Cap.8 - I'm a boy

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Oi meu amoreeesss!!! Mil desculpas pela demora de tantos dias, eu fiquei sem celular, ainda estou na verdade. Aconteceu várias mudanças na minha vida em tão pouco tempo que tudo ficou confuso e estranho. Mas como eu havia dito antes, eu sempre vou voltar. Tentarei postar o próximo capítulo o mais rápido possível para compensar vocês por minhas ausência. Obrigado pelo apoio e desculpa a demora

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Contar aos meus amigos que sou trans foi uma decisão tomada com muito cuidado, e muito tempo também. Não queria perde-los de maneira alguma, eles eram os únicos que eu tinha e temia que algum deles se afastasse de mim por conta disso. Sei que é totalmente ridículo, mas o preconceito vive e cresce dentro de muitas pessoas, na maioria das vezes vem de quem menos esperamos.

Meu pai me enviou uma carta na qual desferia insultos a minha pessoa, ele dizia o quão desgostoso estava e o quanto sentia nojo do que eu estava querendo me tornar. Nem preciso dizer que coloquei fogo naquele papel, não é?

Mas doeu. Doeu ser chamado de aberração, doeu ter lido que eu não era, de fato, um garoto, que eu era apenas "a porra de uma lésbica nojenta, estúpida e burra que queria ser o que não era e nem nunca seria". Ele usou exatamente estas palavras, escrevendo em letras grandes das quais tomavam espaço de duas ou mais linhas da folha amarelada e suja.
Minha mãe jurou processa-lo, jurou até mesmo mata-lo com suas próprias mãos quando o visse, afinal, "quem porra ele pensa que é para dizer quem é ou não homem?". Mamãe estava furiosa enquanto me via quieto sentado num canto do sofá.

Eu queria chorar.

Mas não conseguia.

Eu queria gritar.

Mas a voz não saia.

Eu queria tantas coisas naquele momento, mas apenas fiquei sentado lá até sentir as grossas lágrimas quentes molharem meu rosto sem que eu dissesse uma só palavra. Aquilo estava perfurando meu peito, queimando e destruindo toda autoconfiança que eu tinha ali, que trabalhei por longos anos para firmar isso em mim, e em uma carta enviado de outro país aquele ser humano conseguiu me destruir, sem ao menos me olhar na cara. Não precisou de um tapa, um soco ou um chute para que eu estivesse sangrando sem forças no chão frio de um beco escuro. Me sentia derrotado, meu corpo doía, minha cabeça girava e eu nem ao menos tinha saído daquele sofá. De longe poderia ser ouvido o som do meu coração se partindo.

"Filho, não fique assim, não vale a pena. Você sabe que nada daquilo é verdade." - minha mãe dizia com calma enquanto segurava meu rosto entre suas mãos pequenas. Eu nem ao menos conseguia olhar em seu rosto tamanha era a minha vergonha. E eu nem sabia o porque sentia vergonha daquela situação. - Por favor, Theo, não chore. Não quero lhe ver assim, meu amor.

Eu nada disse, apenas abracei a pequena mulher me deixando chorar tudo o que tinha guardado.

Chorei por mim.

Chorei por ela.

Chorei pela trans que foi rejeitada pela mãe.

Chorei pelo gay que foi espancado na rua por estar de mãos dadas com seu namorado.

Chorei pela lésbica que foi expulsa de casa.

Chorei pelo trans que foi assassinado a sangue frio naquele beco sujo.

Chorei por você.

Chorei eles, por elas.

Chorei por todos nós.

Naquele dia eu tomei uma decisão; não deixaria que mais ninguém me atingisse por nada. Não abaixaria a cabeça para mais ninguém, eu sou o que sou e me orgulho disso.

Eu sou transgênero.

E acima de tudo, eu sou homem.

E me orgulho disso.

Metamorphosis (Hiatus)Where stories live. Discover now