( Quando eu estava escrevendo esse capítulo só me veio essa música na cabeça, então deixei como a trilha do cap.)
***
Assim que atravessamos a rua do prédio, que ficava de frente pro mar, já dava para ouvir a música vibrando. Era uma música eletrônica.
Nossos pés tocarão a areia amarelada, e lá se foi a ideia de um luau que eu tinha; fogueira, troncos de árvores ao redor e uma pessoa tocando Legião Urbana. Era completamente diferente, era quase uma boate aberta e de graça. Havia tendas brancas espalhadas por toda a extensão da Praia, uma mesa retangular gigante com bebidas e comidas, havia vários cilindros de metal, parecidos com uma lata de lixo que jorrava fogo, espalhados por toda praia, o Dj ficava ao lado, com seus aparelhos de som, e a decoração era: Havaí, pessoas com colares de flores, de saia, estava tudo bem bonito.
-Olá-Uma garota loira com olhos verdes veio falar comigo e com Victor.
-Oi. -Respondemos.
-Sejam bem-vindos ao luau, espero que gostem.
-Obrigado! -respondi.
-Vem, tem uma canga estendida na areia para vocês.
Sentamos, havia várias outras cangas do lado, com casais, amigos, famílias conversando, mas também havia muita gente em pé, dançando e dentro de mim uma misto de felicidade e confusão se misturava. Eu não sabia o que sentia por Victor, mas estava muito feliz por sua companhia, e cada dia mais eu tinha certeza da minha sexualidade, eu queria muito uma chance com Victor.
-Então, Pietro, seu beijo é bom? - Victor me perguntou, sorrindo.
-Oi? -Perguntei.
-Sei lá, seu primeiro beijo foi estranho, você me contou! Quando você pretende um segundo?
-Não sei Victor. - Eu estava entendendo errado ou.....
-Pietro, posso te contar uma coisa?
-Pode!
-Sabe, desde quando te vi, eu sinto algo diferente por você, não sei exatamente o que é, eu nunca senti isso por ninguém, seja garoto ou garota, e eu já namorei com ambos.
-Aram, e isso é bom? -Perguntei, forçando um sorriso, mas nossa conversa foi sabotada, uma dupla chegou para falar com a gente.
-Olá, bonitinhos! -Disse a menina, que era morena, usava um short extremamente curto, e uma regata brilhante. - afim de novas amizades?
-Isabella! -Um menino loiro, alto e branco gritou, ele era bem bonitinho, e tinha os olhos verdes -Desculpe, é que vocês parecem tão legais, além de lindos -Que garoto atirando, por um momento, vi um brilho em seus olhos olhando pra Victor, que retribuiu, mas depois virou e olhou para as pernas de Isabella.
-Esse é o Zeca, meu melhor amigo. Podemos? -Isabella perguntou, apontando para a canga, ela queria sentar, affff!
-Claro! -Respondi forçando um sorriso. -Eu sou Pietro e esse é Victor.
-Acho que ele consegue falar o nome, não é? -Zeca perguntou, olhando para mim, ele sentou do lado de Victor, e Isabella do meu. Esse menino tava tentando me gongar?
-Claro, só fui educado -Respondi. -Desculpe se não tá acostumado.
-Ei, calma aí lindo! -Isabella se meteu. -Desculpe o Zeca, Pietro, ele não tá realmente acostumado.
Victor e Zeca estavam conversando, me ignorando completamente.
-Então, você e Victor são namorados? -Isabella perguntou ao meu lado.
-não! -Respondi. -Nós somos amigos.
-Ata, então meu amigo tem chance? -A garota perguntou sorrindo.
-Deve ter! -Respondi, áspero. Aquilo que eu estava sentindo era... ciúmes? CÉUS! FOGO, CHAMA E LABAREDA!
-Vamos pegar uma bebida? -Isabella perguntou para mim.
-Claro! -Respondi, mas não estava tão focado nisso. -Victor, quer uma bebida?
-Pode ser! -Ele respondeu, nem dando bola para mim, conversando com o Zeca.
-Vamos Isabella! -Falei.
Ao longe, indo em direção à mesa de bebidas, vi Victor e Zeca, rindo, conversando, e aquela sensação de borboletas no estômago voltou, misturado de raiva, tristeza e ciúmes.
-você gosta dele, não é? -Isabella perguntou, pegando dois copos e enchendo de vodka com outra coisa lá. -Zeca vai beber a mesma coisa que eu. -Ela explicou sorrindo, quando viu que eu estava olhando para ela. - Você gosta do Victor?
-Não sei se gosto! -Respondi. Mas a verdade é que eu estava começando a gostar, ele estava despertando algo em mim, algo bom e ruim ao mesmo tempo. Mas eu não ia me abrir pra uma estranha.
-Entendi! -Isabella respondeu. E eu enchei dois copos de plásticos azuis com ponche. - Sabe, Zeca estava interessado nele, então é melhor você ser rápido. -Isabella falou isso na maior naturalidade do mundo, e depois saiu, na minha frente, segurando dois copos. AÍ QUE ODIO! não sabia o que estava acontecendo comigo, mas algo ruim estava se formando, eu confiava em Victor, ele disse que sentia algo por mim, algo forte que nunca sentiu antes, ele não me machucaria, eu estava deixando meus sentimentos transparecerem, ele devia estar sentindo que era recíproco.
Fui até as cangas que ficava no começo da praia, o vento se agitava, mas estava abafado. Isabella parou para conversar com um garoto, e eu não esperei ela, assim com ela não me esperou quando eu fiquei parado pensando no que ela me disse.
Um turbilhão de pensamentos estava dentro de mim, e eu me concentrava para não deixar os copos caírem, eu nem deveria ter pegado bebida pra Victor! Ele que pegasse.
Assim que me aproximei da toalha de praia que estávamos, em uma proximidade mediana, meu mundo caiu, cada parte do meu corpo se retraiu, e eu nem percebi Isabella que chegava ao meu lado, rindo, distraída, mas parou quando me viu olhando para a cena, e ficou seria também. Victor segurava o queixo de Zeca, e os dois se beijavam, em sincronia. E parece que foi melhor do que o meu com Gaby. Meu mundo caiu, e involuntariamente espremi os dois copos que estavam na minha mão, esmagando, fazendo-os quebrar e lambuzando minha mão de ponche, eu sentia raiva, eu sentia tristeza. Mas o ódio me dominava, ele me iludiu? Como pode? Ele falou que gostava de mim....
Fui correndo até eles, e os dois escrotos continuavam se beijando, joguei os copos em cima deles, foi quando se afastaram.
-Pietro! -Victor falou, se levantando rapidamente. -É.... Eu posso explicar!
-Explicar? -Lágrimas que eu nem percebia já caia do meu rosto, mas não era apenas de tristeza, era raiva. -Não precisa explicar nada! Eu não sou cego, ou você virou dentista e tava fazendo uma consulta? SUA BOCA NA DELE! Mas enfim, você não me deve explicação, eu só... só fui idiota, e lento.
Sai correndo, em direção a uma tenda branca vazia, e fui puxado pra trás, pelo ombro, Victor me puxou, e me olhava com preocupação.
-Pietro, desculpa eu não sabia que você sentia algo por mim.
-Eu não sinto! Eu gosto de você, acho! Mas você nem me deu chance de entender, de ME ENTENDER.
-CALA A BOCA! -Ele gritou. -você sabe o que eu senti, quando vi você beijando a Gaby?
-NÃO! -falei. -A gente se conhece a 4 dias, não espere que eu saiba tudo sobre você.
-Eu sei! Mas eu gosto muito do teu jeito, de você!
-Tudo bem, e tava beijando o Zeca por qual motivo?
-Não sei! Eu quereria te esquecer, parecia que você não gostava de mim.
-Uau, você entende muito bem as pessoas, Victor! Toma! -Eu tirei a pulseira que ele tinha me dado e entreguei pra ele. - Não me sinto bem usando, não agora.
Isso não fazia minha raiva passar, nem um pouco. No meu lado, na tenda havia um daqueles enfeites que tinha forma de um cilindro gigante com fogo dentro. Então, sem pensar empurrei o metal, gritando. Ele caiu no chão, em cima do tecido Branco que cobria a tenda, o fogo subiu. E meus olhos se arregalarão, minutos depois, a tenda estava em chamas, e foi passando para as do lado, pessoas corriam para todos os lados, gritando, Victor puxou meu braço pra longe, me afastando de tudo aquilo.
O que eu tinha acabado de fazer? Eu não sou assim, eu não era assim. Mas, isso era uma grande mentira, se eu não fosse exatamente assim, eu não teria feito aquilo.
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O VERÃO DA MINHA VIDA
RomancePietro tem 16 anos, nunca beijou, nunca foi correspondido, até as suas férias de verão na praia de Mongaguá, aonde ele conhece pessoas e experiências novas.