6. Alice não me escreva aquela carta de amor!

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Leo acordou no meio da noite e Alice não estava na cama, o lado dela estava vazio e frio o que significava que ela não estava ali há um bom tempo. Ele coçou os olhos demoradamente com as costas das mãos e sentou-se com lentidão no colchão barato, fazendo-o afundar um pouco com seu peso e colocando as pernas para fora da cama até que seus pés tocassem o chão frio. Talvez ela tivesse saído no meio da noite, mas seria uma opção inconsequente já que fizeram amor por mais de três horas e quando ele apagou de cansaço ao seu lado, Alice acomodou-se no corpo do rapaz e fez questão de aninhar-se com o braço dele enlaçado em sua cintura estreita. O subconsciente de Leo registrou o momento em que as carnes macias e pequenas de Alice esquentaram seu corpo novamente ao se aproximar com intimidade antes que ele se entregasse ao sono. Ele finalmente ficou de pé e sentiu as coxas arderem em protesto por terem que sustentá-lo dele depois de tanto esforço para aplacar o fogo interminável do corpo de Alice. Ele espreguiçou-se um pouco e observou no marcador de seu relógio que já contavam mais de quatro da manhã, ciente de que em apenas uma hora e meia deveria estar de pé e pronto para o trabalho.

Ao olhar em volta na sala e na cozinha percebeu que tudo continuava em seu devido lugar, e que Alice não estava por ali e nem parecia ter estado, já que sua bolsa continuava largada sobre a bancada da cozinha, onde ela deixou ontem depois de pular em seu colo, ávida por sexo como sempre. Foi até a geladeira e pegou a garrafa de água, levando-a até a boca e saciando a própria sede diretamente do gargalo. Alice não era como Gabriela, sua ex-namorada, que sempre o recriminava pela mania de beber água na "boca da garrafa", diferentemente da ex, Alice abria um sorriso enorme e dizia que era uma visão sensual de rebeldia velada, e jurava que isso era um afrodisíaco. Leo gostava de ser atraente aos olhos de Alice, afinal, um cara pacato que raramente fazia sucesso com as mulheres deveria se orgulhar de transar todos os dias da semana com uma mulher misteriosa, inteligente, sexy e incrivelmente atraente - muitas vezes transavam mais de uma vez por dia.

A porta do banheiro estava entreaberta, e uma luz amarelada e enfraquecida escapava num feixe que se estendia até quase metade da sala de estar. Leo não havia notado antes por causa do sono. Esgueirou-se até lá e encontrou o que procurava: Alice estava sentada na banheira e havia aproveitado o tampo da tábua de passar para fazer de mesa. Ela estava com uma trança frouxa pendendo pelas costas e seus seios estavam à mostra, afinal, estava tomando banho e Leo sentiu-se um pervertido por espioná-la. Haviam velas espalhadas e um defumador de aromas que deixava uma sensação enebriante no ambiente, muito sensual. Sobre o tampo estavam papéis de carta, uma xícara de café e Alice parecia concentrada ao escrever.

- É algo sobre nós? - Leo falou baixinho ainda da porta.

- São cartas de amor. - Alice disse com um sorriso romântico nos lábios.

- Para quem?

- Todos que um dia deixei. - Ela mordeu o lábio inferior e voltou a se concentrar no que escrevia.

Ele engoliu em seco e percebeu que ela vivia um momento poético.

- Não escreva nada para mim.

- Pode deixar. - Ela sorriu amplamente enquanto sacudia a cabeça de um lado para o outro levemente.

Leo voltou para a cama, mas não conseguiu dormir novamente.

Alice [Não escreva aquela carta de amor]Onde histórias criam vida. Descubra agora