Capítulo 4

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Pov - Bia

Quando a balsa se aproxima de Kirus eu puxo o ar com força, gosto do cheiro da minha terra, e da beleza de cada pedacinho da ilha. Posso sorrir só por estar me aproximando. Procuro por minha mãe, ela está sentada num banco no cais. Me acena sorrindo.

Um sorriso triste é claro, não podia ser diferente tendo as duas filhas longe. Ao menos Laís está feliz. Vivendo em Nova York com o marido Austin. Ele é um ótimo rapaz, cinco anos, três que não a vejo. Mesmo falando com ela quase todos os dias, sinto falta dela.

Austin é um arquiteto, nas primeiras férias remuneradas veio conhecer a Grécia, se apaixonou e seis meses depois voltou para buscar minha irmã. Nunca achei que daria certo. Para mim Laís só queria mesmo desafiar Henri e provoca-lo, mas não, meu padrasto teve que engolir o fato de que ela deu certo. Eles não têm muito dinheiro, mas são felizes, ela ensina grego para executivos e Austin trabalha em uma grande construtora.

Assim que salto da balsa Agatha fica de pé. Minha mãe é ainda uma mulher bonita. Simples, e sem muita vaidade, nesse ponto eu puxei a ela, para desespero de Laís. Quando nos abraçamos e sinto o cheiro de minha mãe meu coração parece se aquecer. Ela me beija o rosto com carinho meia dúzia de vezes. Afasta meus cabelos desalinhados por conta do vento na viagem.

−Estava cheia de saudade. – Ela me beija o rosto mais uma vez. – Amo você filha. Desculpe, desculpe por tudo isso.

−Bobagem mãe. Estou bem. – Nos sentamos no banco, ela com as mãos prendendo as minhas e os olhos marejados, todas as vezes que venho vê-la é isso. Saudade e culpa se misturam.

−Olha. Trouxe biscoitos. – Ela me estende um pote que tira da sacola a seu lado. Abro e sinto o perfume de canela e aveia. Pego um e mordisco a ponta.

−Ainda estão quentinhos. – Fecho o pote para não perderem o calor. Ela balança a cabeça e algumas lágrimas escorrem. – Mãe, eu estou bem.

−Nem poder te levar para casa? Henri não precisava agir assim. Ele precisa parar de achar que tudo tem que ser como ele quer.

−É seu marido e você o ama. Então está tudo bem. Falta pouco mãe, mais seis meses. Então vou estar formada.

−Lutou muito por isso. Sei que passou e passa dias difíceis na faculdade.

−Não é tão ruim. Estudo tanto, nem percebo o tempo passar. – É mentira, me sinto um tanto sozinha na maior parte das vezes. Mesmo assim enfrentei tudo e vou me formar.

−Falou com a Laís?

−Sim. Ela te mandou um beijo, está com saudade e eles estão economizando, talvez ela consiga vir nas férias para te ver.

−Todo ano prometem isso, nunca conseguem. A vida é muito difícil.

−E você mãe? Como estão as coisas por aqui?

−Tudo bem, tudo igual. Henri está vendendo bem. Nessa época do ano enche de turistas, as vendas sempre melhoram. Peguei umas encomendas boas também. Erica vai casar. Encomendou o vestido.

Minha mãe é costureira, assim como minha avó foi até morrer e como Henri queria que eu e minha irmã fossemos. Nenhuma de nós aceitou. Laís queria ganhar o mundo, os dois brigavam dia e noite. Quando minha mãe se casou com ele, Laís já tinha quinze anos e foi difícil. Eu tinha dez, sempre obedeci, vivíamos bem, mas então Laís decidiu ir embora com Austin e ele a proibiu de voltar a sua casa.

Paixões Gregas - Destinados a Amar (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora