Capitulo 13

33 6 0
                                    

***

[Sofia]

Ouço som de uma música clássica. Estou no meu quarto tentando acertar o fondu, é um passo de balé muito difícil, há horas tento acertar e não consigo, o som vem da TV, pedi a minha mãe que comprasse um DVD para que eu pudesse ensaiar.

— Isso, filha está indo super bem! - Minha mãe fala ao entrar no quarto.

— Quando crescer serei a melhor bailarina!  —  Digo com entusiasmo. —Terei uma escola de ballet e ela terá meu nome. —  Mas espera, como é meu nome, afinal? Isso não importa agora, o que importa é saber onde estou. Parece um deserto e estou caminhando sem saber para onde vou. Minhas roupas são claras e meus cabelos estão ao vento, mexas caem sobre meus olhos.

De repente fica tudo escuro, tento mover meu corpo, porém de nada adianta. Onde estou? Como vim parar aqui? Pânico me toma e eu quero gritar! Alguém segura minha mão eu sinto alguém me tocar.

— Que susto você me deu! —  Ouço alguém dizer. A sua voz traz vida ao meu corpo. Quero que saias logo dessa cama, você precisa voltar para sua vida. —   A voz novamente é ouvida e percebo que se trata de um homem. 

Mas que vida? Do que é que ele está falando? Ora, eu preciso abrir os olhos, preciso ver essa pessoa que só de ouvir sua voz me sinto em paz. 

—  Ouça, eu vou sair agora, ir para a minha casa descansar um pouco. Apenas vim ver como você está. Promete que fica bem? Amanhã volto para saber como foi sua noite... —Ele diz que vai sair, mas eu não quero que ele saia e penso em fazer alguma coisa para que ele fique, mas o quê? Não consigo abrir os olhos, nem me mexer. Mas o que é que está acontecendo comigo? Estou sonhando? 

Preciso me concentrar, talvez se eu me esforçar mais um pouco consigo mover minha mão... Nada acontece. Tento de novo, dessa vez farei com calma. Três, dois, um. Mentalizo que estou mexendo a mão e acho que isso funcionou, pois a quela voz está bem mais perto de mim:

  — Sofia! — Ouço-o dizer com felicidade na voz. 

Ele fica conversando comigo feliz por eu ter movimentado apenas uma mão. Ouço quando pessoas se aproximam de mim e começam a falar sem parar. Acho que também estão felizes por essa minha atitude. Não compreendo muito bem o que está acontecendo, até porque sinto muito sono agora e não consigo resisti e minha mente se desliga.

Ouço ruídos. Um barulho semelhante ao bip de um monitor cardíaco. Não sei a quanto tempo estou ouvindo isso, mas só agora compreendi que talvez eu esteja em um hospital. Queria perguntar para aquele homem que vem aqui a todo momento falar comigo. Mas não o tenho ouvido faz um tempo. Em vez dele, tenho ouvido vozes de outras pessoas. São bem simpáticos comigo e parece que fazem isso para que eu não fique entediada. É deve ser isso.

  — Olá Sofia. Vim te dizer boa noite. — Essa voz...só pode ser ele. — Mas antes de ir deixe-me conferir se você teve um bom tratamento no dia de hoje. —  Ele dá uma pausa em seu falar e eu fico querendo vê-lo. Forço para abrir os olhos e com muita dificuldade sinto que minhas pálpebras estão me obedecendo... está claro, a claridade ofusca minha visão, mas eu não me rendo e foco em ponto neutro. Está tudo embaçado e consigo ver uma lâmpada acesa. O teto branco. Fecho os olhos para desembaçar a vista e os abro novamente. Agora vejo bem, vejo tudo. Mas cadê ele?

  — Sofia? Você acordou! — Giro a cabeça com dificuldade e consigo finalmente ver quem é o dono daquela voz. 

Ele está todo de branco e com uma prancheta na mão. Ele afrouxa a máscara que está em meu rosto e fala um pouco sobre ele e sobre o que aconteceu comigo. Ele é meu médico. Fico ali ouvindo tudo sem poder interagir, pois não consigo falar. Tenho sede.

Ele me faz algumas perguntas e eu respondo apertando sua mão. Ele é cirurgião e se chama André. É muito bonito e seus olhos demonstram que ficou bastante feliz porque eu acordei.

Não ouço mas nada pois o sono me toma novamente.

Estou em uma rua, sinto gotas de chuva me molhando, vai ficando forte, cai um raio e eu grito. Aparece um homem perguntando se quero ir com ele, quem é esse homem? Não me recordo dele. Acordo sem entender o que aconteceu.

De olhos abertos percebo um movimentação no quarto onde estou. Várias pessoas entram para me ver, pois falam que sou um milagre. Talvez eu seja mesmo.

— Olá tudo bem? —  Aquela voz que me deixa feliz enche meus ouvidos. Abro os olhos devagar piscando algumas vezes e a imagem se forma, é o doutor André, como ele mesmo disse. Ele pega minha mão. — Bom dia, Sófia como se sente? Está bem? Aperto sua mão uma vez, pra ele saber que estou bem. —Trouxe um pouco d'água pra você! Só um momento que vou erguer a cama um pouco pra você ficar confortável. —  Como ele sabe que tenho sede? Ele diz parecendo que está falando com uma criança. —Pronto, primeiro vou levar o algodão até sua boca, passando lentamente e você devagar vai sugando, sem pressa, pois passou muito tempo sem ingerir nada de líquido.

Quando seus dedos tocam a lateral da minha boca, vejo seus olhos saltarem e sua garganta subindo e descendo. Faço o que ele mandou, sugo o algodão e não tem nada mas prazeroso que sentir o gosto d'água descer pela minha garganta. Se minha voz saísse nesse momento estaria soltando um gemido!

— Então Sófia, agora preciso olhar outros pacientes, mas o Daniel vai vir ficar aqui com você, pois vai fazer fisioterapia em seguida a doutora Rebecca, a nossa fonoaudióloga, também irá treinar com você alguns exercícios. Qualquer coisa estarei aqui, de vez em quando venho lhe fazer uma visitinha, tudo bem?— Eu aperto sua mão com força, não querendo que ele vá embora, ele me transmite segurança, mas é médico e tem outros pacientes, tento um sorriso mas não sai, mas ele deve ter visto alguma reação do meu rosto e sorriu de volta.

Ele sai e entra um homem negro por volta de 1'85 me dando um sorriso confortável. 

— Bom dia, Sófia! Meu nome é Daniel, sou seu fisioterapeuta desde quando deu entrada aqui, fizemos grandes progressos e vamos avançar mais ainda, pois você acordou, meu parabéns! —Gostei muito dele, é muito animado e super profissional

Depois que ele saiu, entra a enfermeira Cristiane, ela me dá banho e penteia meus cabelos, me fala muitas coisas, mas nada sobre minha vida no momento, se pudesse falar com certeza estaria bombardeado ela de perguntas.

—Por enquanto sua dieta é zero, mas doutor André disse que vai fazer uns exames e dependendo dos resultados, você vai poder comer alguma coisa. Agora você precisa descansar. —  Ela diz me cobrindo com o lençol. — Você é muito linda Sofia, mesmo um pouco pálida Seremos grandes amigas! — Aperto sua mão agradecendo. — Vou ficar aqui, com você sou sua enfermeira particular. —   Particular? Penso. Sinto que se arrependeu na mesma hora, pois ela nota meu desconforto. 

Putz por que minha voz não sai? Fico a encarando e tentando entender porque tenho uma profissional só para mim... e adormeço.

***

primeiramente gostaríamos de pedir desculpas por atrasar nas postagens, minha parceira de livro casou-se ontem .biaziinha09, e eu estou um pouco enrolada com outros capítulos dos meus outros livros... Espero que vcs entendam... Boa leitura!!!!!

Por bem ou por mal #EM PAUSAOnde histórias criam vida. Descubra agora