Cap.9 - My Real Friend

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Aconteceram muitas coisas nesses últimos meses. Meu namoro terminou, eu fiquei tão balançado com isso que me deixei levar até conhecer pessoas que me fizeram voltar a vida. Mas estou muito reprimido sobre quem eu sou, não falo mais sobre o assunto e tenho evitado. Estou machucado e esse é o grande motivo pelo qual eu me afastei e parei de postar por todo esse tempo.
Esse capítulo é especial pra mim e eu espero que também seja para vocês.


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Quando tudo desaba sobre seus ombros você acha que tudo esta acabado, a dor te consome e tudo o que você pensa é em como chegou à tal ponto. Procura erros, detalhes passados despercebidos, uma palavra mal dita, uma briga que levasse você à esse ponto, mas nada vem na cabeça. Nada. Sempre ouvi minha mãe dizer que você é o responsável pelo mal ou pelo bem que acontece em sua vida, você é o único responsável pelo rumo que sua vida toma. Mas eu queria saber, onde foi que errei? Se eu sou o responsável pelo mal que está aqui agora, então onde foi que eu dei o passo pra essa direção? Em qual esquina eu esqueci de olhar para os lados antes de atravessar e fui atingido? Onde foi que errei?
Tudo o que eu queria era que Liz me amasse como sou, me visse como ela sempre viu, mas sabendo de tudo. Não queria mais esconder nada, a queria do meu lado. Nunca pretendi perde - lá, sua amizade era tão importante pra mim, todos sabem disso. É impossível não me culpar por isso, mas eu tento não encontrar alguém para colocar o peso nas costas, apenas agarro minha frustração e guardo para mim, junto com toda a culpa dos outros. Pois eu prefiro me machucar, à machucar alguém. Eu sei lidar com a dor, mas nem todos os outros saibam também. É um sacrifício que faço sem reclamar, no fim pode vir a valer a pena.


Naquela manhã Liz havia me dito coisas horríveis, palavras tão pesadas e afiadas que conseguiram perfurar meu coração na primeira tentativa. Eu esperava tudo, menos isso. Elizabeth quebrou meu coração em pedaços impossíveis de se juntarem novamente. Amigos podem sim quebrar sua coração. Amigos podem sim te destruir por completo.
Amizades são coisas frágeis e requerem muito mais cuidado do que todas as outras coisas frágeis que existem, é fácil de quebrar e se perder. Elizabeth não teve esse cuidado, toda aquela pose de menina delicada, amável e gentil escondia um defeito monstruoso. Ela cultivava o preconceito dentro de si, eu nunca tinha a visto desrespeitar ninguém, ou falar sobre isso. Mas lá estava ela me chamando de aberração, nojento, monstro, erro da humanidade e tantos outros adjetivos tão ruins quanto os anteriores.

"Você não tinha o direito de me enganar dessa maneira!"

"Você não passa de uma garota nojenta e mentirosa, um grande erro da humanidade."

"Seu pai tem razão em te odiar."

"Você é desprezível."

"Entenda que nunca será um homem de verdade. Você é uma farsa."

Aquela garota linda se tornou tão feia em poucos minutos. Falar sem pensar é como atirar sem apontar, você não controla os estragos. E ela me atingiu, junto a tudo que estava ao meu redor, destruiu cada pequena coisinha que havíamos construído. Tudo isso por causa de um preconceito ridículo.


Já não lembrava mais a quanto tempo estava deitado naquela cama com a cabeça para fora. Os pensamentos iam e viam, mas nunca paravam, tudo aquilo havia me deixado deprimido demais. Eu estava cansado disso.

"Theodore Cabello!" - lá estava minha mãe parada na porta com os braços cruzados...de novo. - Já disse para sair desse quarto. Meu Deus, pelo menos abra as janelas quando acordar. - e então ela saiu abrindo as persianas e escancarando as janelas. A luz do sol invadiu aquele quarto me cegando no percurso. Grunhi escondendo o rosto com as mãos.

"Eu me recuso a sair desse quarto." - minha voz saiu abafada.

"Você sabe muito bem que eu poderia força-lo a sair daqui, mas não vou fazer isso." - mamãe deitou do meu lado colocando sua cabeça para fora da cama, ao lado da minha. A olhei por alguns segundos e suspirei baixo. - "Eu sei que esta triste, mas você não pode deixar isso te abalar dessa maneira. Você precisa sair e viver." - Fiquei calado. Ela tinha razão, eu sabia. Mas porque tinha que ser tão difícil sair e viver?


"Acho que, de todas as pessoas, você é a que mais entenderá, porque acho que você, entre todos os outros, esta viva e sabe bem o que isso significa e o tamanho da importância. Eu também sei, mãe, eu realmente sei. Você passou por muita coisa e conseguiu se levantar e voltar a viver, eu aprecio tanto isso. Mas não funciona assim com todos. Eu só não consigo, não agora.." - sentei na cama quando senti as lágrimas escorrerem - "não aqui, mamãe." - ela nada disse, apenas me abraçou e beijou meu ombro descoberto.

"Cada fracasso ensina ao homem aquilo que ele precisa aprender. Ninguém pode fazer você se sentir inferior sem o seu consentimento, filho. Não espere tudo acabar de vez para descobrir o que é importante em sua vida. Eu te amo, meu menino." - assim que o som da porta fechando soou pelo quarto as lágrimas vieram ferozes, desciam sem parar. O gosto salgado nos meus lábios não me impediam de gritar contra o travesseiro com toda minha força. Eu precisa de alívio, eu precisava tanto de alívio. Estou cansado disso.

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Não me movi o resto da tarde, continuava lá deitado na cama olhando fixamente para o céu fora da janela. Vi a tarde caindo e a noite surgindo. Até mesmo a bandeja com de comida que minha mãe trouxe estava lá, no mesmo lugar. As palavras dela ecoavam na minha mente me fazendo repousar sobre elas, minha mãe estava certa. Ainda estava triste, mas não como antes. Eu precisava de uma mudança, ainda faltam 5 meses para o ano terminar e a faculdade começar. Mas eu não queria mais estar aqui, New York não me parecia mais tão convidativa como um dia foi para mim.

Após pensar no assunto por longos minutos, eu tomei uma decisão, voltaria para Miami e terminaria o ano lá. Eu preciso sair desse lugar e, acima de tudo, viver. Quero uma escola nova, uma casa nova, vizinhos novos, amigos novos e... Lauren. Quero Lauren de volta e não aceito esperar nem mais um segundo sem saber de seu dia, sem saber como esta seu cabelo agora. Sem saber se ela ainda lembrava de mim. Eu quero uma vida nova e tinha que ser com Lauren. Desci as escadas correndo em direção à sala, precisava conversar com minha mãe sobre isso o quanto antes. Mas nada me preparava para o que eu iria encontrar lá. Ariana estava parada no meio da sala de estar, ela me olhou fixamente e então desceu os olhos para o binder que eu usava. Meus olhos saltaram e automaticamente puxei um dos casacos pendurados no cabideiro ao lado da porta e me cobri.

"Não precisa." - sua voz soou calma. - "Eu não me importo com isso, é só um detalhe."

"O que está fazendo aqui? Você ja sabe, não é?" - senti meu rosto queimar e meus olhos lacrimejar. Eu estava extremamente sensível com esse assunto.

"Liz me contou.." - seus olhos caíram sobre o tapete da sala ao mencionar o nome daquela que um dia foi minha melhor amiga. Ela suspirou baixo e encarou minha mãe.

"Eu vou estar na cozinha caso precisem de mim." - então passou por mim deixando um beijo calmo na minha bochecha e foi para o outro cômodo.

"Eu não concordo com nada que ela disse sobre você. Nós brigamos e e eu acho que ela não quer mais falar comigo." - Ariana soltou um risadinha sarcástica e voltou a me encarar. - "Esta tudo bem Theo, você é normal como todo mundo. É um garoto como todos os outros." - ela se aproximou de mim e tocou meu rosto. - "Você é lindo Theodore. É um GAROTO lindo." - um pequeno soluço escapou da minha garganta e foi o suficiente para que todo aquele choro contido saísse para fora como um animal feroz solto de sua jaula. Eu cai de joelhos no Hall de entrada chorando forte, aquela dor voltando a toda com toda força, me rasgando por dentro e escorrendo por meus olhos. Ariana envolveu seus braços aos meu redor me apertando contra si, dizendo palavras de conforto em meu ouvido, e eu podia sentir que não estava mais sozinho nessa. Eu tinha ela, Ariana estava comigo. Eu tinha um amigo para me segurar, para me ajudar a juntar cada caco. Ela secou minhas lágrimas e beijou minha testa com carinho.


"Obrigado, Ari. Muito obrigado por estar aqui."



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PROMETO DE DEDINHO que voltarei amanhã para postar novamente. E me desculpem o sumiço repentino. Não farei mais isso.

Metamorphosis (Hiatus)Where stories live. Discover now