Uma borboleta.
Eu me sentia como uma pequena lagarta que lutou bravamente para se tornar uma borboleta. Que rastejou por tempos em busca de um lugar para chamar de casa, de um ponto de paz. Se alimentou do que encontrou no caminho e procurou forças naquilo pra continuar.
Eu era apenas em lagarta infeliz aos 10 anos de idade.
Era quase natal de 2009 e meus pais brigavam mais do que antes. Agora pensem, se antes eles já brigavam muito, hoje estava dobrado. Cansava de chegar em casa e encontrá-los aos gritos um com o outro, às vezes tendo que separa-los para que nenhum deles machucasse o outro.
Sim, eles usavam a violência, e como de costume, o mais fraco perdia. No fim das contas lá estava eu chorando, implorando aos gritos para que meu pai não matasse minha mãe. Ninguém nunca reparava em mim, de fato, mas fui eu quem absorveu toda a dor deles, fui eu quem segurou a barra quando tudo caia.
Naquele mesmo mês minha mãe resolveu se livrar de seu inferno particular, ela deu um fim no casamento conturbado e abusivo que esteve por anos. Ela o mandou embora de casa de uma vez por todas, mas talvez não esperava pelo o que viria dele.
Novembro de 2009
"Quer que eu vá, Sinu? Quer se livrar de mim? É isso?" - ele dizia calmo enquanto encarava minha mãe fixamente. Eu senti medo, ele nunca fora tão calmo como naquele momento.
"Eu não aguento mais isso Alejandro! Já chega!" - sua pele clara estava vermelha de raiva. Ela não segurava sua frustração quanto ao casamento de merda que esteve por anos, e muito menos a vontade que tinha de matá-lo com suas próprias mãos.
Se um olhar matasse, hoje eu seria órfão de pai.
"Então eu vou" - foi bem aqui que tudo congelou. Meu pai nunca foi o tipo de cara que aceitava tudo facilmente. Quantas vezes eu não já vi minha mãe manda-lo embora e ele se recusar a ir. Muitas vezes saia por um, ou dois, dias e logo voltava. Mas dessa vez não, dessa vez ele aceitou sem brigas, sem discussões. Isso não estava certo.
Mamãe o encarou pelo o que pareciam horas, mas eram apenas alguns segundos. Vi a confusão que seu rosto se tornara, tanto ela quanto eu e meu irmão não estávamos entendendo nada.
Eu esperei por tudo, menos pelo o que ele disse no minuto seguinte.
"Eu só saio daqui se as crianças forem comigo" - ele estava jogando, sabia que minha mãe nunca deixaria que nós fossemos junto. Mas eu estava errado, mais uma vez.
"Certo, leve-os. Eu não quero ver sua cara na minha frente nunca mais!" - ela o encarava como se nós não estivéssemos ali. Shawn, meu gêmeo mais velho, me olhou assustado. Eu sabia bem o que aquele olhar significava, ele sentia medo, assim como eu.
Enquanto meus pais ainda discutiam, segui Shawn até o quarto de Sofia. Ela dormia tranquilamente. Senti os braços de meu irmão me puxarem para um abraço desajeitado, ele nunca fora bom com carinho. Me abraçou forte chorando junto a mim. Era como se o mundo de nós três tivesse chegado ao fim. Eu amava o meu pai, não queria viver junto a ele, nem meus irmãos.
Na manhã seguinte Alejandro arrumou nossas coisas e nos levou para o aeroporto. Ali eu soube onde estávamos indo.
Cuba. Estávamos voltando ao nosso país de origem.
Hello nuggets! Estava com um enorme bloqueio, mas agora está tudo certo. Erros conserto depois.
Beijinhos de luz
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Metamorphosis (Hiatus)
Fanfic"Me lembro como se fosse ontem da primeira vez em que me senti um garoto." - Theodore Cabello (Camila trans)