10. Tenho mil motivos pra você me suportar

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- Sou um bom amante!

A risada de Alice tomou conta do bar, fazendo com que várias pessoas entortassem o pescoço na direção daquele delicioso som melódico.

- Eu sei tocar violão. - Leo fez mais uma tentativa. - Várias músicas, na verdade, começando em Djavan, passando por Frejat, até chegar no Iorc.

- Você é um talento perdido. - Alice falou com desdém e um sorriso charmoso no rosto.

- Minha especialidade são massagens nos pés. - Ele arqueou a sobrancelha em evidente desafio.

- Faturou cinco pontos de habilidade! - Alice anunciou.

Ela fazia suas anotações na toalha de papel da mesinha do Bar do Manoel, com a caneta que Leo usava todos os dias na aula do curso de especialização. A caneta favorita de Leo, aquela mesma, que ele sentia absurdos acessos de ciúmes, por ter sido presente de seu avô que faleceu dois dias depois de sua formatura, onde o presente lhe foi entregue junto com a profecia de que aquela tinta seria impressa pelo neto prodígio em centenas de papéis importantes pelos próximos anos. Ele riu da importância que uma toalhinha de papel de mesa de bar tinha naquele instante. Certamente o vovô estaria estribuchando no túmulo, graças aquele sacrilégio.

- Não sei quem te garantiu o posto de Mestre de RPG da vida do Leo. - Ele debochou.

- Hum... - Ela debruçou-se sobre a mesa, fazendo com que o tecido fino de sua camiseta ficasse repuxado a ponto de mostrar um pedacinho da lingerie vermelho-sangue que cobria apenas metade de seus seios, agora espremidos pelos braços delicados de Alice, o que os deixavam deliciosamente expostos. - Espirituoso. Mais dez pontos!

Novos rabiscos na toalha de papel amassada. Novas espiadas de Leo para dentro do decote revelador de Alice. Uma erguida de cabeça repentina e as bochechas brancas de Leo tornaram-se rubras de vergonha pelo flagra.

- Audacioso. - Ela concluiu. - Quinze pontos positivos.

- Pensei que seria penalizado depois dessa. - Ele quase gaguejou.

Alice encarou os olhos escuros e ansiosos do homem à sua frente e apenas sorriu de um jeito que conferia sedução e mistério ao momento, fazendo com que um formigamento irritante se alojasse entre as pernas do rapaz. Ele certamente precisaria de alguns minutos antes de poder levantar a caminhar pelo bar outra vez.

- Bom senso é uma qualidade, quando utilizado na medida certa. - Ela avisou. - E você sempre poderá utilizar o recurso da massagem nos pés.

- Eu tenho mais segredinhos guardados na manga.

- Espero que não só na manga... - Ela sugeriu enquanto deslizava o pé direito, agora descalço, pelas canelas de Leo, subindo pelo joelho e percorrendo sua coxa.

Alice [Não escreva aquela carta de amor]Onde histórias criam vida. Descubra agora