XII

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Os médicos chegaram e me tiraram de la enquanto tentavam reanima-lá, eu gritava seu nome enquanto um dos médicos me levava a força pra sala de espera.

"Se acalme por favor, nós vamos tentar ajuda-la." - ele dizia.

Eu via o movimento de médicos entrando e saindo da sala onde ela estava sem poder fazer nada, eu tentava imaginar que ela voltaria pra casa, que eu poderia mudar a forma como sempre tratei ela, que eu poderia me redimir. Dez minutos depois vi um médico andando em minha direção, eu no fundo não queria ouvir suas palavras porque sabia que poderiam ser boas ou ruins.

"John Sartori?"

"Sou eu." - respondi

"Eu sinto muito..." - ele falou e fez uma grande pausa - "a sua mãe faleceu."

Eu queria responder algo a ele mas simplesmente comecei a chorar como uma criança, eu não podia acreditar que tinha perdido ela. Fiquei la chorando por um longo tempo até que decidi ligar pro David vir me buscar com a Ana.

Eles chegaram em 20 minutos e me abraçaram, eu podia ver a dor em seus olhos, eles também gostavam muito da minha mãe. Fomos todos dormir na casa do David aquela noite.

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No dia seguinte fomos ao aeroporto buscar a Stephanie. Vi ela ao longe vindo com algumas malas, assim que ela me viu largou as malas e me abraçou.

"Eu sinto muito John." - ela falou enquanto me abraçava.

Entramos no carro do David e fomos para casa em silêncio. Eu me sentia vazio após a morte da minha mãe, eu queria chegar em casa e ver ela la mas, queria que tudo isso fosse apenas um pesadelo mas não era.

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Acordei no dia do enterro na casa do David, ninguém dizia nada apenas fazíamos oque deveríamos fazer. Eu odiava ter que vestir um terno Preto mas o vesti. Cada um de nós vestindo suas roupas deprimentes pra mais um dia deprimente.

Fomos até o lugar do enterro, estava lotado pois minha mãe era muito querida, ela fazia amigos até na fila do mercado. E então começou.

"Todos que estão presentes, estão aqui porque tinham algo ligado a Elizabeth. Alguns são familiares, outros amigos, outros conhecidos. Mas todos tinham algum tipo de ligação a ela" - dizia o padre,
enquanto eu só conseguia chorar aos braços de Ana.

"Essa moça foi uma guerreira, perdeu o marido, criou o filho, que irá virar um grande homem."

Nessa hora eu dei um grito, tirei os braços de Ana que estavam entrelaçados em mim, e fui correndo abraçar o caixão de minha mãe. Chorei, chorei, chorei muito. Eu estava chorando de arrependimento, de saudade, de amor, de tudo. Por que arrependimento? Porque nunca a tratei do jeito que ela merecia. Eu nunca fui um bom filho, e mesmo assim, ela dizia todos os dias que me amava.

"Elizabeth Sartori, uma amiga querida, uma mulher amada, uma mãe maravilhosa, e uma doença, uma doença que acabou com sua vida, mas que deixou suas lembranças. Boas ou ruins, elas ficaram eternamente em quem a conheceu... Descance em paz, Elizabeth." - ele continuou.

Eu estava imobilizado, a única coisa que eu fazia era chorar.

"Vamos rezar, pedir a Deus que Elizabeth chegue bem em suas mãos" - continuou o padre, e então todos começaram a rezar o "Pai nosso"

Chegou a hora... Estavam levando a minha mãe dentro de um caixão. E eu não podia fazer absolutamente nada. David, Ana e Stephanie estavam à minha volta todos chorando, todos aos prantos. Inclusive eu.

"5 minutos para fechar o caixão"

Nessa hora eu ajoelhei no chão ao lado do caixão, lágrimas caíram no rosto de minha mãe. E eu esperava que ela levantasse dali e dissese que estava só dormindo. Mas eu sabia que isso não ia acontecer.

5 minutos, 5 minutos não é o bastante para  dizer a ela tudo o que eu não disse a minha vida toda, e eu também não encontrava palavras para isso. Eu gritava e esperneava, mas nada disso adiantou, minha mãe estava morta.

Fecharam o caixão, quando as cordas estavam descendo, eu gritei: "me desculpe, mãe. Eu te amo" e me afoguei novamente em minhas lágrimas.

David veio me segurar e eu joguei uma flor no caixão da minha mãe. Dali em diante, eu não teria mais minha mãe ao meu lado. Eu não dei valor enquanto ela estava perto de mim. Eu estou com ódio de mim mesmo.

É o que dizem, nunca durma brigado com alguém que você ama. Eu não dormi brigado com minha mãe nos últimos dias, mas fiz isso minha vida inteira, enquanto ela procurava me dar carinho, amor... Agora eu aprendi que tenho que dar valor as pessoas enquanto elas estão do meu lado, porque depois pode ser muito tarde. Assim como foi tarde quando eu disse a minha mãe que à amava.

Os 5 minutos para fechar são os mais dolorosos... Eu não conseguia falar nada, mas conseguia sentir. E quando eu me desculpei e disse que amava minha mãe, eu sinto que ela ouviu. Mas foi tarde demais, tarde demais para ela me responder, tarde demais para abraça-lá. Tarde demais pra tudo.
E agora, o que me resta é saudade e o arrependimento de nunca ter dado o amor que minha mãe merecia. Como sou idiota.

Todas as pessoas começaram a ir embora e eu continuava la olhando para a terra onde minha mãe estava enterrada. Começou a chover e eu continuava la, me recusava a deixar ela la sozinha. Eu imaginava que ela estava com medo, que ela precisava de mim, eu não percebia que ka era tarde pra estar ao lado dela.

Eu fui para minha casa e fiquei la solitário, pedi pros meus amigos me deixarem sozinho por um tempo. Eu ficava olhando as fotos dela comigo de quando Eu era uma criança, eu sorria e chorava ao mesmo tempo vendo aquelas fotos.

Suas últimas palavras foram "eu vou encontrar seu pai antes de você John" essa era sua forma de se despedir tentando não me deixar muito preocupado, até no final da sua vida ela queria que eu ficasse bem. O peso dessa solidão estava me matando, mas tenho certeza de que ter um filho que te despreza devia ser bem pior.

Agora a casa era minha, eu poderia fazer oque quisesse la mas tudo que eu queria era ficar sozinho.

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