava lá, diante de um monte de rostos sem expressão e então meus olhos cruzaram com os dela e aquele azul infinito me dominou e ela parecia tão atenta, interessada e bonita.

Paixões Gregas - Destinados a Amar (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora