Capítulo 3

56 5 0
                                    

21 horas, Alice já estava em seu quarto dormindo, mas sua mãe permanecia acordada na sala conversando com Patrik.

-Eu não estou fantasiando Patrik, a menina estava vendo coisas, ela me disse algo sobre um coelho com um relógio e eles iam tomar chá, você precisa acreditar em mim, é verdade!- Dizia Amélia já com medo, pois notava que seu marido estava com raiva.

-Ora mulher, não fale lourota! Onde já se viu uma filha minha louca? Se queres que eu acredite, mostre-me provas, enquanto não as tem, sirva-me o jantar. Tanta asneira assim já me deixou perturbado.

Amélia se calou e foi servir o jantar para o marido, embora ela achasse que o que o deixou "perturbado" foi a bebida que tomou antes de ir pra casa. Como sempre, não teve coragem de dizer isso a ele.

Domingo a tarde, Alice e a mãe logo estavam cansadas, já que esse era o primeiro dia de faxina com uma pessoa a menos. A menina ficou de ir juntar as folhas caídas ao lado da arvore no quintal, no término de seu trabalho, deitou-se no chão mesmo e dormiu.

...

-Tic tac, tic tac, vamos, acorde! Você está atrasada para o chá. Venha sem demora!- Disse o coelho usando o mesmo terno elegante e o mesmo relógio de bolso na mão.

O coelho girava incansavelmente em volta de Alice, que olhava abobada cada movimento dele. -Espere-me coelho, conte-me para onde iremos-. Dizendo isso, ela fez o coelho parar abruptamente.

-Para o chá, senhora, já lhe avisei, agora siga-me!- O coelho já estava aborrecido, mas não deixava o tom de pressa de lado.

Alice deu a volta em todo quintal, sempre correndo atrás do coelho, mas quando ambos chegaram no ponto de partida o coelho desapareceu, deixando a menina abismada olhando para todos os cantos, incrédula que o coelho tenha a deixado sozinha outra vez.

-Alice, venha, iremos jantar mais cedo hoje.- Ela saiu do transe, não sabia que seu pai estava ali, temia que ele tivesse visto o coelho, desejava que fosse um segredo seu e de sua mãe.

Essa noite, quem colocou Alice na cama foi seu pai. Foi calada, mas embora fosse uma criança, estranhou o comportamento do pai.

Depois que a menina dormiu, seus pais estavam novamente na sala, na mesma posição de ontem.

-Mulher, você tinha razão.- Afirmava Patrick à contragosto. -Sua filha realmente está virando anormal.

-Eu... Eu avisei, senhor. -disse Amélia, mesmo com medo. Seu marido fitou-a com um olhar fumegante, mas se segurou, até mesmo ele ficou atordoado com o assunto.

-Não tem problema, faremos tudo novamente, teremos outros filhos e esqueceremos o que essas... Inconvenientes causaram. Bom, desta vez seja uma mãe melhor-. Ele favala já subindo as escadas. -Agora venha, estarei lhe esperando.

Patrik não contou à mulher, mas já sabia o que fazer com a menina.

Por trás de AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora