Um dia a ser lembrado

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Parece que a vida me tirou de minha zona de conforto e me jogou no mundo real, um mundo sem uma mãe que deixa seu café pronto na mesa, um mundo onde eu me via forçado a ser independente.

Eu estava vasculhando as coisas da minha mãe, eu queria ver coisas que fossem dela pra tentar sentir que ela ainda estava ali. Eu achei um álbum de fotos do casamento dela com meu pai. Comecei a folear as páginas e sentia minhas lágrimas caindo nas fotos.

Estava de noite e chovendo, mas mesmo assim decidi ir ver seu túmulo. Eu não tinha um carro e não tinha ônibus aquela hora, então decidi ligar pra alguém que eu sabia que me levaria. Liguei para o David e em pouco tempo ele ja estava lá em casa com o carro dos seus pais.

"Você esta bem parceiro?" - ele disse.

"Nao." - respondi de cabeça baixa.

"Tem certeza de que quer ir lá agora?"

"Sim." - eu disse.

Fomos até o cemitério e ele estava fechado.

"Vamos embora." - o David disse.

"Me ajuda a pular o muro." - respondi olhando pro céu chuvoso.

"Você está louco? Você só vai conseguir sair amanhã John." - ele falou.

" Eu só quero ver Minha mãe."

David me ajudou e pulei o muro do cemitério. Era estranho estar ali a noite, mas eu precisava ver ela.

"Vá pra casa!" - gritei para o David.

"Não vou sair daqui sem você."

Eu sorri mesmo o David não podendo ver e comecei a andar pelo cemitério procurando o túmulo dela. Estava chovendo muito, eu estava extremante molhado mas não me importava, eu só queria ir até ela.

Era assustador andar no meio daquelas covas, eu sentia uma sensação muito ruim a cada passo que dava mas eu continuava. Depois de muito andar eu achei o túmulo dela, me ajoelhei e novamente comecei a chorar. Minhas lágrimas se misturavam com a chuva enquanto eu falava.

"Eu só queria você de volta, eu sinto tanto a sua falta mãe." - eu dizia ajoelhado em seu túmulo.

Eu ficava lá falando como se ela fosse responder, mas eu sabia que não ia. Acho que ela não iria querer que eu ficasse assim com sua morte, infelizmente fiquei.

Deitei sobre seu túmulo e dormi com a chuva como cobertor. Acordei com um funcionário do cemitério me cutucando com uma vareta.

"Você está vivo?" - ele disse.

"Acho que sim." - falei ainda abrindo os olhos.

"Geralmente não vejo muitas pessoas vivas dormindo aqui." - ele disse sorrindo.

"Me desculpe." - falei.

"Tudo bem. Porque está aqui?"

"Vim visitar minha mãe." - respondi

"Não poderia esperar o cemitério abrir?" - ele falou.

"Não. Senti que ela precisava de mim naquele momento."

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