Capítulo 5

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(...)

     Estava com o Leo há algumas horas na forja, ele era divertido e engraçado, além de ser extremamente habilidoso com os metais. Mesmo tendo sido tão bem recebida me sinto meramente enxotada do Olimpo, o que realmente aconteceu...

–Temos que ir ao pavilhão ou vamos ficar sem comida.–Leo diz, limpando as mãos sujas em um pano mais sujo ainda.

–Eu preciso me limpar.–Digo suspirando.

–Precisa limpar isso aí.–Ele diz olhando pra minha mão, por puro descuido acabei queimando minha mão.

–Isso aqui não é nada. Tenho cicatrizes por coisas piores.–Digo e levanto a blusa revelando um corte médio.–Uma adaga.–Digo e ele ri balançando a cabeça.

–Vai se limpar. Até amanhã.–Ele diz, aceno e me despeço.

    Caminho preguiçosamente até o chalé de Ares, sem a mínima vontade, prendo o cabelo enquanto passo pela porta, felizmente não tinha ninguém, assim posso me limpar tranquilamente.
    Após um longo e dolorido banho, coloco uma roupa confortável e sigo em direção ao pavilhão, vejo Leo entrando também, ambos nós demos conta de que o horário de jantar havia acabado.

–Chegamos tarde demais.–Digo me aproximando dele.

–Quer jantar comigo?–Ele questiona, o olho curiosa.

–Eu tenho o necessário pra fazer um bom jantar.–Ele diz. Sorrio.

–Eu adoraria.–Digo.

    Caminhamos de volta pra forja, havia uma parte dela muito mais arrumada, como se fosse uma cozinha.

–Construi isso aqui porque ficava muito tempo construindo e acabava perdendo sempre o horário de comer. Tá vendo aquela parede viva?–Ele questiona e eu assinto.–Uma filha de Deméter me devia um favor, consigo ter qualquer tipo de fruta e vegetal.

–Isso é incrível.–Digo into até lá e tocando na parede, ela era molhada e macia.

   Ele pega os ingredientes e começa a cortar eles.

–Quer ajuda?–Questiono. Ele nega.

    Enquanto ele estava ocupado cozinhando, eu me ocupei de o olhar, ele era tão bonito, suas mãos eram ágeis e habilidosas, além dele ser incrivelmente bonito, ele era inteligente e engraçado, alguém que você poderia facilmente se apaixonar.
    Esse acampamento é muito mais interessante do que pensei...

–Pensando em que?–Ele questiona enquanto mexia uma panela.

–Bom, esse acampamento está mais interessante do que pensei.–Digo o encarando, ele dá um sorriso travesso ao mesmo tempo que adicionava algo na água.

–Afinal, por que veio pra cá?–Ele questiona.

–Tive alguns pequenos desentendimentos com meu pai e como forma de punição, cá estou eu.–Digo revirando os olhos.

–Ares precisa se sofisticar nos castigos.–Ele diz baixinho.

–Mas o que tem de interessante pra se fazer aqui?–Pergunto.

–No começo é tudo muito novo, mas depois que você passa algum tempo aqui, percebe que não tem muita coisa interessante pra se fazer.–Ele diz vagamente.

–E quando vocês saem daqui?–Pergunto.

–Geralmente em missões, fora das barreiras do acampamento é perigoso demais pra semideuses.–Ele diz, melhor, ele me alerta, imagino que tenha pensado o mesmo que eu estava pensando.

–Eu gosto de viver perigosamente. E não seria a primeira vez que tenho contato com mortais.–Digo dando os ombros.

–E quais foram as outras vezes na qual você teve contato com eles?–Ele pergunta movimentando a panela.

–Com Hades, somos muito próximos, vamos ao mundo humano sempre que estamos entediados. A última vez que fui, foi a gota d'água pro meu pai.–Digo, ele coloca na mesa macarrão com molho, o cheiro estava ótimo.

–Engraçado, nunca pensei em Hades como alguém amigável.–Ele diz colocando pratos na minha frente.

–Ele é, mas gosta de manter as aparências...–Digo sorrindo.

    O jantar foi extremamente agradável, Leo era uma pessoa fácil de se fazer amizade, era bem agitado, mas isso só o tornava mais legal, gostava de como ele falava rápido e gesticulava. Por algumas horas esqueci o quanto estava magoada por ter sido largada aqui e comecei a aproveitar verdadeiramente o momento.
   Quando voltei pro chalé, a maioria já estava dormindo, o que tornou o ambiente estranhamente quieto.

(...)

      Quando acordei, tomei banho rapidamente, peguei meu arco e flecha, e sai pra praticar. Já que ficaria aqui, pelo menos deveria aprimorar minhas habilidades.
    Sempre preferi treinar em campos abertos na floresta, em contato com a natureza sentia que meus sentidos ficavam mais a prova, eu usava quase todos os sentidos, o cheiro das plantas, o vento no meu rosto, o som dos animais, tudo parecia mais vívido.
     Pego um cepo de madeira que tinha um alvo pintado, usava ele pra treinar em locais assim, pra não ficar furando as árvores, prendia ele com um cinto podendo mudar a distância. Posiciono, garanto que tá tudo perfeitamente ajeitado e me afasto, arrumo o arco da maneira correta e respiro  fundo, olho atentamente para o alvo e solto a flecha, ela acerta o alvo em cheio, sorrio orgulhosa, pelo menos o drama todo não mexeu com a minha cabeça.

–Você é muito boa.–Diz Cameron, ele estava encostado na árvore me olhando.

–Obrigada, treino bastante pra obter resultados.–Digo sorrindo.

–Está valendo a pena.–Ele diz, vejo um arco em sua mão e algumas flechas na aljava, ele também tinha vindo treinar.

–Você veio treinar?–Pergunto. Ele olha pro arco em sua mão.

–Sim, costumo fazer isso todas as manhãs. Se incomoda se eu treinar com você?

–Nenhum pouco, vai ser até mais interessante com você aqui. Gosto de desafios.–Digo sorrindo.

–E qual seu desafio?

–Hmm, quem acertar mais flechas ganha?–Proponho. Ele sorri divertido.

–Ganha o que?–Ele pergunta.

–Um desejo.–Digo. Eu não ia perder e já sabia exatamente o que eu iria pedir.

–Perigoso.–Ele diz. Olho maliciosa pra ele.–Você deveria saber que eu sou um cara muito competitivo e que eu não perco nunca.–Ele diz e prepara o arco, ele puxa e a flecha acerta o alvo perfeitamente.

   Sorrio pra ele. Será que arrumei um desafiante a altura?

(...)

Semideusa : A Filha de Morrigan e AresOnde histórias criam vida. Descubra agora