Capítulo 19

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Olho ao redor, acordando subitamente, e me vejo numa cela negra, com dezenas de criaturas saídas de filmes de terror me olhando com ansiedade.
Tento me localizar, e lembro-me onde estava, e o que fizera. Recusara a liberdade.
Fecho os olhos, tentando projetar um plano em minha mente, mas havia um Branco nela, o que era até engraçado porque contrastava diretamente com as sombras que me envolviam, sombras da Mansão da Noite, os filhos da Noite e a própria Noite.
Eles me fitavam, alguns com desinteresse, outros até estupefatos
Minha mente continua enevoada, assim como meus olhos, minhas juntas  doíam  e meu coração  batia fracamente. Olho ao redor, finalmente vendo o que causava aquilo.
Os olhos enevoados, a memória falha,  as juntas, o coração... Tudo isso... Fruto de Geras!
Ele sorria com seus dentes faltando na boca, e olho minhas mãos, e constato que eu estava Velho. Estranho...
Os deuses e monstros abrem espaço, e Nyx aparece, aparentemente cansada. O que deixaria a divindade mais velha que existe assim?
Ela avança e toca minha testa, mostrando meu futuro, com o mundo em perfeita harmonia, eu reinando e todos os meus amigos bem.
Começa o devaneio, e penso sobre aquilo.
-Só diga sim, semideus. Esse futuro perfeito...
E deixa as palavras no ar.
Não sei se era a idade ou se eu sempre pensara isso, mas fico tentado a aceitar. Certo, talvez matasse os deuses e até meu pai...
Vejo meu corpo se inclinar e iria dizer sim. Droga, por que não?
Ele me exilara injustamente no Tártaro, cometera  muitos atrocidades  e continuaria cometendo. Era só aceitar...
Sacudo a cabeça,  para afastar tais pensamentos, e Nyx vê que eu não cederia por isso, e sua expressão se fecha.
-Geras, seu fraco, não conseguiu dobrar um simples semideus? Darei chances aos meus outros filhos, então.
Sinto minha mente desanuviar, e meu corpo volta ao normal. Mas antes que sinta alívio, vejo Akhlys e quase xingo em Voz alta, enquanto Ela sorri.
-Finalmente.
E avança com suas garras em direção ao meu abdômen.
Fecho os olhos, e sinto meu corpo arder. Abro os olhos, e vejo ácido pingando de suas garras em meu peito. Me debato, em vão, enquanto o veneno entra em meu corpo e vai se espalhando, causando ardor até o membro em questão adormecer.
Grito e o teto da caverna estremece, mas rapidamente para.
Outras criaturas sorriem, e sinto fumaça entrar pelo meu nariz, antes de tossir e engasgar.
Arregalo  os olhos, com todo o meu corpo clamando por ar fresco e, principalmente, água do mar.
Mesmo sem conseguir respirar e me mexer, concentro todas as minhas forças na água que corria pelo Tártaro, e peço que me ajude.
A Mansão estremece, e do chão começa a fluir água Verde cristalina, e me pergunto de onde ela saíra.
Os outros olham com receio para a água, e muito correm. Nyx sorri, mas deixa a água me curar.
Arfo com a água livrando meu peito da fumaça e do veneno, e iria sorrir, só que me esqueço de onde estava. A água que me purificava escurece.
Engasgo e me curvo, com a água de Nyx entrando novamente pelo meu corpo. E então entendo.
Nyx só não me deixaria morrer, mas me torturaria pela eternidade. E isso era bem pior que a morte.

Percy Jackson E A Ascensão De UranoOnde histórias criam vida. Descubra agora