eu sinto o abismo
já é um velho amigo
há anos que o visito
as vezes esqueço
as vezes está oculto
as vezes o vejo
ora profundo,
ora rasinho
em neblina submerso
procuro um galho
uma rima ou um verso
respiro fundo
tomo o impulso
escalo ao topo
as vezes eu erro
as vezes consigo
as vezes afundo
mas já sei como volto
conheço o caminho
um passo atrás do outro
eu chego ao topo
me despeço de novo
até daqui a pouquinho