A CASA DOS BLACK

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Já era tarde da noite quando os garotos decidiram fugir. Pegaram suas vassouras e a capa de invisibilidade de Tiago, que fora um presente de seu pai no primeiro ano e era muito útil para os meninos.

– Está tudo pronto? – perguntou Sirius.

– Sim – respondeu Tiago. – Mas eu não entendo por que temos que pegar o canivete hoje. Por que ele é tão importante? Você não pode comprar outro?

– NÃO! Ele é um artefato mágico muito valioso. – O canivete de Sirius não é um canivete trouxa, comum, ele consegue abrir qualquer porta. É um objeto muito valioso para os meninos, depois, é claro, da capa.

– Oook... Não precisa se estressar, vamos pegar o seu canivete. Vamos!

Então os meninos montaram em suas vassouras e foram rumo à casa dos Black. Sirius não morava muito longe, e como os garotos voavam de vassoura muito rápido, chegaram em pouco tempo.

A casa dos Black ficava no lago Grimmauld, número 12, mas não era qualquer um que podia entrar, a casa era protegida por feitiços raros que não deixavam trouxas ou até bruxos a verem. Era preciso um código para poder entrar na casa. Bruxos e trouxas iam até Grimmauld à procura dos Black e encontravam as casas 10, 11, 13, mas nunca a 12. Os Black adotaram esse mecanismo, pois não gostavam de ser incomodados pelos trouxas que aí moravam e bruxos indesejáveis.

Tiago e Sirius pousaram de suas vassouras atrás da casa, então Sirius lhes disse:

– Para quebrar a barreira pense nessas palavras:

A MUI ANTIGA E NOBRE CASA DOS BLACK ENCONTRA-SE NO

LAGO GRIMMAULD, NÚMERO DOZE, LONDRES.

Tiago pensou nas palavras como Sirius disse e uma porta se materializou entre os números 11 e 13. Era como se uma casa extra houvesse se infiltrado, empurrando suas vizinhas para os lados. Os garotos subiram os degraus de pedra e abriram a porta preta que havia acabado de aparecer. A maçaneta de prata tinha a forma de uma serpente enroscada. Não havia buraco de fechadura nem caixa de correio. Sirius puxou a sua varinha e deu uma batida na porta. A porta se abriu rangendo. Os garotos entraram depressa e mergulharam na escuridão do hall.

A sala dos Black era coberta por um papel de parede com vários quadros por cima, além de haver um lustre enorme em forma de serpente bem no meio.

– Meus pais não estão em casa, vamos ser rápidos!

Os meninos passaram correndo ao longo das paredes cobertas por altas cortinas e depois contornaram um grande porta-guarda-chuva feito de perna de trasgo. Eles começaram a subir uma escada escura em que havia cabeças encolhidas e montadas sobre placas na parede lateral. As cabeças pertenciam a elfos domésticos que já haviam trabalhado na casa dos Black. Todos com o mesmo narigão.

– DROGA! – disse Sirius. – Esqueci do Monstro. Vamos ter que fazer menos barulho!

– Sirius, não é melhor botarmos a capa? – perguntou Tiago.

– Nem. Mostro já está velho, ele nem vai perceber.

– Então tá. Você é quem sabe.

Os meninos continuaram a subir, mas dessa vez com mais calma. Quando chegaram no topo da escada, giraram a maçaneta em forma de cabeça de serpente e abriram a porta.

O quarto de Sirius não parecia nem um pouco com a decoração macabra do resto da casa, pelo contrário, as paredes estavam todas ocupas por pôsteres de quadribol. Tinha uma cama grande com cobertas vermelhas e algumas estantes com livros de feitiços dos outros anos. Sirius encontrou rapidamente o canivete embaixo da cama.

– Pronto! Agora podemos ir.

Os garotos desceram rápido as escadas com cabeças de elfos domésticos. Quando chegaram lá embaixo, escutaram um barulho vindo da cozinha. Era o Monstro. Naquele instante os garotos se encararam, e Sirius fez sinal para Tiago segui-lo. Passaram rápido pela cozinha, direto para uma sala.

A sala era bem simples, sem móveis, apenas uma tapeçaria, que cobria toda parede. Apesar da sala escura, dava para ver uma enorme árvore genealógica. Bem no alto da tapeçaria, lia-se em grandes letras:

A MUI ANTIGA E NOBRE CASA DOS BLACK

TOUJOURS PUR

– Você não está aí – disse Tiago, após examinar a árvore.

– Na verdade estou aqui – disse Sirius, apontando para um pedaço queimado. – Minha mãe deve ter feito isso quando fugi.

Tiago passou a mão no ombro do amigo, tentando confortá–lo.

– Sirius Black não pode voltar, minha senhora deu ordens. Sirius Black é um traidor.

Monstro surge de repente, fazendo os garotos se assustarem. Monstro era um elfo domestico bem pequeno, com orelhas pontudas como a de um morcego e, é claro, um enorme narigão.

– Olá, Monstro! – falou Sirius. – Como vai?

– O traidor do próprio sangue está se dirigindo a Monstro!

– Relaxa! Só vim buscar uma coisa que me pertence!

– Nada nessa casa pertence a um...

Escutam-se barulhos vindo da porta de entrada. Os Black haviam chegado.

– Os senhores de Monstro chegaram! – disse o elfo com alegria, descendo rapidamente as escadas para contar aos Black que seu filho estava de volta.

Os garotos não pensaram duas vezes e vestiram rapidamente a capa da invisibilidade.

Tiago e Sirius escutam, de cima, as vozes de Monstro e da senhora Black, e depois passos subindo as escadas. Quando os passos chegaram na porta, a senhora Black para e diz:

– ONDE ESTÁ AQUELA PESTE?!!!

– Monstro os encontrou aqui!

Os garotos, escondidos pela capa, não fizeram nenhum movimento brusco, enquanto a senhora Black dava uma olhada demorada na sala, como se soubesse que alguém estava lá.

– Eles devem estar em outro cômodo – disse Monstro –, se escondendo.

A senhora Black olha com um olhar de nojo ao elfo e sai da sala para procurar os meninos, logo seguida por Monstro que, não satisfeito, dá uma última olhada na sala e sai.

Tiago cutuca o ombro de Sirius para ele começar a andar para fora da sala. Os garotos passam despercebidos pelas escadas com cabeças de elfo. Passam pelo porta-guarda-chuva feito de perna de trasgo. Chegando na porta, Sirius dá uma pontada com a varinha e a destranca.

Quando os garotos já estavam bem longe, conseguiram ouvir os gritos da senhora Black:

– ELFO DOMÉSTICO MENTIROSO, COMO OUSA MENTIR PARA MIM! SE CONTINUAR ASSIM, NÃO TERÁ SUA CABEÇA EMOLDURADA COM A SUA FAMÍLIA!!!!

Os garotos, vendo que não corriam mais perigo, tiraram a capa e pegaram as vassouras.

– Nossa! Essa foi por pouco – disse Sirius.

– Eu pensei que a gente não ia conseguir dessa vez – disse Tiago, rindo de nervoso.

– É... Essa vai ser a ultima vez que eu entro nessa casa – disse Sirius, mirando a casa com olhos distantes.

Tiago dá um empurrão em Sirius e diz:

– Deixa de ser mole e vamos!

Sirius retribui a empurrada em Tiago e os dois saem voando para casa.

e

OS MAROTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora